A Mesa da Transição

Texto base: João 13.1-20

Introdução

“Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.” (Jo 13.1)

No cômputo de horas judaico iniciava-se a sexta-feira (no nosso seria quinta-feira, à noite), e Jesus pôs-se à mesa, e com ele os doze, para celebrar a Páscoa. Era a sua última Páscoa e ele explicitou o seu ardente desejo de celebrá-la com eles, antes do seu sofrimento e morte, e até que ela se cumprisse no reino de Deus (Lc 22.14-16).

Naquela mesa singular, enquanto Jesus carregava o peso do sofrimento e da angústia, da sua morte iminente, os doze discutiam sobre quem seria o maior dentre eles, revelando uma total falta de sensibilidade e conexão com a realidade enfrentada pelo Mestre (Lc 22.24-30). Então, Jesus precisou intervir e ministrar-lhes mais uma lição: “Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve.” (Lc 22.27). Posteriormente, ele vai completar a lição com a parte prática, no ato do “lava-pés”.

Esta era a Mesa da Transição:

– Da Páscoa judaica, para a Ceia Cristã.

– Da libertação dos umbrais das portas untados com o sangue de cordeiros, para a libertação da cruz do Calvário respingada com o sangue do Cordeiro de Deus – Jesus Cristo.

– Do que era temporário e imperfeito, para o que é perfeito e definitivo meio de expiação de pecados.

– Da celebração da Antiga Aliança, para a celebração da Nova Aliança.

Aquele ato de redenção e libertação realizado ali na cruz do Calvário nos impulsiona a preparar, aqui e agora, uma nova “Mesa de Transição”. Chegada a hora, a cada evento e ajuntamento da igreja, lá estamos, e Jesus entre nós, para um grande momento de transição:

– De algumas vidas preciosas que estão perdidas, para a verdadeira Luz!

– De casamentos ruins ou bons, para casamentos melhores!

O que o relato bíblico do Evangelho de João 13 tem a nos dizer sobre essa Mesa da Transição? O que isso tem a ver conosco?

“Jesus …, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.”

1) AMOR SEM FIM

O amor de Jesus pelos seus – “até ao fim” – é exemplo e referência para nós, tanto na condição de cônjuges, quanto na condição de irmãos em Cristo e/ou amigos trabalhando na mesma obra. Seu amor é incondicional, pois se mantinha independentemente das falhas e imperfeições humanas daqueles discípulos. Que o nosso amor (conjugal ou fraternal) não seja como no “Soneto de Fidelidade – de Vinicius de Moraes”: “Mas que seja infinito enquanto dure”. E, sim: “Mas que se renove e sempre dure”.

2) AMOR QUE SERVE

“Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve.” (Lc 22.27)

Jesus, o Filho de Deus, o Rei de toda a terra, fez questão de dizer-lhes que, embora o maior seja aquele que está à mesa, ele prefere desempenhar o papel daquele que serve! Quem somos nós, seus servos e seguidores, para não ocupar este mesmo papel? Você já ouviu aquela conhecida expressão? – “Quem não serve, não serve*” (*para ser discípulo e seguidor de Jesus).

Como aquele que serve com excelência, e em tudo nos dá o exemplo, no ato do lava-pés, Jesus nos deixou algumas lições importantes:

1ª) O preparo necessário (vv.4-5a)

“levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia …”

Somos desafiados a deixar a nossa zona de conforto, nosso comodismo, e a fazer a obra, cumprir a missão, o IDE de Jesus. Naturalmente, isso exige e requer, prioritariamente, um adequado preparo espiritual. Entretanto, é preciso de ação, de preparo e equipagem que envolvem as coisas materiais . No caso de eventos com foco evangelístico ou de fortalecimento de casamentos é preciso sim dedicar-se e investir na excelência. O nosso Deus requer de nós o melhor! Entretanto, não podemos nos submeter a extremos, como à ditadura do método, da forma e do conteúdo. É preciso ter sempre em mente e tomar o cuidado de não acharmos que o poder transformador de pessoas tem origem em nosso trabalho, na nossa criatividade, pois isso é uma prerrogativa divina, é fruto da atuação sobrenatural de Deus. Nós e o nosso trabalho funcionamos apenas como coadjuvantes do Senhor da Obra.

2ª) O método excelente (v.5b)

“e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.”

a) Foco no individual.

Nosso evento e trabalho pode envolver e ser destinado a um grupo de pessoas. Porém, na sua caminhada e ministério, Jesus nos deixou o exemplo de focar individualmente em cada pessoa, em cada casal, em cada família.

b) Serviço completo (lavar e enxugar).

A narrativa do lava-pés é extremamente conhecida, porém, vale ressaltar aqui o fato de Jesus ter feito o “serviço completo”. Ele lavou e enxugou os pés deles. Ele poderia ter lavado e entregue a toalha solicitando a cada um que se enxugasse, mas não o fez. Isso nos dá o que pensar! Em certos eventos, esse procedimento pode produzir um efeito e impacto surpreendentes.

3ª) Sabedoria no trato com as pessoas questionadoras (vv.6-11)

“6  Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, e este lhe disse: Senhor, tu me lavas os pés a mim?
7  Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois.
8  Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo.
9  Então, Pedro lhe pediu: Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça.
10  Declarou-lhe Jesus: Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais, está todo limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos.
11  Pois ele sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: Nem todos estais limpos.”

Na rota do lava-pés, percorrida por Jesus, havia aqueles que tranquila e passivamente aceitaram o seu serviço. Entretanto, também havia dois personagens distintos, um questionador bem-intencionado – Simão Pedro, e um pacato e camuflado traidor – Judas Iscariotes. Quando realizamos um evento para um grupo de pessoas é natural que haja reações distintas, favoráveis e desfavoráveis.

Na sua divina sabedoria, Jesus precisou esclarecer algumas coisas para Pedro, extensivas a nós, seus seguidores: a) É preciso se submeter a ele (Cristo); b) Quem não for purificado (por ele), não tem parte com ele e nem na realização da sua obra; c)Quem já se banhou (“lavou todo o corpo”, figurando a expiação de pecados e justificação que procede da cruz do Calvário), só precisa lavar os pés (figurando as contaminações da caminhada terrena). No AT, a bacia de bronze, estrategicamente colocada entre o Altar e a Tenda, era o lugar onde o sacerdote se lavava, antes de entrar na Tenda e antes de ministrar no Altar. Portanto, servia àqueles que já estavam limpos, purificados pelo sangue do sacrifício do Altar do Holocausto. Isto acontecia por ocasião da consagração, quando também ele tomava um banho completo (Êx 29.4). Isto simbolizava a regeneração (Tt 3.3-7). Após a consagração, ele precisava lavar somente as mãos e os pés (Êx 30.17-21): este ato é um tipo de purificação diária pela Palavra de Deus (Jo 13.10). A lavagem da regeneração realizava-se uma só vez, mas a purificação da contaminação com o mundo é um processo contínuo, sem o qual é impossível se ter comunhão com Deus.

Quanto ao outro discípulo, Judas, Jesus sutilmente mandou um recado inicial: “Ora, vós estais limpos, mas não todos.”

4ª) Avaliação de impacto (v.12)

“Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz?”

Na pedagogia de Jesus “aplicada a eventos” é importante colher as impressões das pessoas que foram alvo das nossas ações. É preciso avaliar o impacto e tomar as providências cabíveis.

5ª) Explicação, aplicação e incentivo à prática (vv.13-17)

“13  Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou.
14  Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros.
15  Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
16  Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou.
17  Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.”

Se uma imagem vale mais do que mil palavras, podemos aduzir que um ato concreto fala muito mais alto do que uma imagem. Era preciso explicar e explicitar a lição do lava-pés, para o bom entendimento de todos. O desfecho de Jesus é simplesmente enriquecedor e pode ser resumido assim:

a) Vocês me têm em alta conta, como alguém superior, Mestre e Senhor. Não faz sentido negar isso, porque verdadeiramente eu o sou.

b) Vocês devem entender que o meu propósito neste ato é ensinar-lhes que, independentemente do posto ou papel que ocupam, os meus seguidores devem servir uns aos outros.

c) Se vocês entenderam o que eu fiz, serão bem-sucedidos e agradarão a Deus se reproduzirem o que aprenderam comigo.

3) AMOR COM PROPÓSITO

Neste ato simbólico do lava-pés, o amor de Jesus manifestou alguns propósitos, a saber:

a) A importância da humildade:

– O maior é quem serve! Não seja orgulhoso, mas, por outro lado, não se subestime ou se desvalorize, pois maior é o que age em nós.

b) O que é importante ao servir:

– Quem serve deve fazê-lo com excelência!

c) A importância da santidade:

– Somente os limpos de coração têm parte para assentar-se à mesa com o Mestre e a fazer a sua obra! (Examine-se e confesse!)

d) A importância de seguir o exemplo do Mestre.

– “Lavar os pés uns aos outros” é o chamado de Jesus para seus seguidores servirem uns aos outros com amor, humildade e cuidado, seguindo seu exemplo de serviço desinteressado e sacrificial.

Conclusão

Em face do exposto, é importante que cada cristão:

– Mantenha seu foco em Jesus, nos seus exemplos e seus ensinos.

– Tenha uma visão adequada do modus operandi do Reino de Deus – “Mas vós não sois assim;” (Lc 22.26a)

– Tenha uma visão adequada da sua identidade cristã e de seu papel no Reino.

– Tenha a consciência de que deve fazer a obra de Deus com excelência.

– Que, no nosso trabalho para o Senhor, é essencial que tudo seja feito na sua total dependência e na unção do Espírito Santo!

– Que a nossa recompensa será recebida, lá e então, na eternidade!

“Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens, cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo;” (Cl 3.23-24)

7 Coisas Novas, em Cristo

Introdução

“Coisas novas, em Cristo”, são as mudanças transformadoras que ocorrem na vida de uma pessoa, quando ela se reconcilia com Deus, pela mediação do seu Filho, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e é regenerada e habitada pelo Espírito Santo.

1) Novo Nascimento

“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” (2Co 5.17)

O cristão autêntico é alguém que experimentou uma transformação interior através do poder do Espírito Santo. Ele é uma nova criatura em Cristo, deixando para trás o velho homem e vivendo uma vida renovada, em comunhão com Deus.

2) Nova Filiação e Poder

“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (Jo 1.12-13)
“Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo.” (1Jo 3.1)

Regenerado pelo Espírito Santo, através desse novo nascimento, o cristão é inserido na família de Deus. Ele passa de criatura para filho ou filha de Deus, tendo parte no seu reino e sendo herdeiro das promessas divinas (Rm 8.15-17). Os filhos de Deus recebem um novo poder outorgado pelo Espírito Santo que neles passa a habitar (At 1.8; 4.33; 6.8; Rm 15.19).

3) Nova Relação com Deus

“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;” (Rm 5.1)
“Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” (Rm 8.1)

O cristão autêntico reconhece que sua reconciliação com Deus não foi alcançada por suas próprias obras ou méritos, mas sim pela graça salvadora de Deus. Ele entende que foi salvo pela graça, através da fé em Jesus Cristo, e não por seus próprios esforços (Ef 2.8-9). Com isso ele passa a desfrutar de paz com Deus (Jo 14.27) e paz interior, paz de espírito (Fp 4.7).

4) Novas Atitudes

“visto que andamos por fé e não pelo que vemos.” (2Co 5.7)
“É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis.” (2Co 5.9)

O cristão autêntico é alguém que rompe com o passado e com o pecado para viver uma vida de pureza e santidade (Tt 2.12). Ele segue a Jesus Cristo, o seu exemplo e os seus ensinamentos. Ele se esforça para viver de acordo com os princípios do amor, da justiça, da misericórdia e da humildade, buscando imitar a vida de Cristo em seu próprio caminhar (1Jo 2.6; Fp 2.5).

Se permanecermos em Cristo e na sua palavra, que é a expressão da verdade, desfrutaremos da verdadeira liberdade (Jo 8.31, 32 e 36; Gl 5.1). Somos libertos da escravidão e condenação do pecado (Rm 8.1), do poder do pecado (Rm 6.14) e, um dia, seremos libertos da presença do pecado (Rm 13.11).

5) Nova Missão

“De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.” (2Co 5.20)
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;” (Mt 28.19)

O cristão autêntico é um representante do Reino de Deus na Terra – Embaixador do Reino. Ele é chamado para proclamar as boas novas do evangelho, compartilhar o amor de Cristo com os outros e trabalhar pela justiça, paz e reconciliação em um mundo marcado pelo pecado e pela injustiça. É chamado para ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-16).

6) Novo Objetivo de Vida

“E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” (2Co 5.15)

Jesus resumiu toda a lei mosaica em “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. O Catecismo de Westminster começa afirmando que “o fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre”. Daí pode-se enumerar os seguintes objetivos principais da vida de um cristão autêntico:

(i) Vida com Deus. Amor, Relacionamento íntimo, Dependência, Adoração, Oração, Santificação e Obediência à sua vontade.  

(ii) Comunhão com os irmãos. Viver como igreja de Cristo, sendo do mesmo parecer; Amando, Respeitando, Apoiando, Sujeitando-se e Honrando uns aos outros.

(iii) Observância da Palavra de Deus. Leitura, Meditação, Estudo, Aprendizado, Internalização e Prática dos ensinos bíblicos, na busca da maturidade espiritual e, consequentemente, a necessária efetividade da fé cristã, influenciando todas as áreas da existência humana.

(iv) Evangelização e Missões. Cumprir o IDE de Jesus, anunciando o Evangelho e a Salvação em Cristo, “a tempo e fora de tempo” (2Tm 4.2-4), fazendo discípulos de todas as nações. Testemunhando de Cristo, aos de perto e aos de longe, principalmente com a vida, mas, também, com a pregação do Evangelho, que é o poder de Deus para a Salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16), pois a fé vem pela pregação (Rm 10.17).

(v) Serviço ao Próximo. Amor e cuidado, ao e com o próximo, como a nós mesmos. Fazer o bem a todos, mas, principalmente, aos da família da fé (Gl 6.10). Dar atenção especial ao chamado “quarteto da vulnerabilidade”, isto é, VIÚVAS, ÓRFÃOS, POBRES e ESTRANGEIROS (Zc 7.10; Êx 22.21-22). 

7) Nova Esperança

“Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus.” (2Co 5.1)
“Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça.” (2Pe 3.13)

Não há como comparar a esperança das pessoas sem Cristo, com a das outras com Cristo. A esperança das primeiras se limita a esta vida. Por outro lado, os que estão em Cristo, têm dele mesmo esta promessa: “Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna.” (Mc 10.29-30)

Conclusão

Esses são apenas alguns aspectos e textos bíblicos que destacam a ideia de que, ao se entregar a Cristo e seguir seus ensinamentos, uma pessoa experimenta uma transformação espiritual e moral significativa. Isso envolve uma mudança na maneira de pensar, agir e se relacionar com Deus e com os outros, buscando viver de acordo com os princípios e valores cristãos.

Ser uma nova criatura em Cristo representa, portanto, a promessa e a esperança de uma vida renovada e restaurada através do relacionamento com Jesus, com desdobramento além-túmulo, isto é, eterno.

Deus seja louvado!

As 4 Representações Bíblicas da Expiação

Introdução

“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.” (Rm 5.12)

Para se falar em expiação é necessário referir-se ao pecado original. A história de Adão e Eva é uma narrativa central no Cristianismo encontrada no livro de Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, que registra a origem de todas as coisas. Cremos nesta história como um relato literal e que Adão e Eva foram os primeiros seres humanos criados por Deus e que sua desobediência resultou na entrada do pecado no mundo, levando à queda da humanidade. Isso resultou na separação entre Deus e o homem, tornando necessária a redenção através de Jesus Cristo.

Não compactuamos com aqueles “cristãos” ou “não cristãos” que interpretam a história de Adão e Eva como uma alegoria ou símbolo ou mito ou lenda, em vez de um relato literal. Alguns seguem uma perspectiva “científica” que a consideram como inconsistente com as descobertas da ciência, como a teoria da evolução. Entretanto, a teoria da criação tem encontrado provas sobradas ou vestígios/rastros na natureza que apontam para um Deus Criador. É bom lembrar que nem Evolucionismo e nem Criacionismo são ciência! São TEORIAS, isto porque não há como provar cientificamente a origem da vida e do universo. Não se consegue repetir isso em laboratório.

O pecado pode ser resumido sob três aspectos:

1°) Um ato, a violação, ou falta de obediência para com a vontade de Deus.
2°) Um estado, ausência de justiça.
3°) Uma natureza, inimizade para com Deus.

Estabelecida a realidade do pecado original e de toda a raça humana, bem como da sua consequência, naturalmente o foco se volta para a saída dessa terrível situação. Salvação é uma palavra que resume todos os atos e processos redentivos ou expiatórios, cuja ideia é a de livramento da condenação eterna: fé, arrependimento, regeneração, conversão, justificação, santificação e glorificação. Cada uma, isoladamente, não é salvação; mas o resultado de todas o é. Um exemplo prático que ilustra essa verdade é o “Disco de Newton”: composto por setores, cada qual com uma cor distinta, quando girado produz a cor branca.

1. A EXPIAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO (AT)

Os sacrifícios, além de proverem um ritual de adoração para os israelitas, eram sinais (“tipos”) proféticos que apontavam para o sacrifício perfeito do “Cordeiro de Deus” – Jesus Cristo. Visto que centenas de anos haviam de passar antes da consumação desse sacrifício, o que deveria fazer o homem pecador?

