As dez portas de Jerusalém

As dez portas

As dez portas mencionadas em Neemias 3, quando da restauração dos muros de Jerusalém, nos sugerem as seguintes mensagens, com a devida licença teológica:

Muros Jerusalém_PRC

1. A Porta das Ovelhas:

Esta porta ficava nas proximidades do templo e do tanque de Betesda (Jo 5.2). Foi a primeira mencionada em Neemias 3.1 e simbolicamente é a mais importante. Ela nos remete a Jesus:

“Jesus, pois, lhes afirmou de novo: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas.” (Jo 10.7).  Ele é o Cordeiro de Deus, o autor da salvação. “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem.” (Jo 10.9).

Sua mensagem: Restauração da nova vida em Cristo.

É um retorno ao início de tudo, ao primeiro amor.

2. A Porta do Peixe:

Esta porta se refere a peixes e por extensão a pescadores. Jesus começou seu ministério chamando pescadores e lhes propôs fazê-los “pescadores de homens”: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4.19)

Sua mensagem: Restauração de uma vida de testemunho.

Fala de reprodução e crescimento através do serviço mais sublime de ganhar almas para Cristo. É o resgate do IDE de Jesus – “Ir Diariamente Evangelizando”. É testemunhar o que Cristo fez em mim e quer fazer em você.

Evangelização é ordem do Senhor Jesus; Missão da Igreja; Privilégio e dever do cristão; a necessidade de cada criatura humana ainda não alcançada.

3. A Porta Velha:

…Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma;…” (Jr 6.16).

O Senhor Jesus disse: “Eu sou o caminho …”. O caminho apertado que começa lá cruz, mas que foi construído desde os céus, passando pelas páginas proféticas do Antigo Testamento.

Sua mensagem: Restauração e retomada do velho, mas sempre “novo e vivo caminho” (Hb 10.20).

O caminho trilhado pelos antigos profetas e apóstolos e por todos os que tomaram a decisão de viver sob a graça de Deus.

4. A Porta do Vale:

Esta porta, situada no lado sul do muro, dava acesso ao Vale de Hinom. Vale, nos remete a provação, angústia e dificuldade. A Bíblia diz:

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; …” (Sl 23.4).

Sua mensagem: Restauração da fé e confiança em Deus que há de nos sustentar nos momentos mais difíceis da caminhada.

A caminhada do cristão não é feita só de gozo e facilidades. Entretanto, as turbulências da vida, a sombra da morte, não trazem temor ao cristão, pois ali sempre haverá uma porta de escape; para o refúgio providenciado por Deus para os seus remidos ou para a Jerusalém celestial, se o Senhor o chamar.

5. A Porta do Monturo:

Monturo é lugar de despejo de lixo e imundícies. Tanto a Porta do Vale, quanto a do Monturo, ficavam na parte sul do muro. Ambas davam acesso ao vale de Hinom, lugar em que inicialmente os idólatras sacrificavam seus filhos a moloque. O lugar foi contaminado pelo rei Josias e se tornou emblema de pecado e maldição. Ali o fogo ardia continuamente sobre o lixo, dando origem a palavra Geena, o lugar dos castigos eternos. A Bíblia diz:

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9).

Sua mensagem: Restauração da comunhão com Deus após os eventuais tropeços e escorregadelas da caminhada.

Toda a contaminação do pecado durante a caminhada deve ser lançada pela porta do monturo. O sangue de Cristo nos purifica de todo o pecado.

6. A Porta da Fonte:

Esta porta estava situada no lado leste do muro e sugere a presença de uma fonte ali. A Bíblia diz:

Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.” (Jo 7.38).

Sua mensagem: Restauração da unção do Espírito Santo em nossa vida.

O Espírito Santo faz habitação no crente e realiza neste o novo nascimento e conversão (Jo 3.5). Entretanto, ao longo da caminhada ele pode ser colocado de lado e sua atuação fica sufocada. Ele precisa encher-nos outra vez, pois precisamos de sua plenitude e dos seus dons para uma caminhada com autoridade espiritual.

7. A Porta das Águas:

Estava situada no mesmo lado da Porta da Fonte, contígua a esta. A Bíblia diz:

Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3).

Sua mensagem: Restauração da santidade de vida pela assimilação e prática das Escrituras.

A Palavra de Deus nos lava a cada contato com ela, como faz a água (Ef 5.26). Ela nos aproxima de Deus e revela a sua boa, agradável e perfeita vontade (Rm 12.2). Ela também nos ilumina, guia e instrui pelo caminho que devemos andar, para não pecarmos contra Deus. Assim como a água é necessária e indispensável, para o corpo e para a vida, a Palavra de Deus é essencial para a preservação da vida espiritual.

8. A Porta dos Cavalos:

Os cavalos eram usados pelos soldados na guerra e em muitos serviços do cotidiano dos seus donos. O crente é salvo para servir sempre e de forma incondicional ao seu Senhor. Jesus disse aos seus discípulos, após lavar-lhes os pés:

Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.” (Jo 13.15).

Sua mensagem: Restauração da entrega incondicional ao serviço do Senhor.

Nossa oração deve ser: Usa-me Senhor Jesus, como usastes aquele simples e humilde jumentinho na tua entrada triunfal em Jerusalém. E, assim, através do serviço prestado a ti, nesta minha curta caminhada terrena, seja exaltado e glorificado o teu nome.

9. A Porta Oriental:

Como o nome sugere, esta porta ficava no lado leste do muro e do lado leste do Templo. Era o acesso principal ao Templo. Ficava do lado do nascer do sol, que desde o horizonte se projetava sobre o templo. Tal imagem e figura tornam-se