Desde o princípio Deus ordenou uma instituição que prefigurasse o sacrifício e que fosse também um meio de graça para os arrependidos e crentes. Referimo-nos ao sacrifício de animais, uma das mais antigas instituições humanas.

A primeira menção de um animal imolado ocorre no terceiro capítulo de Gênesis. Depois que pecaram, os nossos primeiros pais se tornaram conscientes da nudez física – o que era uma indicação exterior da nudez da consciência. Seus esforços em se cobrirem exteriormente com folhas e interiormente com desculpas, foram em vão. Lemos, então, que o Senhor Deus tomou peles de animais e os cobriu. Apesar de o relato não declarar em palavras que tal providência fosse um sacrifício, sem dúvida, meditando no significado espiritual do ato, não se pode evitar a conclusão de que temos aqui uma revelação de Jeová, o Redentor, fazendo provisão para redimir o homem. Vemos uma criatura inocente morrer para que o culpado fosse coberto; esse é o propósito principal do sacrifício – uma cobertura divinamente provida para uma consciência culpada.

Passado algum tempo, a Bíblia registra que Deus se agradou de Abel e de sua oferta, enquanto de Caim e de sua oferta não. A oferta de Abel consistiu no sacrifício de animais o que já apontava para esse método substitutivo de expiar pecado. Quando Israel se organizou como um povo, a Lei Mosaica regulamentou todo um ritual de sacrifícios de animais para a expiação de pecados: “Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão.” (Hb 9.22). Esse modus operandi instituído por Deus era de eficácia limitada e precisava ser repetido. Entretanto, apontava para o único, perfeito e definitivo sacrifício que haveria de ser realizado por Cristo na cruz do Calvário.

Os sacrifícios do Antigo Testamento são vistos como bons, pois foram ordenados por Deus. Quando um israelita piedoso trazia uma oferta, ele entendia duas verdades essenciais: em primeiro lugar, o mero arrependimento não era suficiente; era necessário um gesto visível que demonstrasse a remoção do pecado (Hb 9.22). No entanto, ele também absorvia a mensagem dos profetas de que o ritual, sem uma disposição interna sincera do coração, era apenas uma formalidade vazia. O ato de sacrificar deveria refletir os sacrifícios internos de louvor, oração, justiça e obediência – uma expressão do coração contrito e humilde (Sl 26.6; 50.12-14; 4.5; 51.16; Pv 21.3; Am 5.21-24; Mq 6.6-8; Is 1.11-17).

O primeiro livro da Bíblia descreve uma vítima inocente morrendo pelo culpado e, o último livro da Bíblia fala do Cordeiro sem mancha, imolado, para livrar os culpados de seus pecados (Ap 5.6-10).

2. A EXPIAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO (NT)

A Expiação não foi um pensamento de última hora da parte de Deus. A queda do homem não o apanhou de surpresa, de modo a necessitar de rápidas providências para remediá-la. Antes da criação do mundo, Deus, que conhece o fim desde o princípio, proveu um meio para a redenção do homem. Como uma máquina é concebida na mente do inventor antes de ser construída, do mesmo modo a expiação estava na mente e no propósito de Deus, antes do seu cumprimento.

Essa verdade é afirmada pelas Escrituras. Jesus é descrito como “…do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8). O Cordeiro Pascal era “preordenado” vários dias antes de ser sacrificado (Êx 12.3, 6); assim também Cristo, o Cordeiro imaculado e incontaminado, foi “…conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós…” (1Pe 1.19, 20). Ele comprou para o homem a vida eterna, a qual Deus “…prometeu, antes dos tempos eternos…” (Tt 1.2). Que haveria um grupo de pessoas santificadas por esse sacrifício, foi decretado “…antes da fundação do mundo…” (Ef 1.4). Pedro disse aos judeus que apesar de terem, na sua ignorância, crucificado a Cristo com mãos ímpias, sem dúvida haviam cumprido o plano eterno de Deus, pois Cristo foi “…entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus…” (At 2.23).

a) O fato da expiação

A expiação, que fora preordenada desde a eternidade (Ap 13.8) e prefigurada tipicamente no ritual do AT, cumpriu-se historicamente, na crucificação de Jesus, quando se consumou o divino propósito redentivo. “Está Consumado!”

Seus discípulos, que ainda estavam sob a influência de ideias judaicas acerca do Messias e do reino, não podiam compreender a necessidade de sua morte e só com dificuldade podiam aceitar o fato (Mc 9.32). Mas, após a ressurreição e a ascensão, eles o entenderam e sempre, depois disso, afirmaram que a morte de Cristo fora divinamente ordenada como o meio da expiação. “…Cristo morreu pelos nossos pecados…” é seu testemunho de sempre.

b) A necessidade da expiação

A necessidade da expiação no NT é consequência de dois fatos: a santidade de Deus e a pecabilidade do homem. A reação da santidade de Deus contra a pecabilidade do homem é conhecida como sua ira, a qual pode ser evitada mediante a expiação.

1°) A santidade de Deus

Deus é santo por natureza, o que significa que ele é justo em caráter e conduta. Esses atributos do seu caráter manifestam-se em seus tratos com a criação (Sl 33.5; 89.14).

Deus criou tanto o homem quanto o mundo com leis específicas que são fundamentais para a própria essência da vida e da personalidade humana. Essas leis não são apenas externas, mas são escritas no coração e na própria natureza do ser humano (Rm 2.14, 15). Elas estabelecem uma conexão intrínseca entre o homem e seu Criador, estabelecendo a base da responsabilidade humana. Essas leis não só orientam a maneira como vivemos e nos relacionamos com Deus e uns com os outros, mas também nos lembram constantemente de nossa responsabilidade moral e ética como seres criados à imagem de Deus.

Em muitas ocasiões essa relação foi reafirmada, ampliada e interpretada sob outro sistema chamado Aliança. Por exemplo, no Sinai Deus reafirmou as condições sob as quais ele podia ter comunhão com o homem (a lei moral) e, então estabeleceu uma série de regulamentos pelos quais poderia observar essas condições na esfera da vida nacional e religiosa. Guardar a aliança significa estar em relação com Deus, ou estar na graça; pois sendo Deus justo ele só pode ter comunhão com aqueles que andam na justiça: “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?” (Am 3.3). E estar em comunhão com Deus significa vida.

2°) A pecabilidade do homem

Essa relação foi perturbada pelo pecado que é um distúrbio da relação pessoal entre Deus e o homem. É desrespeitar a constituição, por assim dizer, ação que afeta a Deus e aos homens, tal qual a infidelidade que viola o pacto matrimonial sob o qual vivem o homem e sua mulher (Jr 3.20). “…vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus…” (Is 59.2).

3°) A ira de Deus

O pecado é essencialmente um ataque contra a honra e a santidade de Deus. É rebelião contra Deus, pois pelo pecado deliberado, o homem prefere a sua própria vontade em lugar da vontade de Deus, e por algum tempo torna-se “autônomo”. Mas se Deus permitisse que sua honra fosse atacada então ele deixaria de ser Deus. Sua honra pede a destruição daquele que lhe resiste; sua justiça exige a satisfação da lei violada; e sua santidade reage contra o pecado sendo essa reação reconhecida como manifestação da ira.

Mas essa reação divina não é automática; nem sempre ela entra em ação instantaneamente, como acontece com a mão em contato com o fogo. Deus é tardio em destruir a obra de suas mãos. Ele insta com o homem; ele espera ser gracioso. Ele adia o juízo na esperança de que sua bondade conduza o homem ao arrependimento (Rm 2.4; 2Pe 3.9). Mas os homens interpretam mal as demoras divinas e zombam do dia do juízo (Ec 8.11). Embora demore, a retribuição final virá, pois num mundo governado por leis terá que haver um ajuste de contas (Gl 6.7).

c) A natureza da expiação

O significado da morte de Cristo pode ser melhor entendido nas seguintes palavras-chave: Expiação, Propiciação, Substituição, Redenção e Reconciliação.

A palavra “expiação” no hebraico “kaphar“, significa literalmente “cobrir” e é traduzida pelas seguintes palavras: fazer expiação, purificar, quitar, reconciliar, fazer reconciliação, pacificar, ser misericordioso e adiar. A expiação, no original, inclui a ideia de cobrir, tanto os pecados (Sl 78.38; 79.9; Lv 5.18) como, também, o pecador (Lv 4.20).

O uso bíblico e o significado da palavra devem ser claramente separados do seu uso na teologia. Na teologia é um termo que cobre toda a obra sacrificial e redentora de Cristo. No AT, expiação é o termo usado para traduzir as palavras hebraicas que significam “cobrir”, “cobertura” ou “coberta”. A expiação é, portanto, não a tradução do hebraico, mas um conceito puramente teológico. Os sacrifícios do AT jamais removiam o pecado do homem (Hb 10.4).

As ofertas levíticas “cobriam” os pecados de Israel e em antecipação da cruz, mas não os tirava. Foram os pecados cometidos no período do AT (“cobertos” provisoriamente pelos sacrifícios levíticos), que Deus deixou “impunes” (Rm 3.25), pois a justiça de Deus não foi vingada até que, na cruz, Jesus Cristo fosse proposto “como propiciação”. A palavra “expiação” não ocorre no NT; a palavra em Romanos 5.11 é “reconciliação”.

A morte de Cristo foi uma morte expiatória, porque seu propósito era apagar o pecado (Hb 9.26, 28; 2.17; 10.12-14; 9.14). Pela morte expiatória de Cristo os pecadores são purificados do pecado e logo feitos participantes da natureza de Cristo. Eles morrem para o pecado a fim de viverem para Cristo.

3. AS 4 REPRESENTAÇÕES DA EXPIAÇÃO

A expiação é um tema central na teologia cristã e tem várias representações na Bíblia. Aqui estão algumas das principais representações da expiação:

3.1 Aspecto Moral (Jo 3.16)

A Redenção ou expiação é descrita como uma provisão originada no amor de Deus e manifestado este amor no universo. É também um exemplo de amor desinteressado para nos livrar do egoísmo, ao considerar o Salvador na agonia da cruz. Nos textos de João 3.16, Romanos 5.8 e 1João 4.9, a morte de Cristo é mencionada como uma fonte de estímulo moral aos homens. O amor “desinteressado “ e incondicional de Deus faz com que ele se aproxime de nós (Jo 3.16) e esse amor nos constrange a corresponde-lo.

3.2 Aspecto Legal (Gl 4.4-5)

Segundo este aspecto os pecadores estão debaixo da lei, e por serem todos transgressores da lei, estão condenados. Foi um ato de obediência que os pecadores violaram, então, a penalidade paga com a morte de Jesus propicia o resgate do culpado. É uma exibição da justiça de Deus, necessária à reivindicação do seu procedimento no perdão e restauração dos pecadores. Nos textos bíblicos de Gálatas 4.4-5, Mateus 3.15, 5.17, Romanos 5.19, Gálatas 3.13, Hebreus 9.28 e outros, a morte de Cristo é representada como uma exigência da lei e do governo de Deus. Portanto, pela desobediência do homem este é condenado pela lei. Mas, por um ato de obediência de Cristo o homem é resgatado, redimido.

3.3 Aspecto Comercial (1Tm 2.16)

A Redenção é descrita como um resgate pago para nos libertar da escravidão do pecado. Nos textos de Mateus 20.28, Marcos 10.45, 1Timóteo 2.6, a morte de Cristo é representada como o preço de nossa libertação do pecado e da morte. A palavra “redimido” aqui significa “comprado outra vez”.

Embora a justificação seja adquirida pelo pecador de forma gratuita, ela custou um preço elevado, tanto para Deus Pai como para o Filho de Deus; mas somente a deidade poderia satisfazer as condições que permitem que um pecador seja perdoado e justificado.

As palavras gregas originais, traduzidas por redenção (lytrosis e apolytrosis – “apó“, salientando a partida do cativo ou escravo para a sua liberdade), indicavam o preço pago para comprar de volta um escravo ou cativo, tornando-o livre pelo pagamento de um “resgate” (1Tm 2.6; Rm 3.24; Ef 1.7; 4.30; Mc 10.45; Tt 2.14; 1Pe 1.18; Hb 9.12).

A seguir, relacionamos um grupo de palavras gregas que representam a ideia de redenção:

GregoTexto BíblicoSignificado
lytronMc 10.45; Mt 20.28“preço de soltura”, “resgate”, “preço do resgate”
antilytron1Tm 2.6“resgate”, “preço do resgate”
lytroõLc 24.21; Tt 2.14; 1Pe 1.18“resgatar”, “redimir”
lytrõsis“, “apolytrõsisLc 2.38; 1.68 Rm 3.24“redenção”, “libertação”, “soltura”
lytrõtesAt 7.35“redentor”

Outra maneira de expressar a ideia do resgate inclui a de ser “comprado por preço”:

agorazõ (Mt 13.44; Lc 22.36; 1Co 6.20; 7.23; 2Pe 2.1; Ap 5.9; 14.3-4) – “comprar”. Significa comprar na “agorá” (mercado).

exagorazõ (Ef 5.16; Cl 4.5; Gl 3.13, 14; 4.4) – “redimir”. Mesmo sentido anterior, só que salienta a libertação.

O homem é considerado como um escravo “vendido à escravidão do pecado” (Rm 7.14) e sob a sentença de morte (Ez 18.4; Jo 3.18-19; Rm 6.23), mas sujeito à redenção pelo preço de compra do sangue do redentor.

Portanto, “redenção” é “libertar pagando um preço”. A quem foi pago tal preço? Circulava entre alguns cristãos pós-apostólicos uma falsa ideia que dizia que o preço desse resgate seria pago ao diabo. Entretanto, o diabo foi vencido na morte de Cristo. O preço se refere as exigências da Santidade de Deus!

3.4 Aspecto Sacrificial  (Hb 9.11-12)

A doutrina da expiação é vividamente ilustrada na instituição do sacrifício na lei mosaica. Trata-se de uma mediação sacerdotal que busca reconciliar o homem com Deus e Deus com o homem. O ato de reconciliação visa eliminar a inimizade não do transgressor, mas da parte ofendida. O sacrifício de Cristo é concebido como uma oferta expiatória pelos pecados da humanidade, uma propiciação que atende à exigência da santidade violada e uma substituição dos sofrimentos e da obediência de Cristo em nosso lugar. Os textos bíblicos de Hebreus 9.11-12, Romanos 5.10, 2Coríntios 5.18-19, Efésios 2.16 etc. mostram que a morte de Cristo é exigida pelo atributo de justiça de Deus.

Conclusão

Que efeito tem para o homem a obra expiatória de Cristo? Podemos encerrar este estudo citando cinco aspectos da eficácia da expiação baseado no que escreveu Myer Pearlman[1]:

(i) Perdão da transgressão:

Por meio de sua obra expiatória, Jesus Cristo pagou a dívida que nós não poderíamos saldar e assegurou a remissão dos pecados passados.

(ii) Livramento do Pecado:

Por meio da expiação o crente é liberto, não somente da culpa dos pecados, mas também pode ser liberto, do poder do pecado. E, um dia, será liberto da presença do pecado.

(iii) Libertação da morte:

“A morte corporal se verifica quando o espírito abandona o corpo, ao passo que a morte espiritual ocorre quando Deus abandona o espírito do homem”.

A Bíblia nos revela que a morte tem um significado tanto físico como espiritual: morte espiritual, enquanto o homem vive (Ef 2.1; 1Tm 5.6); morte física (Hb 9.27); e a segunda morte ou morte eterna (Ap 21.8; Jo 5.28, 29; 2Ts 1.9; Mt 25.41). Toda a humanidade está sujeita à morte física. Entretanto, pela obra expiatória de Cristo fomos libertos da “segunda morte” ou da separação eterna de Deus já que este é o seu significado.

(iv) O dom da vida eterna

Cristo morreu para que nós não perecêssemos (a palavra é usada no sentido bíblico de ruína espiritual), mas “tenhamos a vida eterna” (Jo 3.14-16; Rm 6.23). A vida eterna transcende a mera existência; representa viver no favor de Deus e em comunhão constante com ele. Esta vida é experimentada no presente, uma vez que os salvos já desfrutam da comunhão com Deus. Ao mesmo tempo, é descrita como futura, pois será vivida plenamente no futuro, caracterizada por uma comunhão completa e perfeita com Deus. (Tt 1.2; Rm 6.22).

(v) A vida vitoriosa

Jesus declarou: “…eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (Jo 10.10). E, o apóstolo Paulo acrescentou: “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.” (Rm 8.37). Essa vida vitoriosa pode ser caracterizada por:

  • Paz com Deus e paz interior;
  • Unção e poder do Espírito Santo que passa a habitar em nós, capacitando-nos para toda boa obra;
  • Vitória sobre o pecado e sobre o diabo;
  • Observância de princípios e valores morais e espirituais superiores fundamentados na Bíblia, que influenciam positivamente nossa vida, nossa família e aqueles que estão ao nosso redor;
  • Favor e proteção divinos;
  • Confiança e segurança nas adversidades;
  • Uma viva esperança quando deixarmos esta vida;
  • Dentre outras.

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo.” (1Pe 1.3-5)

A Deus toda a honra e glória pela mediação e expiação de seu Filho Jesus Cristo, em nosso favor, ali na cruz do Calvário!

Bibliografia

1. Bíblia Sagrada (SBB – Almeida Revista e Atualizada – ARA).
2. Bíblia Online – SBB.
3. A Bíblia Anotada (MC – Editora Mundo Cristão).
4. Pearlman, Myer – Conhecendo as doutrinas da Bíblia – Ed. Vida – 1978
5. Anotações de Aula – Prof. Aderbal Barreto da Silva – Teologia Sistemática – Seminário Teológico Betel-RJ.
6. R. N. Champlin, Ph. D. – O Novo Testamento Interpretado – Versículo por versículo – MILENIUM Distribuidora Cultural Ltda. – 1982.
7. The Analytical Greek Lexicon Revised (Harold K. Moulton – 1978).
8. Internet / ChatGPT.


[1] Conhecendo as doutrinas da Bíblia – Ed. Vida


Veja, também:

Crônica do Calvário

As 7 “palavras” da cruz


JOSÉ, a fidelidade a Deus recompensada

Texto base: Gênesis 41.1-57

Introdução

Por que a fidelidade a Deus nunca é em vão?

Porque é Promessa Divina:

Deus promete recompensar aqueles que lhe são fiéis e suas promessas nunca falham. Essas recompensas podem não ser dadas imediatamente, assim como podem não ser visíveis ou tangíveis. Entretanto, Deus não é homem para que minta ou deixe de cumprir a sua palavra, as suas promessas. Enquanto aguardamos a resposta divina, a confiança e esperança no Senhor há de produzir em nós paz interior, força para enfrentar desafios e uma sensação de propósito e significado na vida.

Porque a história confirma:

A própria Bíblia relata inúmeros casos em que a fidelidade a Deus resultou em recompensa e bênção: Noé, Jó, Abraão, Isaque, Jacó, José, Moisés, Josué e Calebe, Raabe, Rute, Ester, Davi, Daniel e seus três amigos, e tantos outros no Antigo e Novo Testamento. Quem não conheceu ou não ouviu falar de pessoas que já não estão mais entre nós e que foram fiéis ao Senhor e imensamente usadas e abençoadas por Deus?

Porque produz resultado:

  • A fidelidade a Deus fortalece a relação espiritual e a comunhão com o Senhor. Esse vínculo espiritual proporciona consolo, orientação e um sentido de presença divina, independentemente das circunstâncias externas.
  • A fidelidade a Deus fortalece a internalização de valores e princípios morais elevados. Viver de acordo com esses valores não apenas traz benefícios pessoais e familiares, como também contribui para a construção de uma sociedade mais justa, misericordiosa e fraterna.
  • A fé em Deus e a fidelidade a ele promovem força interior, resiliência e esperança mesmo durante os momentos mais difíceis da vida. Essa fé ajuda o cristão a superar adversidades, enfrentar desafios com coragem e manter a esperança em tempos sombrios.
  • Para o crente, a verdadeira e maior recompensa da fidelidade a Deus é esperada na vida após a morte. A certeza da vida eterna e a recompensa divina por uma vida fiel, servem como uma fonte de consolo, esperança e motivação para ele continuar a viver de acordo com os ensinamentos bíblicos.

Enfim, a fidelidade a Deus pode ser vista como uma jornada de crescimento espiritual, que traz consigo inúmeras recompensas, tanto nesta vida quanto além dela, conforme prometido pelo Senhor.

A história de José é narrada a partir de Gênesis 37. Ainda muito jovem, com 17 anos (Gn 37.2), ele não estava isento do trabalho. Pastoreava os rebanhos da família com os demais irmãos. Desde o início temos a impressão de que a índole de José era piedosa, contrastando assim com a dos seus irmãos, bem conhecida principalmente no incidente com Diná (Gn 34). Como filho predileto, ele parece estar sempre disposto a defender os interesses do pai, denunciando corajosamente os erros de conduta dos irmãos, ainda que comprometendo o seu relacionamento com eles.

A fidelidade de José, a Deus, permaneceu inabalável diante de tantas perseguições e injustiças que ele sofreu, quer nas mãos dos seus irmãos invejosos que o venderam como escravo e ele foi parar no Egito; quer na casa de Potifar, sendo acusado injustamente pela esposa dele (“potifaria”) e encarcerado.  No capítulo 41 de Gênesis encontramos o registro do ápice da vida de José, quando ele é constituído por Faraó governador de todo o Egito. Desse encontro histórico de José com Faraó podemos extrair algumas importantes lições.

A fidelidade a Deus se manifesta principalmente através das nossas atitudes e, nem tanto, pelos nossos sentimentos, como, por exemplo:

1. NA ATENÇÃO ÀS PEQUENAS COISAS

José não caiu de paraquedas no alto cargo de governador do Egito. Ele percorreu toda uma trajetória, com momentos bons e maus, com muita tensão e apreensão. Sua história de vida foi marcada por 6 (seis) sonhos. Os dois primeiros foram dele mesmo e sinalizavam um futuro promissor e glorioso (Gn 37.7 e 9). Os dois sonhos seguintes foram dos oficiais de Faraó, no cárcere, por ele interpretados (copeiro-chefe – Gn 40.9-15; padeiro-chefe – Gn 40.16-19). Por fim, os dois últimos, do próprio Faraó, também por ele interpretados (Gn 41.1-7).

Não há dúvida de que Deus estava conduzindo toda a trajetória de José. Entretanto, ele usa situações e pessoas para a realização dos seus propósitos. Tanto na casa de Potifar como, posteriormente, no cárcere de Faraó, José não se deixou abater e nem se rebelou isolando-se de tudo e de todos. Ao contrário, se socializou e procurou ser útil, mesmo nessas situações adversas. Foi ali no cárcere que ele se solidarizou com os oficiais de Faraó e, vendo-lhes o semblante turbado, interpretou seus respectivos sonhos, com final feliz para o copeiro-chefe. Apesar deste ter negligenciado, por 2 anos, o apelo de José para que intercedesse por ele junto ao Faraó, quando Faraó teve os seus dois sonhos e seus magos e sábios não os puderam interpretar, foi que ele se lembrou de José e o indicou a Faraó.

Este incidente evidencia e explicita a importância das nossas ações, principalmente as dirigidas ao nosso próximo e ao necessitado! Pequenos gestos podem produzir grandes consequências! Nada do que fazemos ou deixamos de fazer (pecado de omissão), passa despercebido aos olhos de Deus. Não há como prever ou dimensionar a amplitude ou desdobramentos das nossas ações, sejam elas boas ou más. Lembremos da recomendação do sábio: “Não te furtes a fazer o bem a quem de direito, estando na tua mão o poder de fazê-lo.” (Pv 3.27); e a do apóstolo Paulo: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.” (Gl 6.9).

2. NA GLORIFICAÇÃO DE DEUS

Os dois sonhos de Faraó na verdade eram apenas um e tão misterioso que não pôde ser interpretado pelos magos e sábios do Egito. Havia neles dois elementos interessantes: vacas e espigas.

A vaca, no Antigo Egito, era associada a várias divindades e símbolos culturais. Simbolizava a deusa Hator, representando a fertilidade, o amor, a beleza, a maternidade. Era adorada e invocada para trazer proteção, prosperidade e fertilidade.

  • A vaca era vista como um símbolo de fertilidade e abundância no antigo Egito. Sua capacidade de produzir leite e procriar representava a fertilidade da terra e a capacidade de sustentar a vida.
  • A vaca também era associada à maternidade e à nutrição. As vacas eram vistas como protetoras e provedoras de leite, um alimento vital na dieta egípcia antiga. Isso as conectava ao papel das mães como provedoras de cuidados e nutrição para suas famílias.
  • No Egito antigo, possuir vacas e bois era um sinal de riqueza e status. Eles eram usados para arar os campos, transportar mercadorias e como fonte de alimento e leite. Ter um grande rebanho de vacas era um sinal de prosperidade e sucesso econômico.

Já as espigas representam o fruto da terra, diretamente relacionada com a alimentação e a nutrição.

Portanto, o sonho duplo usa elementos do cotidiano dos egípcios, porém, interpretar seu significado é outra coisa, não acessível ao entendimento puramente humano. Então, Faraó, decepcionado com sua “assessoria para assuntos extraordinários” é informado pelo seu copeiro-chefe dessa habilidade de interpretar sonhos do prisioneiro José e manda chamá-lo.

É no diálogo entre Faraó e José que se revela o verdadeiro caráter deste servo de Deus que sabe muito bem quem tem todo o poder no céu e na terra, e quem é apenas um instrumento nas suas mãos. Ele tratou logo de atribuir a fonte de sua habilidade a Deus, testemunhando assim do poder do único Deus vivo e verdadeiro para o pagão e idólatra Faraó: “Respondeu-lhe José: Não está isso em mim; mas Deus dará resposta favorável a Faraó.” (Gn 41.16). Deus não divide a sua glória, e alguns crentes, particularmente alguns líderes, parecem não querer entender essa realidade.

José era alguém que desfrutava de íntimo relacionamento com Deus e era guiado pelo seu Espírito. A capacidade que tal vinculação espiritual lhe conferia não lhe subiu à cabeça. Diante da maior autoridade do Egito não se exibiu, não tentou barganhar sua liberdade, não tentou defender sua inocência, não cobrou qualquer contrapartida, apenas concentrou-se na interpretação do sonho entendendo que sua situação pessoal não tinha a menor importância diante da gravidade da situação geral de fome que estava sendo revelada, abrangendo o Egito e as terras vizinhas. Quando estamos em plena sintonia com Deus valorizamos mais o “nós” do que o “eu”!

3. NO CUMPRIMENTO DA MISSÃO

Quando alguém é capacitado por Deus para uma determinada missão não há surpresa quando este vai além do solicitado ou esperado. José, não apenas interpretou o sonho de Faraó, como o aconselhou dando-lhe todas as linhas de um planejamento estratégico para lidar com o desafio de sobrevivência em tempos de escassez e fome. Dá para imaginar a ousadia de um encarcerado dirigindo-se desta forma àquele que era considerado um deus na terra – “Hórus vivo”? É a intrepidez característica de quem é conduzido pelo Espírito de Deus! Ele sugeriu a estrutura de pessoal (central e regional), bem como a estratégia de reserva da colheita e a necessidade de um sistema de controle e segurança de médio prazo (Gn 41.33-36).

É interessante observar que o conselho agradou a todos, isto é, a Faraó e aos seus oficiais. A perplexidade, diante das notícias bombásticas recebidas, deve ter sido amenizada pelo conselho que se seguiu. Não há dúvida de que é inusitada a atitude de Faraó de nomear e constituir governador de todo o Egito, com autoridade inferior apenas a ele próprio, um jovem de 30 anos (Gn 41.46), com currículo de prisioneiro, que ele acabara de conhecer. Entretanto, não deve passar despercebida a fundamentação da sua decisão: “Disse Faraó aos seus oficiais: Acharíamos, porventura, homem como este, em quem há o Espírito de Deus? Depois, disse Faraó a José: Visto que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão ajuizado e sábio como tu.” (Gn 41.38-39). Vejam as qualidades observadas por Faraó: 1ª) Seu vínculo com Deus; 2ª) Sua sabedoria e sensatez para administrar tempos de crise.

Até que ponto essas características têm sido observadas em nós, no cumprimento da missão que Deus nos outorgou e que expressam e manifestam a nossa fidelidade a ele? Diante de grandes desafios não se subestime, você tem valor; não pelo que você é, mas por aquele que age em você – o Espírito Santo de Deus!

Conclusão

José manteve a sua fidelidade ao Senhor, aguardando 22 anos pelo cumprimento da promessa revelada no seu primeiro sonho – feixes – quando seus irmãos se curvaram diante dele e ele estava agora com 39 anos (Gn 37.2, 7; 41.46; 43.26). Na sequência, por causa da fome, toda a sua família foi morar no Egito. Que desfecho de vida bem-aventurado para quem tanto sofreu e nada tinha! Depois de tanto desprezo foi honrado! Recebeu o mais alto cargo, apenas inferior ao de Faraó. Recebeu uma casa na corte e constituiu família (esposa e filhos). Seu pai, Jacó, viveu ali no Egito por 17 anos e morreu (Gn 47.27-28). José morreu com 110 anos (Gn 50.12-26) tendo a oportunidade de viver com os seus parentes, no Egito, por cerca de 70 anos.

A fidelidade ao Senhor é uma condição básica e não opcional para o cristão. O pecado nos afasta da comunhão e intimidade com Deus e é preciso vigiar, confessar e deixar o pecado (Pv 28.13). Mesmo sendo íntegros e fiéis a Deus, muitos não tiveram ou terão a bênção de um final de vida tão próspero como o de José. Jesus Cristo, nosso Mestre, Salvador e Senhor, nossa referência maior e modelo, deu a sua vida para fazer a vontade de Deus e cumprir sua missão. Como já dito anteriormente, para o crente, a verdadeira e maior recompensa da fidelidade a Deus é esperada na vida após a morte. A certeza da vida eterna e a recompensa divina por uma vida fiel, servem como uma fonte de consolo, esperança e motivação para ele continuar a viver de acordo com os ensinamentos bíblicos.

Que Deus nos ajude!


Veja, também:
JOSÉ, exemplo de recomeço
JOSÉ, um tipo de Cristo

A tríplice negação da fé

Lucas 22.54-62

Introdução

“Então, prendendo-o, o levaram e o introduziram na casa do sumo sacerdote. Pedro seguia de longe.” (Lucas 22.54)
“E, quando acenderam fogo no meio do pátio e juntos se assentaram, Pedro tomou lugar entre eles.” (Lucas 22.55)

O palco das negações de Pedro foi o pátio da casa do sumo sacerdote, para onde Jesus foi levado. Não raramente alguns pregadores usam esse relato bíblico para alertar sobre o perigo do cristão seguir Jesus de longe. Olhando para as atitudes de Pedro, pode-se perceber nele um misto de impetuosidade e coragem, com medo e covardia, afinal os discípulos também estavam na mira dos perseguidores. Ele não estava tão longe quanto poderia estar, se escondendo como os outros. Pedro estava ali acompanhando o desenrolar dos acontecimentos, provavelmente preocupado com o que iriam fazer com Jesus e correndo riscos. Tem muita gente que pode até estar “perto de Cristo”, acompanhando de perto as atividades de uma igreja, mas, infelizmente ainda não estão “em Cristo” e, assim, correm o mesmo risco de negá-lo, como Pedro o fez naquela ocasião.

É fato conhecido e compreensível que os quatro Evangelhos não registraram, com as mesmas palavras, as falas dos que denunciavam Pedro e as suas correspondentes respostas nas três negações. Assim, a partir dos quatro relatos, nos resta tentar formar uma ideia aproximada daquilo que aconteceu. A título de aplicação para a igreja será muito proveitoso considerar as três respostas de Pedro no relato de Lucas. E é exatamente o que faremos.

1ª Negação:

“Entrementes, uma criada, vendo-o assentado perto do fogo, fitando-o, disse: Este também estava com ele.” (Lucas 22.56)
“Mas Pedro negava, dizendo: Mulher, não o conheço.” (Lucas 22.57)

A primeira ofensiva contra Pedro foi feita por uma das criadas do sumo sacerdote, na presença de outras pessoas que para ali afluíram, que assim denunciou – “Tu também estavas com Jesus,”.  A síntese da resposta de Pedro poderia ser: “Mulher, não o conheço’. É claro que conhecer, de fato e a fundo, uma pessoa não é simples, muito mais em se tratando de Jesus. Entretanto, a intenção de Pedro aqui era outra. Em outras palavras, ele queria dizer: “não sei quem é”, ou “não sei de quem se trata”.

Um dos grandes problemas da igreja de hoje e de sempre é exatamente esse, não conhecer Jesus. Conhecer Jesus vai além de simplesmente ter conhecimento intelectual e teórico sobre ele. Significa ter um relacionamento pessoal e íntimo com ele, entender sua mensagem, sua vida, seus ensinamentos e sua obra salvífica. Aqui estão algumas dimensões do que significa conhecer Jesus:

Relacionamento pessoal: Baseado na fé, confiança, comunhão intimidade e dependência. Isso implica em cultivar uma ligação espiritual com ele através da oração, da meditação na Palavra de Deus e do serviço aos outros em seu nome.

Transformação interior: O Espírito Santo trabalha em nós para nos moldar à imagem de Cristo. Isso envolve crescer em santidade, amor, perdão e empatia, à medida que nos rendemos ao seu senhorio em nossas vidas.

Obediência e amor: Conhecer Jesus implica em obedecer aos seus ensinamentos e viver de acordo com seus mandamentos. Isso inclui amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a nós mesmos, buscando viver uma vida irrepreensível diante de Deus e dos homens.

Testemunho e serviço: É compartilhar sua mensagem de amor e salvação com os outros e servir ao próximo em seu nome. É ser testemunha viva do seu poder transformador em nossas vidas e no mundo ao nosso redor.   

2ª Negação:

“Pouco depois, vendo-o outro, disse: Também tu és dos tais. Pedro, porém, protestava: Homem, não sou.” (Lucas 22.58)

A segunda ofensiva contra Pedro partiu de outra criada, ou de um homem ou de outra pessoa dentre os que ali estavam, que assim denunciaram – “Esse é um deles”.  A síntese da resposta de Pedro teria sido: “Homem, não sou”.  

Outro grande problema da igreja de hoje e de sempre é essa questão da sua identidade. Os evangélicos já foram, ou ainda são, chamados ou apelidados de cristãos, crentes, protestantes, bíblias, gospels, dentre outros. Desde os tempos dos apóstolos, os seguidores de Cristo (ou a igreja) foram rotulados por muitos nomes, dados pelos opositores do Evangelho. Entre esses nomes, podemos mencionar: “galileus” (At 2.7); “cristãos” (At 11.26); “os do caminho” (At 9.2; 19.23); “nazarenos” (At 24.5); “seita” (At 24.14). Os escritores do NT preferiram o tratamento de: “discípulos de Jesus” (Mt 10.24); “crentes” (At 5.14);  “irmãos e irmãs em Cristo” (1Ts 4.9); “santos” (Ef 1.1); “corpo de Cristo” (1Co 12.27); “seguidores do caminho” (At 9.2); “eleitos” (Rm 8.33); “filhos de Deus” (Jo 1.12).

A verdadeira identidade do cristão não é definida por um nome, mas por sua relação com Jesus Cristo, e pelos valores e princípios que ele ensinou. Alguns aspectos da verdadeira identidade do cristão são:

Nova filiação: Regenerado pelo Espírito Santo, através desse novo nascimento, o cristão é inserido na família de Deus. Ele passa de criatura para filho ou filha de Deus, tendo parte no seu reino e sendo herdeiro das promessas divinas (Jo 1.12; Rm 8.15-17).

Nova criatura: O cristão é alguém que experimentou uma transformação interior através do poder do Espírito Santo. Ele é uma nova criatura em Cristo, deixando para trás o velho homem e vivendo uma vida renovada em comunhão com Deus (2Co 5.17).

Nova relação com Deus: O cristão reconhece que sua reconciliação com Deus não foi alcançada por suas próprias obras ou méritos, mas sim pela graça salvadora de Deus. Ele entende que foi salvo pela graça, através da fé em Jesus Cristo, e não por seus próprios esforços (Ef 2.8-9).

Novas atitudes: O cristão é alguém que segue a Jesus Cristo, o seu exemplo e os seus ensinamentos. Ele se esforça para viver de acordo com os princípios do amor, da justiça, da misericórdia e da humildade, buscando imitar a vida de Cristo em seu próprio caminhar (1Jo 2.6; Fp 2.5).

Nova missão: O cristão é um representante do Reino de Deus na Terra – Embaixador do Reino. Ele é chamado para proclamar as boas novas do evangelho, compartilhar o amor de Cristo com os outros e trabalhar pela justiça, paz e reconciliação em um mundo marcado pelo pecado e pela injustiça (2Co 5.20; Mt 5.13-16).

Simão Pedro vacilou em assumir publicamente sua verdadeira identidade como seguidor de Cristo. Provavelmente este foi o momento mais negativo da sua vida. E, quantos chamados cristãos têm se envergonhado do evangelho (Rm 1.16), de assumir a identidade de cristão, de viver como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-16)?

3ª Negação:

“E, tendo passado cerca de uma hora, outro afirmava, dizendo: Também este, verdadeiramente, estava com ele, porque também é galileu.(Lucas 22.59) 
Mas Pedro insistia: Homem, não compreendo o que dizes. E logo, estando ele ainda a falar, cantou o galo.” (Lucas 22.60)

A terceira ofensiva contra Pedro partiu de um servo do sumo sacerdote, ou de outras pessoas que ali estavam, que assim denunciaram – “és um deles, porque também tu és galileu”.  A síntese da resposta de Pedro teria sido: “Homem, não compreendo o que dizes”. Na verdade, Pedro estava se fazendo de desentendido para escapar de uma possível hostilidade ou mesmo prisão.

Por fim, outro grande problema da igreja de hoje e de sempre é essa questão de não compreender a Palavra de Deus ou o que dela é dito. Algumas vezes não entendem porque falta capacidade e preparo da parte de quem prega ou ensina. Outras vezes entendem errado porque são mal ensinados. Em muitos casos porque a vida devocional diária, com leitura da Bíblia e oração é negligenciada.

A negligência da Bíblia pode ocorrer de várias maneiras, algumas das quais incluem:

Falta de Leitura e Estudo: Uma das formas mais comuns de negligência da Bíblia é simplesmente não ler ou estudar regularmente as Escrituras. Isso pode acontecer devido à falta de interesse ou de prioridade.

Desconsideração dos seus Ensinamentos: Mesmo que alguém leia a Bíblia ou ouça pregações e estudos baseados nela, pode haver negligência ao se desconsiderar os seus ensinamentos e princípios. Isso pode acontecer quando alguém escolhe seguir seu próprio caminho em vez de viver de acordo com os padrões estabelecidos na Bíblia.

Interpretação Seletiva: Algumas pessoas podem negligenciar partes da Bíblia ao interpretá-la seletivamente, ignorando ou distorcendo partes que não se encaixam em suas próprias ideias ou contrariem seus interesses, quem sabe, pecaminosos.

Falta de Aplicação Prática: Mesmo que alguém entenda os ensinamentos da Bíblia, pode haver negligência ao não aplicá-los em sua vida cotidiana. Isso pode acontecer quando alguém conhece a verdade, mas não quer viver de acordo com ela.

Substituição por outras Fontes: Em alguns casos, a negligência da Bíblia pode ocorrer quando as pessoas substituem sua autoridade e orientação por outras fontes, como filosofias e ideologias seculares, ou opiniões pessoais de terceiros. Há que se priorizar a Bíblia, como fonte primária, e avaliar com cuidado qualquer outro livro, mesmo os evangélicos!

Interpretá-la como um livro comum: A palavra da cruz é loucura para os que se perdem (1Co 1.18). O homem natural não pode entender as Escrituras, porque elas se discernem espiritualmente (1Co 2.14). É falta de reverência e respeito querer interpretá-la sem a iluminação do Espírito Santo.

Essas são apenas algumas das maneiras pelas quais a negligência da Bíblia pode ocorrer. É importante para os cristãos cultivar uma relação íntima com as Escrituras, buscando entendê-la, aplicá-la e viver de acordo com seus ensinamentos.

Desfecho:

“Então, voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro, e Pedro se lembrou da palavra do Senhor, como lhe dissera: Hoje, três vezes me negarás, antes de cantar o galo.” (Lucas 22.61)
“Então, Pedro, saindo dali, chorou amargamente.” (Lucas 22.62)

Pedro se mostra falível, como qualquer um de nós. Rapidamente sua coragem se transformou em medo. Tudo o que Jesus havia predito aconteceu. Pedro cai em si, se dá conta da sua covardia e chora amargamente. Felizmente, ainda lhe foi oferecida a oportunidade de restauração. Também nós precisamos nos humilhar, perceber nossa fragilidade, buscar forças na comunhão com Deus e nos irmãos na fé para vivermos como cristãos autênticos. Ainda que venhamos a tropeçar e cair, nos é oferecida a oportunidade do arrependimento, confissão e restauração.

Que Deus nos ajude!

Paz

“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio….” (Gl 5.22-23a)

Introdução

Paz, esta pequena, mas tão significativa palavra, no hebraico é shalom (שָׁלוֹם); e no grego eireni (ειρήνη). A paz é algo tão relevante que diz respeito e afeta direta ou indiretamente toda a criação, toda a obra do Criador. Na queda dos nossos primeiros pais, Adão e Eva, a rebelião humana resultou no rompimento da paz com Deus e, não somente a raça humana, mas até mesmo o restante da criação sofreu e sofre as trágicas e devastadoras consequências.

A palavra “paz” é citada 95 vezes no Novo Testamento: 25 nos evangelhos, 6 em Atos, 62 nas epístolas e 2 no Apocalipse. Jesus mesmo a empregou cerca de 20 vezes; algumas vezes como saudação – “Paz seja convosco!”, outras como despedida – “vai-te em paz.” Principalmente nas epístolas de Paulo e de Pedro é recorrente encontrarmos esta mesma prática de Jesus, usando os termos “graça e paz” na saudação inicial e “paz” nas palavras de despedida.

O que é paz?

Há muitos anos, ouvi numa pregação do meu saudoso pai, uma ilustração que nunca mais esqueci, isto é, da ideia geral. Reconstituindo os detalhes esquecidos, seria mais ou menos assim:

Conta-se que um rei desejava ornamentar o seu palácio com um “quadro da paz”. Então, convocou artistas de diversas partes do mundo e lançou um concurso, oferecendo um prêmio ao artista que pintasse o quadro que melhor expressasse a paz. Muitos pintores aderiram ao desafio e apresentaram a sua obra. Chegaram ao palácio quadros variados. Eles retratavam a paz através de lindas paisagens com jardins, flores, praias, lagos e florestas, pássaros e borboletas, alvoradas e crepúsculos estonteantes.

O rei olhou todos os quadros, sendo que dois deles lhe chamaram mais a atenção.

Um deles retratava um lindo e sereno lago. O lago refletia com perfeição as altas e intocadas montanhas a sua volta, bem como o azul anil do céu, com algumas nuvens brancas como algodão. Os expectadores que acompanhavam o rei viram este quadro e acharam que seria o escolhido, pois era um perfeito retrato da paz.

O outro quadro também tinha montanhas e floresta. Acima havia um céu ameaçador do qual caía copiosa chuva, e no qual brilhavam relâmpagos. Na encosta da montanha havia uma cachoeira caudalosa e espumante. Não parecia retratar algo pacífico. Entretanto, olhando mais cuidadosamente, o rei observou, ao lado da cachoeira, um pequeno arbusto crescendo numa fenda da rocha. No arbusto uma mãe pássaro havia feito seu ninho. Lá, naquele abrigo simples, mas seguro, envolta em  tanta turbulência, se instalara a mãe pássaro em seu ninho, em perfeita paz.

Diante desta imagem, tão sutil, mas convincente, o rei não teve dúvida e escolheu este segundo quadro. Assim, os pintores não escolhidos, não conseguiam esconder sua perplexidade e indignação. – Como este quadro tão violento pode representar a paz?

Então, logo veio a explicação: PAZ não significa estar num lugar tranquilo, silencioso, sem problemas ou dificuldades ao redor. Paz significa estar no meio das adversidades e tempestades da vida e, mesmo assim, permanecer calmo e seguro.

Este é o significado real da PAZ. E essa paz só pode vir de Deus. Pois, dele procede a paz que excede todo entendimento. “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (Jo 14.27). É como diz o cântico de Stuart Edmund McNair:

Ou seja o caminho de gozo e de luz,
Ou seja com trevas de horror,
Por Cristo já tenho aprendido a dizer:
“Tenho paz, doce paz no Senhor”.

A paz, na visão secular, é um conceito amplo e complexo que geralmente se refere a um estado de tranquilidade, ausência de conflitos, harmonia e estabilidade. Na perspectiva e cosmovisão cristã pode ser descrita como o relacionamento harmonioso do ser humano com Deus, consigo mesmo e com o seu semelhante.

O propósito deste estudo é proporcionar a reflexão sobre alguns aspectos e questões como: O que tira a paz? O que gera a paz? A fuga da realidade motivada pela falta de paz. Em que consiste a verdadeira paz? Qual a nossa responsabilidade em relação a promoção da paz?

1. O QUE TIRA A PAZ?

O ser humano do bem necessita e anseia por liberdade, paz e justiça e por ver suas necessidades básicas atendidas. Somos parte de algo muito maior, da sociedade e do mundo. Nós somos afetados por ele e, também, o podemos afetar. Se há paz ou guerra ou conflitos no mundo, isso pode afetar a nossa paz. Seria bom que todos levassem a sério a instrução bíblica: “Aparta-te do mal e pratica o que é bom; procura a paz e empenha-te por alcançá-la.” (Sl 34.14).  Infelizmente vivemos num mundo marcado por violência e guerras em toda a sua história. Há necessidade de paz em todas as suas dimensões: Paz com Deus, paz consigo mesmo, paz de espírito, com o próximo, paz entre as nações e paz na nação.

“Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz.” (Is 57.21). Na simbologia bíblica o mar representa os povos, as nações, a massa agitada da humanidade (Ap 17.15). E, esse mundo está como um “mar agitado, que não se pode aquietar, cujas águas lançam de si lama e lodo” (Is 57.20).

Nosso mundo está mais agitado e perturbado do que nunca. São:

  • Guerras e rumores de guerras entre as nações;
  • Guerra civil;
  • Guerra de narrativas;
  • Guerra ideológica;
  • Ataques cibernéticos;
  • Golpes reais e virtuais;
  • Narrativas ambientalistas falaciosas;
  • Narrativas tecnológicas alarmantes.

Nas últimas décadas, a sociedade vem sendo mantida refém de narrativas globalistas alarmantes e, muitas vezes, falaciosas e com fins duvidosos (energia atômica, aquecimento global, efeito estufa, buraco na camada de ozônio com emissão de gás CFC, clonagem humana, alimentos transgênicos, pesticidas e agrotóxicos, desmatamento da Amazônia, mudanças climáticas e, agora, a Inteligência Artificial).

Não são poucos os motivos com potencial de nos tirar a paz:

  • Ameaça à perda da vida;
  • Ameaça à perda de pessoas queridas (familiares, amigos etc.);
  • Ameaça à perda da saúde;
  • Ameaça à perda da liberdade;
  • Ameaça à perda dos meios básicos para a sobrevivência (alimento, moradia, emprego etc.);
  • Ameaça à perda dos bens;
  • A doença incurável;
  • A desagregação familiar;
  • A injustiça;
  • A violência;
  • A traição;
  • O ódio alheio;
  • A calúnia e a difamação;
  • A opressão;
  • O autoritarismo;
  • Um governo corrupto;
  • Autoridades e políticos corruptos;
  • E, muitos outros.

2. A FUGA DA REALIDADE

Diante de uma sociedade tão agitada e amedrontada, de um mundo tão conturbado e dias tão turbulentos, cresce o número de pessoas que enveredam por caminhos ou atalhos perigosos e sem saída. Assim, podemos enumerar aqui alguns deles:

  • Uso de medicamentos que atenuam a percepção da realidade e criam dependência;
  • Consumo dos mais variados tipos de drogas – dependência química;
  • Práticas esotéricas fantasiosas e alienantes;
  • Adesão a falsas religiões, seitas e heresias;
  • Entrega desenfreada aos prazeres sexuais, orgias e pornografia.
  • Suicídio, quando se perde totalmente qualquer esperança.

“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.” (Ef 6.10)

A sublimação[1] e fuga da realidade nunca foi e nunca será um bom caminho na busca da paz, particularmente no que tange a paz de espírito. Vale ressaltar aqui que, diante deste quadro e contexto social ameaçador, cresce no meio evangélico o número de pregadores que aderiram ao discurso da ajuda do alto (parafraseando os militantes da autoajuda). É claro que os púlpitos e gabinetes pastorais precisam acolher, consolar, apoiar e encorajar os mais fragilizados, principalmente os que estiverem passando por situações aflitivas na vida. Entretanto, o crente precisa mesmo viver em íntima comunhão com Deus, fortalecendo-se nele e na força do seu poder.

3. A VERDADEIRA PAZ

“Como fruto dos seus lábios criei a paz, paz para os que estão longe e para os que estão perto, diz o SENHOR, e eu o sararei.” (Is 57.19)

Deus mesmo se coloca aqui como o autor da paz! Portanto, a verdadeira paz procede do alto, de Deus: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.” (Tg 1.17)

Jesus Cristo é a encarnação da verdadeira paz!

No Antigo Testamento, Jesus é vislumbrado pelo profeta Miquéias como “nossa paz” (Mq 5.5, ratificado pelo apóstolo Paulo, Ef 2.14) e pelo profeta Isaías como o “Principe da Paz” (Is 9.6).

No Novo Testamento, no nascimento de Jesus, o anjo e a multidão da milícia celestial glorificaram a Deus e proclamaram a chegada do Príncipe da Paz: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem.” (Lc 2.14)

No seu ministério terreno Jesus fez uma declaração contundente: “Supondes que vim para dar paz à terra? Não, eu vo-lo afirmo; antes, divisão.” (Lc 12.51). Isso em nada descredencia as palavras proféticas, pois, sua obra redentora e missão divide a humanidade em salvos e perdidos. Apenas para os salvos há garantia de paz!

No final do seu ministério Jesus trouxe aos seus seguidores duas relevantes palavras de encorajamento e esperança:

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. (Jo 14.27)
“Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (Jo 16.33) 

É nas epístolas do NT que encontramos substancial e consistente conteúdo doutrinário e teológico sobre a verdadeira paz, criada por Deus e manifestada em Cristo, na plenitude dos tempos.

“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;” (Rm 5.1)

A paz com Deus é o elemento propulsor e ponto de partida para se desfrutar dessa autêntica e verdadeira paz! A rebeldia contra Deus e a rejeição ao seu Filho jamais permitirá alcançar essa paz. Em Cristo, na cruz do Calvário:

“Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram.” (Sl 85.10)

“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade.” (Ef 2.14-16)

Uma vez resolvida essa questão existencial do pecado, que nos separa e impede a comunhão com Deus, através da obra redentora de Cristo na cruz, passamos a ser guardados por ele: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.” (Fp 4.7)

A paz oferecida pelo mundo é efêmera, enganosa e ilusória. Entretanto, a paz proporcionada por Deus, em Cristo, é real, verdadeira e eterna. Essa paz, além de ser decorrente do acerto da nossa vida com Deus, gera na nova criatura em Cristo:

  • Confiança e dependência de Deus: “Tu, SENHOR, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti.” (Is 36.3);
  • Amor e prática da Palavra de Deus: “Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não há tropeço.” (Sl 119.165)
  • Afastamento do mal e a prática do bem (1Pe 3.11);
  • Amor e respeito ao próximo;
  • Domínio da natureza humana que é essencialmente má, pela atuação do Espírito Santo em nós – fruto do Espírito.

4. A NOSSA RESPONSABILIDADE EM RELAÇÃO A PAZ

O Deus a quem servimos é o Criador de todas as coisas, inclusive da paz, conforme já comentado (Is 57.19).

“Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis,” (2Pe 3.14)

Na condição de seus servos somos chamados por Deus a viver em paz.

“se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens;” (Rm 12.18)

“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor,” (Hb 12.14)

“esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz;” (Ef 4.3)

Além de desfrutar de paz interior, somos chamados a viver em paz com os outros.

“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” (Mt 5.9)

Não somos apenas receptores passivos, mas agentes ativos da paz, chamados por Deus para promover a paz, para sermos pacificadores.

“E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto;” (Ef 2.17)

“Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz;” (Ef 6.15)

A evangelização promove a paz! Jesus veio para promover a paz e nos comissionou para continuar a sua obra. Esse é o nosso desafio! Essa é a nossa missão! E, essa é a mais eficaz e poderosa estratégia de “disseminação” da paz!

Conclusão

“Ora, o Senhor da paz, ele mesmo, vos dê continuamente a paz em todas as circunstâncias. O Senhor seja com todos vós.” (2Ts 3.16)

Em Cristo nossos conflitos íntimos e existenciais podem ser neutralizados e sossegar nossa alma.

Em Cristo e nos ensinamentos bíblicos podemos superar nossas diferenças de opinião, alinhar nossos interesses com os do Reino de Deus, redefinir nossas prioridades de vida e distensionar nossos relacionamentos uns com os outros.

Sabemos que o mundo vai de mal a pior, pois se afasta de Deus e mantém-se em rebeldia contra ele. Entretanto, pesa sobre nós a responsabilidade e dever de fazer o que estiver ao nosso alcance, em prol da verdadeira paz. Devemos crer no poder transformador do evangelho e agir enquanto é tempo.

“Quanto ao mais, irmãos, adeus! Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco.” (2Co 13.11)

Bibliografia

1. Bíblia Sagrada (SBB – Versão Revista e Atualizada).
2. Bíblia Online – SBB.
3. Revista ANDAI NO ESPÍRITO (Ed. Didaquê).
4. Internet.


[1] A sublimação, na psicanálise, é um tipo de mecanismo de defesa maduro, no qual impulsos ou idealizações socialmente inaceitáveis ​​são transformados em ações ou comportamentos socialmente aceitáveis, possivelmente resultando em uma conversão a longo prazo da pulsão inicial.

Imoralidade

Texto(s) base: 1Coríntios 5.1-13

Introdução          

O que é imoralidade?

Imoralidade, um substantivo feminino, é um termo ou conceito que caracteriza e engloba atitudes ou comportamentos, ações ou práticas, considerados contrários às normas ou padrões morais ou éticos estabelecidos em uma sociedade, cultura, religião ou grupo. Portanto, a moral é um conjunto de princípios e valores que orientam o comportamento humano, estabelecendo o que é certo e errado, bom e mau, permitido e proibido em determinada sociedade e grupo. As normas morais podem ser codificadas em leis e regulamentos em algumas sociedades, enquanto em outras, podem ser mais informais e baseadas em tradições culturais ou códigos éticos pessoais.

Nessa visão secular mais ampla e relativa, o que é considerado imoral pode variar de acordo com a cultura, o sistema de crenças, a época e os valores predominantes em determinados contextos, pois as normas morais são frequentemente influenciadas por fatores culturais, religiosos e sociais. Além disso, é importante destacar que as percepções de imoralidade podem ser subjetivas e variar de pessoa para pessoa. Enfim, nessa visão, a imoralidade está relacionada à violação de princípios e valores morais. Entretanto, o que é considerado imoral depende da perspectiva e dos valores de um indivíduo ou da sociedade em questão.

No mundo moderno, que tem relativizado tantas coisas, a imoralidade também tem sido questionada, analisada e ressignificada sob a perspectiva da liberdade individual: Até que ponto uma pessoa tem o direito de agir de forma imoral, desde que não prejudique diretamente outras pessoas? Essa é uma questão que divide opiniões e que está relacionada à discussão sobre os limites da liberdade individual e a convivência em sociedade.

Por que este assunto é relevante? A imoralidade tende a gerar consequências negativas tanto para as relações interpessoais (familiares, profissionais, sociais) quanto para a própria pessoa que age de forma imoral. Pode gerar conflitos, desconfiança e prejudicar a convivência em sociedade. Além disso, a imoralidade também pode causar culpa, remorso, perda de reputação, perda financeira e muitos outros tipos de prejuízos.

Exemplos de comportamentos que podem ser considerados imorais incluem o furto/roubo, a mentira, a traição, a violência, a exploração de outras pessoas, o despudor, a indecência, a devassidão ou libertinagem, a promiscuidade sexual ou relacionamentos sexuais ilícitos ou desvirtuados, dentre outros.

A resposta a esta pergunta (o que é imoralidade?) não se encerra por aqui, no nível da visão humana. É preciso levar em conta que existe um Deus Criador e que este, no seu relacionamento com a humanidade, fez alianças nas quais revelou sua vontade soberana e estabelecem os deveres do ser humano; para com ele e de uns para com os outros. A moralidade, o certo e o errado, não são tão relativos como muitas pessoas gostariam que fossem ou pensam que são!

Neste estudo abordaremos a visão bíblica do problema da imoralidade, bem como a necessidade de tratamento do problema e o emprego da disciplina na igreja, pois fomos chamados para vivermos uma vida santa diante de Deus e dos homens. O texto de 1Coríntios 5.1-13 nos remete a um caso concreto de imoralidade na igreja de Corinto e como foi tratado, servindo de base para nossa análise.

Desenvolvimento:

1. O PROBLEMA DA IMORALIDADE

A imoralidade é um problema que afeta a humanidade desde os tempos mais remotos, desde a queda dos nossos primeiros pais – Adão e Eva. A bíblia está repleta de intervenções divinas pontuais com a intenção de frear o mal, o pecado praticado. ”Sede santos porque eu sou santo” é o refrão que soa em Gênesis e reverbera por toda a bíblia, até Apocalipse.

“Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções,  invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.”(Gl 5.19-21)

A imoralidade está inserida nesta lista, rotulada pelo apóstolo Paulo de “obras da carne”, sendo que o termo se refere a comportamento ou conduta devassa, indecente e desregrada, principalmente na esfera sexual (prostituição, impureza, lascívia etc.).

Nos tempos do Novo Testamento a situação não era diferente de outras épocas passadas. A igreja se expandiu por toda a parte e os novos convertidos e igreja entre os gentios viviam o desafio de uma vida de pureza e santidade, de não se contaminarem com a imoralidade e idolatria reinantes, principalmente nas grandes cidades gentílicas e centros comerciais como Corinto.

É significativo o preâmbulo e o desfecho do capítulo 18 de Levítico, que trata de relações sexuais ilícitas:

“Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual eu vos levo, nem andareis nos seus estatutos. Fareis segundo os meus juízos e os meus estatutos guardareis, para andardes neles. Eu sou o SENHOR, vosso Deus.  Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; cumprindo-os, o homem viverá por eles. Eu sou o SENHOR.”(Lv 18.3-5). “Portanto, guardareis a obrigação que tendes para comigo, não praticando nenhum dos costumes abomináveis que se praticaram antes de vós, e não vos contaminareis com eles. Eu sou o SENHOR, vosso Deus.” (Lv 18.30).

Não estamos debaixo da lei, mas da graça, é verdade. Entretanto, há dois conceitos permanentes aqui nestes versículos. O primeiro é que somos o povo de Deus, separado, santo, com um alto padrão moral que nos foi legado pelo Senhor através das Escrituras. Ainda que os costumes ou as leis civis da Sociedade onde estivermos inseridos nos permitirem determinadas condutas e práticas, nosso referencial é e será  sempre a bíblia, se é que queremos ter a bênção de Deus. O segundo é que o verdadeiro cristão tem um compromisso com Deus e com seu Filho de não se contaminar com costumes abomináveis e com práticas pecaminosas. Debaixo da graça somos orientados e constrangidos pelo Espírito Santo a viver uma vida santa, pura e exclusivamente dedicada a agradar ao nosso Deus.

1.1 – O fato imoral (1Co 5.1-2)

1 Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai.
2 E, contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou?

Nos capítulos quinto e sexto desta epístola, a atenção do apóstolo se volta para outros assuntos, objetivamente para denunciar e corrigir outros problemas existentes na igreja de Corinto, desta feita de ordem moral e litigiosa. Naquela igreja havia quem estivesse refletindo, de alguma forma, o baixo padrão moral da sociedade em que estava inserida e a liderança não tomava as devidas providências. Então, o apóstolo precisou agir, escrevendo e advertindo sobre tal situação que ameaçava o testemunho e a sobrevivência daquela igreja.

Quando há impureza na conduta de algum membro da igreja, mas esse é pecado velado, só conhecido por quem o pratica em oculto, a responsabilidade é do impenitente, que terá que prestar contas ao Senhor. Entretanto, quando o pecado é público e notório, a igreja e sua liderança precisam tomar uma atitude. Certamente que o amor e o desejo de levantar o caído devem ser sempre o pano de fundo motivacional da ação da igreja. Fazer vista grossa em tais circunstâncias, de fragrante e notório atentado contra a moral, como no caso dos coríntios, é a pior atitude. Havia imoralidade na igreja.

O termo grego “porneia”[1] e suas declinações são normalmente traduzidos, na versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), por “imoralidade”, quatro vezes no NT (1Co 5.1; 6.18; 10.8), significando, principalmente, qualquer tipo de “relação sexual ilícita” ou “imoralidade sexual”. Na versão Almeida Revista e Corrigida (ARC) o termo é traduzido como “fornicação” ou como “prostituição” nestes mesmos textos. A fornicação diz respeito à prática sexual pré-conjugal ou extraconjugal (entre não casados), enquanto a prostituição tem a ver com a comercialização do sexo, com a venda do corpo. Fornicação era um termo mais relacionado à conduta sexual ilícita do homem, enquanto o termo prostituição estava mais relacionado à conduta sexual ilícita da mulher. Com a emancipação feminina e a relativização da moral essas vinculações aos gêneros perderam força. A figura do “caçador de fêmeas” convive pacificamente com a figura da “caçadora de machos”. O chamado “amor livre” das décadas de 1960 e 1970 desaguou na liberação sexual de hoje; o compromisso sério do casamento cedeu espaço para o “ficar junto” com baixo nível de compromisso, fidelidade e responsabilidade.  A homossexualidade também ganhou força. A promiscuidade só não foi maior por causa do surgimento da AIDS na década de 1980, aqui no Brasil.

O caso é considerado grave pelo apóstolo, ao ponto de exceder até a conduta permissiva dos de fora da igreja, os gentios e pagãos. E, qual era o pecado desse membro da igreja de Corinto? Ele se atrevia a possuir a mulher de seu próprio pai. O sentido é de um “relacionamento sexual ilícito” deste indivíduo com sua madrasta ou ex-madrasta, portanto, incesto.

Não podemos deixar de considerar o contexto dos fatos. De um lado o apóstolo tem a cultura e a tradição judaica. De outro lado, ele está lidando com uma igreja composta predominantemente de pessoas gentias, convertidas ao cristianismo, mas vivendo numa metrópole corrupta, fortemente influenciada pela cultura e costumes greco-romanos.  Em Levítico 18, as relações incestuosas[2] são terminantemente proibidas para os judeus. As uniões com parentes próximos[3] ou de sangue (consanguíneos) são ali proibidas: com pai ou mãe; madrasta; irmã; meia irmã; neta; tia; nora; cunhada; mulher e sua filha, mulher e sua neta, mulher e sua irmã, ao mesmo tempo. As uniões entre primos não são citadas nem proibidas. Há dois aspectos principais em que, provavelmente, se baseiam essas proibições: 1º) A relação sexual entre parentes consanguíneos pode resultar na esterilidade ou no nascimento de filhos com defeitos ou problemas de saúde; 2º) Essas relações podem provocar rivalidades sexuais dentro da família, o que muito debilitaria a mesma. O caso em questão era uma afronta não só aos costumes judaicos, mas também aos gentílicos, conforme o apóstolo deixa transparecer na sua perplexidade. E, o que diz o Código Civil Brasileiro? Quais são os impedimentos ao casamento? (Consulte o Apêndice)

Surgem aqui alguns questionamentos, a saber: a)Era um relacionamento permanente ou foi um caso pontual? b)O pai deste indivíduo era vivo, ou já tinha morrido? c)Se o pai era vivo, este havia se separado da tal mulher (ou concubina) ou foi (estava sendo) traído por ela? d)Por que a tal mulher não é censurada por Paulo? e)Qual foi o desfecho do caso?

As informações sobre este caso são tão escassas, que qualquer afirmação pode não passar de especulação. Parece tratar-se de um relacionamento contínuo. Não podemos afirmar se o pai deste indivíduo era falecido ou estava divorciado da tal mulher. Acredita-se que a mulher não tenha sido censurada pelo apóstolo por não ser cristã, por não fazer parte da igreja. Quanto ao desfecho do caso, alguns citam os textos de 2Coríntios 2.5-11; 7.12 como referências a este assunto. Entretanto, não há elementos suficientes para comprovar tratar-se do mesmo caso. Em face de tantas incertezas é mais prudente considerar o fato de que um membro da igreja estava em pecado, no caso o de incesto, e que a igreja estava omissa, nem ao menos mostrando sua insatisfação e muito menos, tomando alguma atitude disciplinar. A lei mosaica era bem clara sobre o assunto: “Não descobrirás a nudez da mulher de teu pai; é nudez de teu pai.” (Lv 18.18); “Nenhum homem tomará sua madrasta e não profanará o leito de seu pai”. (Dt 22.30); “Maldito aquele que se deitar com a madrasta, porquanto profanaria o leito de seu pai. E todo o povo dirá: Amém!” (Dt 27.20). Pela perplexidade de Paulo, também a permissiva cultura gentílica era contrária a tal comportamento.

A seguir, analisaremos o que o apóstolo tem a dizer sobre a importância de se preservar a santidade – uma igreja sem mácula – mesmo que se tenha que usar o expediente da disciplina. Aos efésios, o apóstolo ressaltou que o preço pago por Jesus foi alto demais e foi com o sublime propósito de que isso se tornasse realidade: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.” (Ef 5.25-27)

2. O TRATAMENTO DA IMORALIDADE

No início da igreja, a mentira de Ananias e Safira resultou em sentença de morte, uma punição drástica, algo difícil de se assimilar em tempos de Graça e não mais da Lei. Como a igreja tem lidado com a questão da disciplina nesses últimos tempos? Há não muitos anos atrás parece que a liderança da igreja priorizava mais a questão da disciplina, apesar de, não poucas vezes, usar critérios questionáveis e, em certas situações, exagerados. Era o patrulhamento ostensivo contra o temido mundanismo que ameaçava se instalar nas igrejas evangélicas. Códigos de disciplina foram criados, com verdadeiras aberrações, tudo em nome de um moralismo doentio e esquizofrênico. Tinha-se muito foco sobre os aspectos exteriores como a vestimenta; a pintura e o corte do cabelo, bem como a maquilagem da mulher, pintura de unhas, dentre outros e, nem tanto assim, os aspectos interiores. O que dizer da liderança eclesiástica do século 21? A impressão que se tem é que disciplina eclesiástica é o tipo de assunto que está fora de ordem, fora de moda, fora da agenda. A síndrome da mulher adúltera se instalou em muitas igrejas – “…aquele que não tem pecado que atire a primeira pedra…”.  Ou, quem sabe é a síndrome do telhado de vidro? “Não julgueis, para que não sejais julgados.”(Mt 7.1). Para não dar a entender que o assunto da disciplina está ultrapassado, alguns púlpitos, vez por outra, reverberam alguma defesa da moral cristã. Por outro lado, o discurso da prosperidade, do Jesus que cura, enriquece e resolve todos os problemas não deixa espaço para muitas outras mensagens.

2.1 – A punição sentenciada (1Co 5.3-5)

3  Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal infâmia seja,
4  em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor,
5  entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus.

É interessante a abordagem que considera a disciplina eclesiástica em três níveis: preventiva, corretiva e cirúrgica ablativa[4]. A disciplina eclesiástica preventiva é aquela que se esforça para ensinar os referenciais bíblicos, portanto seguros e confiáveis, de conduta e comportamento, de modo que o crente tenha onde se ancorar. Isso é feito através da ministração da Palavra de Deus e de bons exemplos de vida dos líderes. O apóstolo Paulo se ocupava e se empenhava diuturnamente nessa lida, diante de tantas igrejas emergentes. Esse precisa ser um trabalho contínuo com vistas a construir alicerces inabaláveis de princípios e padrões morais e espirituais, na tentativa de prevenir a prática do pecado. A disciplina corretiva se impõe como necessária quando a prática do pecado é verificada. No ensino do Senhor Jesus Cristo em Mateus 18.15-20 ela pode e deve ser exercida de forma equilibrada e curativa, respeitando-se três estágios de poder de persuasão crescentes e progressivos: 1º)O ofendido e o ofensor; 2º)O ofendido e algumas testemunhas e o ofensor; 3º)a Igreja e o ofensor. A disciplina eclesiástica cirúrgica ablativa é o nível extremo e, portanto, a mais traumática e se impõe quando todas as tentativas anteriores não surtiram efeito e o infrator mantém-se impenitente. O termo “cirúrgico ablativo” se aplica pela similaridade figurada entre se extirpar do corpo humano um tumor e se desligar do corpo de Cristo, a Igreja, um membro que se recusa a arrepender-se e a deixar o pecado. A responsabilidade de julgar, disciplinar, cassar privilégios e excluir do rol de membros é prerrogativa da igreja ou de sua liderança formalmente constituída e por delegação desta, fundamentado nas Escrituras e na autoridade delegada pelo Senhor e cabeça da Igreja (Mt 18.17-20). É nesta linha que o apóstolo caminha (vv.3 e 4) antes de pronunciar a sua sentença.

A proposição do apóstolo no versículo 5 chega a ser chocante, pelo menos à primeira vista. Não se pode perder de vista que o pecado já se encarrega de cortar a comunhão do homem com Deus (Is 59.2). Separado de Deus o pecador está na esfera de ação e domínio de Satanás. Deus não tem compromisso com os ímpios, portanto, estes se tornam vulneráveis a ação de Satanás. Quando permitido por Deus, Satanás pode até causar destruição, mas seu poder é limitado à carne: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.” (Mt 10.28). Só Deus tem poder para salvar ou para fazer perecer o corpo e a alma: “Um só é Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e fazer perecer; …”(Tg 4.12). Só Deus conhece aqueles que são verdadeiramente seus filhos. Estes jamais se perderão eternamente. Podem até precisar passar por tribulações extremas e destruição do corpo para se voltarem para o Pai, tal qual experimentou o filho pródigo.

2.2 – A importância da disciplina (1Co 5.6-8)

a) A imoralidade e seu efeito contagioso

6  Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?

A argumentação do apóstolo é de fácil compreensão e de extrema relevância. Algumas pessoas, com suas práticas ilícitas e vidas pecaminosas, com sua carnalidade,  têm o poder de afetar ou influenciar negativamente a igreja toda tal qual o faz o fermento na massa onde está inserido. Percebe-se que a preocupação do apóstolo não está centrada apenas no transgressor, mas no efeito nada desprezível da expansão do mal, quando a causa não é tratada. Fica fácil compreender isso quando se está diante de uma epidemia virótica cujo contágio se dá de pessoa a pessoa, pelo ar (o filme EBOLA é uma boa ilustração disso e, mais recentemente, a pandemia da Covid 19).

O pecado é uma espécie de vírus com altíssimo poder de contágio e de destruição. Se não for isolado e contido na esfera da igreja tem o poder de anulá-la ou de destruí-la. Aqueles que de alguma forma cultuavam o saber pareciam não entender algo tão óbvio: “Um pouco de fermento leveda toda a massa.” (comp. Gl 5.9).

O que é, e como atua o fermento?

“Os fermentos são ingredientes que dão volume, textura e maciez às preparações culinárias. Existem dois tipos de fermento, classificados segundo sua origem: fermento biológico, utilizado na fabricação de pães e pizzas e fermento químico ou em pó, indicado para bolos e biscoitos.

O fermento biológico é composto de microorganismos vivos[5] (saccharomyces cerevisae) que se reproduzem na presença de temperatura e do açúcar presente na massa. Este açúcar é o alimento do microorganismo, que se reproduz e libera o gás carbônico (CO2) necessário ao crescimento da massa.

O fermento químico é um composto de bicarbonato de sódio e um ácido que na presença de umidade e calor reagem e liberam gás carbônico. O gás carbônico (dióxido de carbono – CO2) liberado fica preso na massa formando bolhas. Com a temperatura do forno, as bolhas são expulsas para cima, levantando a massa, enquanto os outros ingredientes das receitas são assados. Como resultado, temos produtos fofos, macios e com volume.

Origem do Fermento (químico)

Por volta de 1800 descobriu-se que o bicarbonato de sódio produzia gás dióxido de carbono na presença de certos ácidos. As donas de casa da época descobriram que o bolo poderia crescer mais e ficar mais alto quando se utilizava o bicarbonato. Mas a utilização tinha os seus limitantes devido à tecnologia: o bicarbonato reagia muito rapidamente quando misturado à massa. Em 1835, o ´cremor de tártaro` foi misturado ao bicarbonato de sódio e o resultado foi surpreendente. Assim, foi criado o primeiro fermento. Por volta de 1850, o ácido utilizado passou a ser o “ácido fosfato monocálcico”. O poder do bicarbonato de sódio com este ácido melhorava o desempenho em cerca de 60%. O fermento químico passou, então, a ser utilizado cada vez mais.“[6]

“Em 1859, Louis Pasteur, o pai da microbiologia moderna, descobriu como o fermento funcionava. Alimentando-se de farinha de amido, o fermento produzia dióxido de carbono. Este gás expande o glúten na farinha e leva a massa de pão a expandir e crescer.”[7]

“A razão pela qual as pessoas geralmente preferem o fermento à levedura é porque esta demora muito, de 2 a 3 horas, para produzir as bolhas. O fermento em pó é instantâneo e você pode preparar uma massa de biscoito e comê-los depois de 15 minutos.”[8]

Considerando o fermento como algo mau, símbolo do pecado e da corrupção humana, podemos sugerir que o tempo de atuação do fermento biológico (antigo) está para o tempo de atuação do fermento químico (moderno), assim como a velocidade de propagação do pecado na antiguidade está para a velocidade de propagação do pecado hoje, que conta com todo o aparato tecnológico de transporte de pessoas e de ideias, cenas, imagens, comportamentos etc.

b) O  preço da santidade já foi pago

7 Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado.

O que é esse “velho fermento”? Como o fermento é visto na Bíblia?

“Fermento – Massa velha de farinha que azedou e da qual se põe um pouquinho na massa do pão para fazê-la crescer. Simboliza o crescimento tanto do bem {Mt 13.33} como do mal {Gl 5.9}.”[9]

“O fermento era uma substância que se empregava para produzir a fermentação da massa e fazê-la crescer, Êxodo 12.15, 19; 13.7. Nos tempos das Escrituras, o fermento fazia-se com um pouco de massa velha e fermentada. O pão fermentado por esse processo, tinha sabor desagradável e mau cheiro. Para evitar estes defeitos empregavam a levedura. Toda a oferta que se fazia ao Senhor não devia levar fermento, Levítico 2.11. Quando a oferta era consumida pelo ofertante, poderia levar fermento, Levítico 7.13; 23.17. O motivo principal da proibição baseava-se em que o fermento é uma decomposição incipiente, e servia de símbolo para representar a corrupção moral. Também para simbolizar as doutrinas falsas, Mateus 16.11; Marcos 8.15, e a perversidade do coração, 1Coríntios 5.6-8. As influências boas ou más comparam-se aos efeitos do fermento. A lei cerimonial proibia o uso de pão levedado e tê-lo em suas casas durante a festa da Páscoa. A ausência do fermento simbolizava a santidade de vida que se requer no serviço de Deus; relembrava a pressa com que abandonaram a terra do Egito, a farinha que trouxeram amassada sem tempo para meter-lhe o fermento e a insipidez do pão, Êxodo 12.39; Deuteronômio 16.3; 1Coríntios 5.7,8.”[10]

Portanto, cada crente em particular e, a igreja como um todo, precisa ser como massa sem fermento, pura e sem mácula diante de Deus e dos homens.

c) Celebrando com santidade

8  Por isso, celebremos a festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade.

As três festas religiosas mais importantes de Israel eram: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos. A Páscoa era celebrada no 14º dia do mês de Nisã (março – abril), que é o primeiro mês do calendário religioso dos judeus, seguida da festa dos Pães Asmos (sem fermento) que acontecia do 15º ao 21º dia.

O velho fermento que deveria ser evitado nas ofertas ao Senhor, reaparece nos dias de Jesus na figura e doutrina dos fariseus, que travestidas de piedade e religiosidade não passavam de fermento da maldade e malícia. Além da falsa aparência que procuravam projetar, acrescente-se que, assim como o fermento, a doutrina corrompida dos fariseus, saduceus e herodianos, penetrava no meio do povo, levedando-o, isto é, fazendo crescer a corrupção religiosa em toda a massa humana (Lc 12.1; Mt 16.6; Mc 8.15). Portanto, o fermento que não é de pão, é a “doutrina” dos grupos mencionados por Jesus (Mt 16.12).

O cordeiro pascoal deveria ser comido com “pães asmos e ervas amargas”.  O “pão asmo” era o pão sem fermento, simbolizando sinceridade e verdade.

Podemos resumir assim a figura do fermento:

a) No sentido bíblico geral: MAU

1º) PECADO – Ex.: imoralidade na igreja de Corinto.
2º) DOUTRINA FALSA – Ex.: Fariseus, Saduceus e Herodianos.

b) Na Parábola do Fermento (Mt 13.33)

Tratando-se do crescimento da igreja há duas linhas principais de interpretação:

Sentido MAU – Crescimento com impureza.

Sentido BOM  – Crescimento fantástico:
a) Agente mudo, mas poderoso;
b) Agente interno e invisível;
c) Contágio espiritual.

3. O AFASTAMENTO DA IMORALIDADE

3.1 – A necessária separação dos impuros (1Co 5.9-13)

9 Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros;
10  refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo.
11  Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais.
12  Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro?13  Os de fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor.

O assunto da não associação com os impuros não era novidade para os seus leitores, pois em carta anterior, que não chegou até nós, já fora mencionado. Há dois conceitos estabelecidos aqui neste final de capítulo que precisam ser bem compreendidos pelos cristãos:

1º) Associação com os “impuros deste mundo”.

É preciso distinguir a associação aqui tratada daquela associação no sentido de se estabelecer formal e legalmente uma sociedade de direitos e deveres, privilégios e obrigações entre duas ou mais pessoas, ou mesmo de um vínculo mais forte, ainda que não formal ou legal. Para estes últimos, o apóstolo Paulo dá a sua recomendação em 2Coríntios 6.14-18, “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?…….”, que se aplica a relacionamentos conjugais, comerciais, eclesiásticos e interpessoais.

Aqui se trata de contato ou relacionamento social ou comercial com pessoas da sociedade secular onde vivemos, mesmo que impuras. Seria difícil para o cristão sobreviver sem poder manter contato com as pessoas não cristãs. Não podemos nos isolar do mundo. Precisamos comprar víveres, roupas, remédios, objetos etc.; frequentar escolas; trabalhar; usar hospitais; usar meios de transportes; etc. etc. enfim, conviver com pessoas impuras. Por outro lado, como poderíamos evangelizar tais pessoas se não pudéssemos ter contato com elas? Obviamente não faz sentido um cristão transacionar com pessoas ou instituições sabidamente ilegais.

“Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.” (1Co 15.33 ARA)
“Não se deixem enganar: as más companhias corrompem os bons costumes.” (1Co 15.33 NVI)
“Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” (Sl 1.1)

Não podemos deixar de mencionar o risco que corre aquele cristão que, desprezando o alerta bíblico, mantém muita proximidade com pessoas ímpias e de má reputação. Em vez de sal da terra e luz do mundo pode acabar sendo influenciado a viver uma vida distante dos padrões bíblicos e cristãos.

2º)Associação com os “impuros que se dizem irmãos”.

Alguns cristãos têm dificuldade para entender que, quando um membro de igreja cai, a situação é mais séria e grave do que quando o mesmo acontece com um não cristão. A máxima “a quem muito foi dado, muito será exigido” se aplica aqui. A iluminação espiritual recebida pelo cristão torna a cobrança muito maior. Tudo aquilo de errado que o ímpio faz enquanto está nas trevas lhe é perdoado quando ele se rende e confessa a Jesus como Senhor e Salvador. É claro que tal pessoa carregará na sua vida as consequências dos seus erros.

Você já parou para avaliar os tipos de “irmãos” mencionados, dos quais devemos manter distância: “…dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador…”. “Ou seja, é aquele que professa a fé cristã, mas tem comportamento imoral (“impuro”); ou tem afeição descabida pelas suas próprias posses materiais (“avarento”); ou o que distorce a religião verdadeira por sua prática ou ensinamentos (“idólatra”); ou o que tem o hábito de caluniar ou de espalhar boatos (“maldizente”); ou o que está sob o domínio de substâncias que impedem o comportamento racional (“beberrão”) – nas quais estão a bebida alcoólica e, certamente, as drogas – em vez de estar sob o controle do Espírito Santo; e, finalmente, o que demonstra ganância e não respeita a propriedade alheia (“roubador”)”. (Solano Portela)

Qual a razão ou as razões para essa proibição de associação com esses tais impuros de dentro da igreja? Evitar contaminar-se com o outro? Evitar ser considerado no mesmo estado que o outro? Evitar passar a impressão de que aprova o comportamento do outro? O mesmo apóstolo dá uma possível razão para essa atitude em 2Tessalonicenses 3.14: “Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado.” É provável que o objetivo prático de tal afastamento seja impactar o transgressor, de tal forma que envergonhado de seus pecados, caia em si, se arrependa, confesse e abandone os pecados e se volte para o Senhor.

Quer dizer que a orientação bíblica é de abandonar o “irmão” impuro à sua própria sorte? Absolutamente, não! Devemos, acima de tudo, amá-lo e orar por ele. Devemos exortá-lo a abandonar o pecado, demonstrando nossa tristeza com a atual situação.

Vale lembrar também outra situação de afastamento orientada pelo apóstolo João, estando em foco um suposto irmão na fé ou mesmo pessoa que professa uma fé não fundamentada na bíblia: “Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas.” (2Jo 1.10) 

O apóstolo conclui de forma clara e objetiva. Os de fora da igreja não são de nossa responsabilidade e sim de Deus, ou melhor, deles para com Deus, pois haverão de prestar contas a ele de sua rebeldia e rejeição ao Salvador. Quanto aos de dentro da igreja cabe a esta tomar as devidas providências. A omissão só piora as coisas, que já não estão boas. Se assim é, então Paulo pronuncia a sentença para o caso do incesto: “Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor.”

Conclusão

3  Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição;
4  que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra,
5  não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus;
6  e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador,
7  porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação. (1Ts 4.3-7)

Vivemos num tempo marcado por muita permissividade, tolerância e relativização da moral e dos princípios e valores cristãos. A enorme produção de conteúdo midiático imoral e sua ampla e jamais vista facilidade de divulgação, seja pela internet, redes sociais ou tantos outros veículos de propagação são um verdadeiro desafio ao cristão. Torna-se mandatório firmar-se em Cristo e na sua Palavra para resistir e não ser arrastado por essa onda de devassidão que varre o planeta.  Por sua vez, as lideranças das igrejas precisarão estar cada vez mais atentas, agindo preventivamente para fortalecer a fé dos seus membros e não se comportando como os de Corinto que faziam “vista grossa” para a imoralidade explícita no seu arraial.

A imoralidade precisa ser combatida, pois destrói a vida da própria pessoa, corta a comunhão com Deus, afeta toda a igreja comprometendo o seu testemunho e reputação!

Que Deus nos ajude!

Bibliografia

1. Bíblia Sagrada (SBB – Versão Revista e Atualizada).
2. Bíblia Online – SBB.
3. Revista ANDAI NO ESPÍRITO (Ed. Didaquê).
4. Internet.


[1] Na versão ARA, o termo grego “porneia” e suas declinações também são traduzidos por: “relações sexuais ilícitas” (Mt 19.9); “impureza” (1Co 6.13); “prostituição”, às vezes com o sentido de prostituição espiritual ou infidelidade a Deus ou idolatria (Gl 5.19; 1Ts 4.3; Ap 19.2); “impudicícia” (Ef 5.3).

[2] Incesto: Incesto é a relação sexual ou marital entre parentes próximos ou alguma forma de restrição sexual dentro de determinada sociedade. A procriação entre parentes próximos (inbreeding) tende a aumentar o número de homozigotos de determinada população, reduzindo, portanto, a variabilidade genética da mesma. Em todas as sociedades o casamento é regulado por regras de endogamia e de exogamia. As primeiras se referem aos casamentos dentro do grupo, e a segunda, fora do grupo. O conceito de dentro e fora é bastante variável: em alguns casos, estende-se o grupo apenas no âmbito da família consanguínea, em outros a todo um clã ou grupo linguístico. O incesto se inscreve entre as práticas endogâmicas, ou seja, é o casamento (ou prática do sexo, o que às vezes implica no mesmo) que acontece dentro do grupo. As relações entre primos, na maioria dos países, não são consideradas incesto, já que é permitido o casamento entre eles. (Wikipédia)

[3] Parentes Próximos: Além de parentes por nascimento, podem ser considerados parentes aqueles que se unem ao grupo familiar por adoção ou casamento.

[4] CIRURGIA ABLATIVA:  Tipo de cirurgia em que se remove parte, ou todo, do órgão afetado pelo câncer.

[5] Inofensivos à saúde.

[6] Internet: site Dona Benta (2009).

[7] Internet (2009).

[8] Internet (2009).

[9] SBB – Bíblia Online.

[10] Davis, John D. – Dicionário da Bíblia – JUERP.


Apêndice

CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO (Lei 10.406, de 10/01/2002)

LIVRO IV
Do Direito de Família

TÍTULO I
Do Direito Pessoal

SUBTÍTULO I
Do Casamento

CAPÍTULO I
Disposições Gerais

…………………………..

CAPÍTULO II
Da Capacidade PARA O CASAMENTO

Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.

Parágrafo único.
Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631.

Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização.(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)(Vigência)

Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.

Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 13.811, de 2019).

CAPÍTULO III
Dos Impedimentos

Art. 1.521. Não podem casar:
I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II – os afins em linha reta;
III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V – o adotado com o filho do adotante;
VI – as pessoas casadas;
VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.

Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.

Parágrafo único.

Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.

CAPÍTULO IV

Das causas suspensivas
Art. 1.523. Não devem casar:

I – o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II – a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III – o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
IV – o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único.
É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.

Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins.

Pequenos Grupos, Grandes Resultados

Introdução          

O mundo gira em torno da globalização, porém as pessoas continuam caminhando nas suas tribos, nos seus grupos de afinidade!

Muitos são os fatores que podem exercer um papel importante no crescimento de uma igreja, um crescimento integral, que contemple aspectos muito além de números, tais como, maturidade espiritual, estreitamento da comunhão com Deus e com os irmãos, adoração autêntica, conhecimento da palavra e prática da fé, integridade moral, influência e transformação de pessoas, famílias e da sociedade. Neste caso, os pequenos grupos desempenham um papel relevante e determinante que precisa ser considerado.

Desde já é preciso esclarecer que não defendemos o modelo de estrutura de igreja celular ou em células ou em grupos, porém, o modelo tradicional, com ênfase na igreja como um todo, com grupos ou com células que são uma extensão ou ferramenta usada complementarmente para alcançar seus objetivos. Veja no “Apêndice” uma conceituação mais ampla dos dois modelos.    

O presente estudo tem o propósito de chamar a atenção para a importância dos pequenos grupos e do discipulado no crescimento da igreja; para a responsabilidade da liderança em preparar novos líderes e viabilizar essa assistência aos irmãos, promovendo crentes conhecedores e praticantes da Palavra de Deus.

Desenvolvimento:

1. PEQUENOS GRUPOS, NO ANTIGO TESTAMENTO

Pequenos grupos de convivência, compartilhamento e desenvolvimento não são novidade. Podemos considerar que a família consanguínea, de certa forma, é o embrião de pequenos grupos.  No Antigo Testamento há um clássico exemplo em termos de divisão de responsabilidade na gestão de pessoas, com a correspondente divisão em grupos, no conselho de Jetro ao seu genro e líder de Israel, Moisés (Êx 18). Muitos séculos depois, num tempo de restauração pós-cativeiro, Esdras, o sacerdote, escriba e líder espiritual maior, se dispôs a buscar, cumprir e ensinar a lei do Senhor (Ed 7.10; Ne 8.1-6). E ele teve a sabedoria divina de dividir esta responsabilidade e privilégio de ensinar e liderar com outros (Ne 8.7-8).

2. PEQUENOS GRUPOS, NO NOVO TESTAMENTO

“E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo.” (At 5.42)

No Novo Testamento Jesus mesmo nos dá o exemplo quando chama e discipula o pequeno grupo dos doze. A igreja primitiva surge e se reúne no templo e nas casas, em pequenos grupos (At 2.42; 5.42; 20.20; Rm 16.5; 1Co 16.19; Cl 4.15). Foi com este modelo que a igreja neotestamentária se manteve ativa, se fortaleceu e se expandiu. Se deu certo naquele tempo, por que não daria hoje?

3. PEQUENOS GRUPOS, HOJE

Uma igreja com o templo superlotado de pessoas rasas na fé, inoperantes e centralizadas em um “pastor estrela” não é bom prognóstico. Não há garantia de futuro nesse modelo sonhado e desejado por muitos pastores. “Uma igreja não pode subsistir apenas na forma de auditórios superlotados, transformando-se em plateia consumidora de porções de regalo espiritual”. 

O Espírito Santo foi derramado sobre todos os salvos, distribuindo dons e chamando-os para adorar e servir a Deus; viver plenamente, testemunhar e pregar o Evangelho onde estiver; ensinar, discipular e exercer misericórdia. Fomos salvos para servir e não para incrementar estatísticas eclesiásticas, para ser mais um número na multidão. Fomos salvos e comissionados para sermos sal da terra e luz do mundo; infiltrados em toda a parte, presentes em todos os espaços que nos forem permitidos, a partir do lar e na sociedade. Isso está em perfeita harmonia com o ensino bíblico do sacerdócio universal dos crentes (1Pe 2.9).   

As Sociedades Internas ou Departamentos e Escola Bíblica Dominical (EBD), nas dependências da igreja, bem como os Pequenos Grupos, nos lares, são formas de promover a comunhão, o discipulado, o pastoreio e a evangelização entre os membros e os visitantes. Particularmente, os pequenos grupos desempenham um papel fundamental na vida e na dinâmica das igrejas em todo o mundo.

4. PEQUENOS GRUPOS E SUA RELEVÂNCIA

Eles são conhecidos por vários nomes, como grupos de células, grupos familiares, grupos de estudo bíblico ou grupos de comunhão, mas, independentemente do nome, sua importância para o crescimento espiritual e numérico da igreja é universalmente reconhecida pelos seguintes motivos, dentre outros:

1º) Comunhão e Relacionamento

Proporcionam um ambiente acolhedor onde os membros da igreja podem se conhecer melhor, desenvolver relacionamentos sólidos e não fluidos, e construir um sentimento de comunhão cristã. Isso promove um senso de pertencimento e apoio mútuo dentro da igreja.

2º) Crescimento Espiritual

São espaços ideais para o estudo da Bíblia, oração e discussão de temas espirituais. Eles permitem que os participantes cresçam em sua compreensão da fé, aprendam uns com os outros e apliquem princípios cristãos à vida cotidiana.

3º) Cuidado Pastoral

Os líderes dos pequenos grupos, bem como as lideranças presentes, muitas vezes desempenham um papel importante no cuidado pastoral. Eles podem identificar necessidades individuais, oferecer apoio emocional e espiritual e encaminhar pessoas para o pastor ou líder da igreja quando necessário.

4º) Evangelismo

Os pequenos grupos proporcionam oportunidades para que os membros da igreja convidem amigos, vizinhos e colegas de trabalho não crentes para participar. Um ambiente menos formal muitas vezes é mais convidativo para pessoas que podem se sentir desconfortáveis num culto público no templo. Portanto, oferece a oportunidade para se alcançar pessoas que ainda não conhecem a Jesus, através do testemunho e do convívio.

5º) Participação Ativa

Em uma igreja com muitos membros, pode ser desafiador mobilizar todos os membros para se envolverem ativamente. Os pequenos grupos oferecem um espaço onde as pessoas podem participar, liderar estudos bíblicos, orar em público e servir de várias maneiras, o que pode fortalecer seu senso de responsabilidade e utilidade na igreja. Portanto, oferece a oportunidade do desenvolvimento de dons, talentos e ministérios para servir a Deus e ao próximo.

6º) Apoio em Tempos de Crise

Quando membros da igreja enfrentam dificuldades pessoais, como doenças, perdas familiares ou desafios financeiros, os pequenos grupos muitas vezes se tornam uma fonte valiosa de apoio prático e emocional. É um espaço precioso para o encorajamento e fortalecimento espiritual através da oração, do estudo da Bíblia e da orientação espiritual.   

7º) Crescimento da Igreja

Os pequenos grupos podem servir como um meio eficaz de crescimento da igreja. À medida que os membros se envolvem em grupos menores, eles se sentem mais conectados à comunidade e são mais propensos a permanecer e convidar outras pessoas para se juntarem à igreja. Também oferecem um ambiente propício para o discipulado, onde os cristãos mais maduros podem orientar e mentorear os mais novos na fé. Desta forma, proporcionam a oportunidade de um crescimento integral.

5. PEQUENOS GRUPOS E ALGUNS DESTAQUES

As Sociedades Internas ou Departamentos da igreja são normalmente formados levando-se em conta faixas de idade (crianças, adolescentes e jovens) ou sexo (adultos homens, adultos mulheres) ou grupos organizados por afinidade e áreas de interesse (casais, sós, idosos etc.). Portanto, desta forma constituídos, procura-se reunir pessoas que se identifiquem melhor por possuírem interesses e expectativas comuns, bem como adequar melhor o conteúdo ao estado de desenvolvimento do ser humano e/ou às suas necessidades, dentre outras razões.

Os pequenos grupos nos lares, com uma composição mais heterogênica, como uma família consanguínea estendida, oferecem a oportunidade de um convívio mais estreito e necessário das pessoas, afinal, os jovens precisam se apropriar da experiência e legado dos mais velhos, bem como os mais velhos precisam se atualizar sempre, precisam conhecer e ver melhor o mundo vivido pelos mais jovens, até mesmo para se posicionarem de forma mais realista e poderem contribuir mais e melhor para o bem de todos.

Os Pequenos Grupos podem  ser considerados ou usados como uma extensão da família menor. Podem ser a única “família de fato” para os que não têm mais família ou que estão morando muito longe da família e de outros parentes.

O destaque final e comprovado na minha própria experiência de vida é que, os Pequenos Grupos, conseguem formar laços de relacionamento tão fortes e viscerais, que mesmo quando algumas pessoas do grupo se transferem para outras igrejas ainda continuam frequentando o grupo.

6. PEQUENOS GRUPOS E LIDERANÇA

“E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.” (2Tm 2.2)

Considerando que os pastores não têm como trabalhar sozinhos, é preciso investir na formação de líderes, pessoas fiéis e idôneas, que possam atuar na igreja e, também, nos Pequenos Grupos para um discipulado efetivo, que é muito mais do que um projeto eventual, é um estilo de vida permanente. Jesus fez isso com os doze e nos deu o exemplo. Ele os ensinou, os treinou, fazendo e ensinando a fazer, fez na presença deles e os enviou para fazerem sem a presença física dele. Ele chamou homens simples e os capacitou. Na história da igreja muitas pessoas, de diversos tipos, formação e classes sociais, foram chamadas, mas deveriam esvaziar-se de si mesmas, para serem moldadas e capacitadas pelo Espírito Santo. Sem dúvida, o treinamento adequado das pessoas certas será de grande valia para o discipulado e crescimento integral dos crentes e da igreja.

Conclusão

Em resumo, os pequenos grupos desempenham um papel vital na vida da igreja: fortalecendo a comunhão e os relacionamentos; promovendo o crescimento espiritual dos crentes; cuidando pastoralmente dos membros; atraindo e evangelizando amigos e vizinhos; proporcionando a oportunidade de participação ativa, bem como o desenvolvimento de dons e talentos, com vistas ao sacerdócio universal dos crentes; apoiando e sustentando os irmãos em tempos difíceis;  e, contribuindo para o crescimento integral e o impacto da igreja na comunidade. Eles oferecem uma experiência mais pessoal e envolvente em complemento ao culto público e são uma parte essencial do ministério cristão eficaz.

Vale transcrever aqui parte do texto de capa do livro citado no item 4 da Bibliografia:

“As igrejas deveriam ser o último lugar para alguém se sentir só.

Fomos criados para viver em comunidade. Nosso coração anseia pelo tipo de relacionamento autêntico e profundo no qual Jesus pensou ao orar para que seus discípulos fossem um. Mesmo assim, essa qualidade de relacionamento ainda é muito difícil de encontrar. Como, então, uma igreja pode se transformar em um lugar onde ninguém se sinta sozinho?

Muitas igrejas estão descobrindo a resposta nos grupos pequenos. De modo único, eles oferecem o ambiente ideal que edifica e fortalece o corpo de Cristo, preparando o para crescer impactar o mundo. Na Willow Creek Community Church, os grupos pequenos são tão importantes que definem sua visão estratégica organizacional.

Em Edificando uma igreja de pequenos grupos, os autores compartilham a história de como Willow Creek se tornou uma igreja onde mais de 18000 pessoas se relacionam em 2700 grupos pequenos todas as semanas. Eles também mostram como uma igreja – não importando o tamanho – pode se tornar um lugar onde homens e mulheres, adultos e crianças, podem experimentar uma vida frutífera em comunidade e crescer com saúde e vitalidade espiritual.”
(Larry Crabb, psicólogo e autor)

Que Deus nos ajude!

Bibliografia

1. Bíblia Sagrada (SBB – Versão Revista e Atualizada).
2. Bíblia Online – SBB.
3. Revista Fazei Discípulos (Ed. Didaquê).
4. Edificando uma Igreja de Grupos Pequenos (Bill Donahue, Russ Robinson) (Editora Vida).
5. Internet.


Veja, também: Discipulado e crescimento da igreja.


Apêndice

Qual a diferença de uma igreja em grupos ou células, e com grupos ou células?

“A diferença entre uma igreja em grupos ou células e uma igreja com grupos ou células está relacionada à ênfase e ao papel desses grupos na vida da igreja. Vamos entender as distinções:

1. Igreja em Grupos ou Células:

   – Ênfase Principal: Nesse modelo, a ênfase principal recai sobre os grupos ou células. A igreja é vista como essencialmente composta por esses grupos pequenos, e as reuniões congregacionais são frequentemente vistas como complementares às atividades dos grupos ou células.

   – Funcionamento: Os grupos ou células são o núcleo da vida da igreja. Eles se reúnem regularmente para estudo da Bíblia, oração, comunhão e apoio mútuo. Muitas vezes, esses grupos são liderados por membros da igreja e desempenham um papel fundamental no discipulado e na comunhão.

   – Objetivos: Os grupos ou células em uma igreja desse modelo são geralmente responsáveis pelo discipulado, crescimento espiritual e cuidado pastoral dos membros. O objetivo é aprofundar relacionamentos e criar um ambiente íntimo para o crescimento espiritual.

2. Igreja com Grupos ou Células:

   – Ênfase Principal: Nesse modelo, a ênfase principal recai sobre a congregação como um todo, e os grupos ou células são uma extensão ou ferramenta usada pela igreja para alcançar seus objetivos.

   – Funcionamento: A congregação reúne-se regularmente em cultos e eventos congregacionais, que são o ponto central da vida da igreja. Além disso, a igreja usa grupos ou células para complementar o discipulado, a comunhão e o crescimento espiritual.

   – Objetivos: Os grupos ou células em uma igreja desse modelo podem ser usados para alcançar metas específicas, como discipulado mais próximo, cuidado pastoral eficaz ou alcance de diferentes grupos demográficos. Eles são considerados uma parte importante da estratégia da igreja, mas não substituem o papel central dos cultos congregacionais.

Em resumo, a principal diferença entre uma igreja em grupos ou células e uma igreja com grupos ou células está na ênfase dada a esses grupos em relação à congregação como um todo. Em uma igreja em grupos ou células, os grupos são a pedra angular da vida da igreja, enquanto em uma igreja com grupos ou células, os grupos são usados como uma ferramenta para apoiar e complementar os objetivos gerais da igreja. A escolha entre esses modelos depende das necessidades e da visão específica de cada congregação.” (Internet-IA)


Literatura

Certamente poderá ser encontrado no mercado literário evangélico alguns livros sobre a organização de Pequenos Grupos nas igrejas. Não conhecemos, portanto, não podemos recomendar, porém, apenas mencionar, para os que se interessarem em se aprofundar no assunto,  os seguintes livros:

– Liderança de Pequenos Grupos Com Propósitos (Steve Gladen)(Editora Vida).

– Edificando uma Igreja de Grupos Pequenos (Bill Donahue, Russ Robinson) (Editora Vida).

– Conduzindo pequenos grupos (Colin Marshall)(Editora Fiel)

– Pequenos Grupos: Implantação, revitalização e multiplicação na igreja (Dietmar Wimmersberger)(Editora Esperança).

– Pequenos Grupos. Um Guia Prático Para Implantação na Igreja (Dietmar Wimmersberger)(Editora União Cristã).

Certifique-se de escolher livros que se alinhem com a visão e os valores da sua igreja, bem como com a orientação teológica que você segue. Isso ajudará na implementação bem-sucedida de Grupos Pequenos na sua igreja.

Coração ardendo por Cristo!

Introdução

No Pentecostes a igreja começou a sua trajetória de forma impactante. Jesus foi assunto ao céu, mas o Espírito Santo desceu e inflamou os corações dos primeiros discípulos. E eles saíram por toda a parte cumprindo o IDE de Jesus e “transtornando” o mundo. Cada um dos onze apóstolos já havia dedicado sua vida integralmente ao Mestre e continuaram até o seu martírio. Outros discípulos e irmãos foram agregados, como Estêvão (também martirizado), Felipe, Barnabé e tantos outros. O poder de Deus se manifestou de forma explícita e inconfundível. O evangelho foi propagado de forma irresistível, porque as portas do inferno não podem prevalecer contra a igreja, que cresceu dia após dia.

Saulo de Tarso, o perseguidor da igreja, foi alcançado pela graça de Deus e recebeu a visita de Ananias e o comissionamento divino: “Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome.” (At 9.15-16). Com extremo zelo por Cristo, Saulo-Paulo e outros preciosos servos de Deus, expandiram os limites da igreja, escreveram o Novo Testamento e sistematizaram a Doutrina Cristã.

Ao longo dos séculos seguintes, apesar dos altos e baixos da igreja, Deus manteve a chama acesa e a igreja ainda hoje segue viva. Mais do que nunca essa igreja se depara agora com os sinais dos últimos tempos. Não importa quanto tempo falte (e é um erro marcar data), o fim está próximo! Jesus nos adverte: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai … Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá.” (Mt 24.36, 44). O que fazer no tempo que ainda nos resta?

1. CONTORNANDO A APOSTASIA

“Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc 18.8b)
“E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos.” (Mt 24.12)

A apostasia foi predita e já é uma realidade: “Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição,” (2Ts 2.3). A Europa já vive um pós-cristianismo; o secularismo e o progressismo anticristão avançam em todo o mundo. Então, o que o remanescente fiel a Cristo deve fazer?

Nós somos hábeis para detectar “corpo mole” ou lentidão na execução da tarefa; de jogador ou time que não sua a camisa; de atendente que demora a dar a resposta etc. Você já parou para pensar que há um Deus onipresente e onisciente acompanhando o nosso desempenho como seus servos e discípulos? Como será que ele está avaliando o meu e o seu desempenho no Reino? Pense nisso!

Diante dessa triste projeção escatológica da apostasia e abandono de Deus e da fé, a igreja é desafiada a voltar o seu olhar e a reviver o mesmo ardor e primeiro amor da igreja primitiva (neotestamentária)! Entendemos que a advertência de Jesus jamais deve ser interpretada como algo que alcançará a todos e que, portanto, devemos aceitar passivamente, assimilar e cruzar os braços. Não! Definitivamente, não! Somos desafiados a nos empenharmos sempre e cada vez mais, mantendo-nos firmes no Senhor e na defesa da fé evangélica!

2. SERVINDO COM ZELO

“No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor;” (Rm 12.11)

Os discípulos de Jesus são diferentes em vários aspectos; têm mais ou menos capacidade mental e intelectual, escolaridade e recursos financeiros. Entretanto, todos temos 24h por dia e muitas oportunidades para testemunhar dele. Nenhum seguidor de Jesus será desculpado por sua negligência, apatia e falta de zelo em servir ao Mestre!  

O salmo messiânico fala do zelo do Messias vindouro, o que serve de referência e inspiração para os seus seguidores: “Pois o zelo da tua casa me consumiu, e as injúrias dos que te ultrajam caem sobre mim.” (Sl 69.9; comp. Jo 2.17). Zelo este não só pelo Senhor e sua obra, mas que deve alcançar, também, os seus servos: os nossos líderes, liderados, irmãos e necessitados (2Co 7.7; 9.2; 11.2).

Há muitos religiosos que têm zelo por Deus, porém, sem entendimento (Rm 10.2). O próprio apóstolo Paulo se incluiu entre estes que assim procediam, no seu passado sombrio, antes do seu encontro com o Senhor: “quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.” (Fp 3.6). Ele era fariseu e um dedicado religioso. Após a sua conversão, ele também se tornou um servo fiel e extremamente zeloso. “Alguém tentou captar o ardor da sua vida no seguinte esboço:

É homem sem preocupação de fazer amigos, sem esperança ou desejo de bens terrenos, sem apreensão por perdas terrenas, sem preocupação com a vida, sem temor da morte.

É homem livre de classe, país e condição. Homem de um só pensamento – o Evangelho de Cristo. Homem de um só propósito – a Glória de Deus. Louco, e contente por ser considerado louco por amor a Cristo. Que lhe chamem entusiasta, fanático, tagarela, ou qualquer outro grotesco título desclassificado que o mundo possa escolher para aplicar-lhe. Mas, que seja um desclassificado. Tão logo lhe chamem comerciante, chefe de família, cidadão, rico, homem do mundo, douto, ou mesmo homem de bom senso, tudo isto passa por alto sua personalidade. Ele é obrigado a falar, se não morre; e ainda que morra, falará. Não tem descanso, mas se apressa por terra e mar, por rochas e desertos ínvios. Brada alto e bom som, sem se poupar, e nada o deterá. Nas prisões, eleva a voz, e nos temporais do oceano, não fica em silêncio. Perante concílios temíveis e reis coroados, dá testemunho em prol da verdade. Nada pode apagar a sua voz, exceto a morte, e mesmo ao se lhe executar a sentença de morte, antes que a faca lhe separe a cabeça do corpo, ele fala, ora, testifica, confessa, suplica, luta e finalmente abençoa os homens cruéis.

Ao longo da história da igreja muitos servos e servas de Deus demonstraram o desejo ardente de agradar, obedecer e servir a Deus. Somos desafiados a seguir nesta mesma linha!

3. TURBINANDO A FÉ COM UM ATEU

É isso mesmo, você não entendeu errado. William MacDonald relata que C. T. Studd (1860-1931),  missionário britânico, foi estimulado por um artigo escrito por um ateu, a entregar-se à plena dedicação a Cristo. O artigo dizia assim:

“Se eu acreditasse com firmeza, como dizem milhões que acreditam, que o conhecimento e a prática da religião nesta vida influenciam o destino na outra, a religião significaria tudo para mim. Eu jogaria fora os gozos da Terra como refugo, as preocupações terrenas como loucuras, e os pensamentos e sentimentos terrenos como vaidade. A religião seria o meu primeiro pensamento ao despertar, e a última imagem em minha mente antes de dormir e afundar na inconsciência. Eu trabalharia somente por ela. Consideraria que ganhar uma alma para o céu vale uma vida de sofrimento. Consequências terrenas nunca deteriam a minha mão, nem selariam os meus lábios. A Terra, suas alegrias e suas penas não ocupariam um instante dos meus pensamentos. Lutaria para ter em consideração somente a eternidade, e para levar as almas imortais que me rodeiam a serem logo eternamente felizes ou eternamente miseráveis. Eu sairia ao mundo para pregar-lhe a tempo e a fora de tempo, e eis o texto que usaria: QUE APROVEITA AO HOMEM GANHAR O MUNDO INTEIRO E PERDER A SUA ALMA?”

C. T. Studd uma vez escreveu:

“Querem alguns viver dentro do som dos sinos de sua igreja.
Que eu dirija uma agência de resgate bem num pátio do inferno.”

João Wesley foi homem de zelo. Disse ele: “Dê-me cem homens que amem a Deus de todo o coração e não temam nada, exceto o pecado, e abalarei o mundo”.

4. APRENDENDO COM A MILITÂNCIA COMUNISTA

Não tenho dúvida de que o comunismo marxista é incompatível com o cristianismo, com a fé cristã. No artigo publicado no meu blog Cristão e Comunismo – Como conciliar? é feita uma ampla exposição sobre o assunto. Portanto, nosso objetivo aqui é chamar a atenção para o empenho de seguidores dessa nefasta ideologia.

“O avanço comunista no mundo é um tema complexo e controverso, que envolve diferentes perspectivas históricas, políticas e econômicas. De acordo com alguns resultados da web, o comunismo é uma ideologia que defende a abolição da propriedade privada e a igualdade social entre as classes. O comunismo foi inspirado pela teoria de Karl Marx e Friedrich Engels, mas nunca foi aplicado na sua forma original em nenhum país. No século XX, o comunismo se expandiu principalmente pela União Soviética e pela China, que lideraram blocos de países aliados contra o capitalismo ocidental. No entanto, o comunismo entrou em crise com a queda do Muro de Berlim em 1989 e o colapso da União Soviética em 1991, que marcaram o fim da Guerra Fria e a emergência dos Estados Unidos como a única superpotência mundial. Atualmente, existem poucos países que se declaram comunistas, como China, Cuba, Vietnã e Coreia do Norte, mas eles apresentam diferenças significativas entre si e têm adotado algumas reformas de mercado e abertura política.”[1]

Há quem tenha declarado que a grande decepção da igreja cristã no século XX está no fato de que se viu mais zelo entre os comunistas do que entre cristãos!

William MacDonald registra que em 1903, Lênin, um homem com 17 seguidores começou o seu ataque comunista ao mundo. Por volta de 1918, o número tinha aumentado para 40 mil e, com estes, ele conseguiu o domínio de 160 milhões de pessoas da Rússia.

Na linha do tempo simplificada dos principais eventos relacionados ao comunismo, a seguir apresentada, pode-se ver como o Brasil está na mira dessa perversa ideologia, desde o seu início (Rússia – 1917 => Brasil – 1922).

  • 1848: Publicação do Manifesto Comunista de Marx e Engels, que expõe os princípios fundamentais do comunismo marxista[2] e critica o capitalismo.
  • 1917: Revolução Russa, que derrubou o czarismo e instaurou o primeiro Estado socialista do mundo, liderado por Lenin e pelo Partido Bolchevique.
  • 1922: Formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A Rússia comunista é formalmente organizada como a URSS, uma união de repúblicas socialistas.
  • 1922: Fundação do Partido Comunista do Brasil (PCB), um dos primeiros partidos comunistas da América Latina.
  • 1924: Morte de Lênin e ascensão de Stalin. Josef Stalin emerge como o líder dominante da URSS após a morte de Lênin, consolidando seu poder ao longo dos anos.
  • 1945: Fim da Segunda Guerra Mundial. A URSS desponta como uma das superpotências após a derrota da Alemanha nazista, dando início à Guerra Fria com os Estados Unidos e seus aliados ocidentais.
  • 1949: Estabelecimento da República Popular da China. Liderados por Mao Tsé-tung, os comunistas vencem a Guerra Civil Chinesa e estabelecem o governo comunista na China continental.
  • 1959: Revolução Cubana. Liderada por Fidel Castro, a Revolução Cubana resultou na instauração de um governo comunista em Cuba.
  • 1960-1980: Disseminação do comunismo. O comunismo se espalhou por várias partes do mundo, como os países do bloco oriental da Europa (Europa Oriental), Vietnã, Laos, Camboja e outros.
  • 1989-1991: Queda do comunismo europeu. Eventos como a queda do Muro de Berlim (1989) e o colapso da URSS (1991) marcam o fim do bloco comunista europeu e o enfraquecimento do comunismo globalmente.
  • Século XXI: Comunismo Contemporâneo. O comunismo continua a existir em alguns países, embora tenha perdido a influência global que teve durante o século XX.

Engana-se quem ignora e subestima a força e a determinação expansionista e dominadora dos defensores do comunismo! Vale ressaltar que a causa nunca foi pela igualdade ou pelos menos favorecidos, mas sim pela ambição do poder. Eles estão mais vivos do que nunca, com tentáculos nos sindicatos, nas escolas e universidades, nas várias expressões e manifestações culturais (marxismo cultural) etc. É um comunismo travestido de socialismo. Eles podem esconder o rótulo, mudar a embalagem, mas o produto é o mesmo: estado forte e ditador; fim do direito a herança, a propriedade etc. Eles são como o diabo, nunca desistem! Por mais que nós cristãos esclarecidos e atentos repelimos essa ideologia, não podemos deixar de admirar o zelo e determinação que têm em prol da sua causa.

Conta-se que, em certa ocasião, Billy Graham leu uma carta escrita por um estudante universitário americano que se converteu ao comunismo, no México. O propósito da carta era explicar à sua noiva os motivos que o levavam a romper o seu compromisso com ela. Preste bem a atenção ao que ele diz e compare com a sua vida cristã. É bom deixar claro desde já que não há aqui qualquer incitação ao fanatismo cristão, tão somente à necessidade de reflexão sobre a proposta do discipulado cristão e como estamos respondendo a ela. Eis o texto da carta:

“Nós comunistas temos alto índice de baixas. Somos dos que são alvejados, enforcados, linchados, provocados, intimados, detidos, despachados dos empregos, e por todos os outros meios dão-nos tanto desconforto quanto possível. Certa porcentagem de nós é morta ou aprisionada. Vivemos virtualmente na pobreza. Devolvemos ao partido cada centavo além do absolutamente necessário para manter-nos vivos. Nós comunistas não temos tempo para muitos cinemas, concertos, lautas refeições, ou casas decentes e carros novos. Temos sido descritos como fanáticos. Somos fanáticos. As nossas vidas são dominadas por um grande fator que a tudo eclipsa: A LUTA PELO COMUNISMO MUNDIAL.

Nós comunistas temos uma filosofia de vida que nenhuma soma de dinheiro poderia comprar. Temos uma causa pela qual lutar, um propósito definido na vida. Subordinamos o nosso pequenino ´eu` pessoal a um grande movimento da humanidade, e se a nossa vida pessoal parece dura, ou se o nosso ego parece sofrer com a subordinação ao partido, temos adequada recompensa no pensamento de que cada um de nós a seu modesto modo, está contribuindo para algo novo, real e melhor para a espécie humana. Há uma coisa na qual estou empenhado com um intenso zelo, e essa coisa é a causa comunista. É minha vida, meu negócio, minha religião, minha distração, minha namorada, minha esposa, minha amante, meu pão, minha comida. Trabalho por essa causa o dia inteiro, e de noite sonho com ela. Sua posse sobre mim cresce; não diminui com o passar do tempo. Portanto, não posso dar continuidade a uma amizade, a um caso de amor, ou sequer a uma conversação, sem ligar isso a esta força que ao mesmo tempo empurra e guia a minha vida. Avalio as pessoas, os livros, as ideias e as ações segundo a forma como afetam a causa comunista e por sua atitude para com ela. Já estive na prisão por causa das minhas ideias e, se necessário, estou pronto para enfrentar o pelotão de fuzilamento.”

Enfim, se os comunistas podem ser assim tão determinados e dedicados à sua causa, quanto mais nós cristãos deveríamos nos entregar, de corpo e alma, à causa de Cristo? Ou, será que o que Cristo fez por nós não merece que façamos tudo por ele? Ou, será que uma causa como a comunista, terrena e limitada a esta vida, com efeito desastroso para a humanidade, seria mais importante do que a de Cristo, que traz uma nova vida que jorra para a vida eterna?

Conclusão

“Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.” (Hb 10.25)

Muitos são os desafios que se apresentam para a igreja à medida que o dia da volta de Cristo se aproxima. Desafios externos e internos à igreja. A sedução do secularismo e dos atrativos efêmeros ofertados tentam nos desviar do foco e da nossa principal missão aqui neste mundo. Muitos que caminham conosco se levantam criticando a igreja e outros, que já desertaram seguindo “carreira solo” incentivam a opção de “desigrejados”. Muitos perderam de vista que foram salvos para servir e se comportam como clientes exigentes a serem servidos. A perseguição à igreja aumenta cada vez mais porque ela ainda incomoda e se opõe às ideologias nefastas e práticas pecaminosas desse sistema mundano.

“Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma.” (2Co 12.15)

Portanto, diante de tal contexto e na expectativa da iminente volta de Cristo, não é o caso de se render à apostasia. Ao contrário, vigiemos e oremos. Permitamos que o nosso coração possa arder por Cristo, continuamente. Que, no tempo que se chama hoje, possamos nos empenhar, nos gastar, servindo ao Senhor, à sua igreja, aos irmãos e aos ainda não alcançados pela graça divina!   

“exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes por modo digno de Deus, que vos chama para o seu reino e glória.” (1Ts 2.12)

É tempo de nos admoestarmos e encorajarmos uns aos outros!

Que o Senhor nos ajude!

Bibliografia
1. Bíblia Sagrada (SBB – Versão Revista e Atualizada).
2. Bíblia Online – SBB.
3. O Discipulado verdadeiro – William MacDonald (Ed. Mundo Cristão).
4. Enciclopédia Mirador Internacional.
5. Internet.


[1] Internet

[2] “Tendo em vista a situação específica de sua época, Marx fornece em seguida algumas características do comunismo: abolição da propriedade dos meios sociais de produção, o que não significa abolição de toda e qualquer espécie de propriedade privada; supressão da apropriação do trabalho de outrem; supressão da estrutura familiar burguesa, o que não significa supressão da família.”

As dez máximas do Evangelho

“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16)

Esta conjunção coordenativa explicativa que inicia o versículo é seguida da: maior resposta à necessidade humana de salvação eterna; maior expressão da graça divina.

O maior e mais poderoso ser eternamente existente, tanto no mundo espiritual como no material, o Supremo Criador, Sustentador e Governante do universo visível e invisível aos olhos humanos. (At 17.24-28)
A maior e mais excelente virtude que há, sendo ela a própria essência de Deus (Deus é amor!). (1Jo 4.7-8; 1Co 13.13)
O maior conjunto de seres humanos, os habitantes do planeta Terra de todas as épocas. (Jo 17.3)
O maior grau de intensidade, inalcançável pela mente humana. (1Jo 4.11; 1Pe 1.18-19)
A maior demonstração e prova do verdadeiro amor, o maior e perfeito sacrifício vicário (substitutivo) pelo pecador condenado pela justiça divina (eu, você e todos os outros humanos). (1Jo 4.10)
O ser mais sublime, o Deus-homem e homem-Deus, único, a expressão máxima do ser de Deus – Jesus Cristo. (Cl 1.15)
O ser humano mais privilegiado e bem-aventurado – aquele que crê no Filho de Deus. (Jo 3.36)
O maior e mais importante livramento que o ser humano pode experimentar – da morte eterna ou da eterna separação do Criador. (Rm 5.12)
O maior desejo e anseio humanos, o de “ter” algo de valor, que muitas vezes se mescla ou se confunde com o de “ser” (Ex.: ter saúde – ser saudável etc.). (Mc 8.36)
O maior e mais precioso tempo de existência, incomensurável. (1Co 2.9)

Diante dessa tão extraordinária e sublime revelação, qual tem sido a sua atitude?

Paulo Raposo Correia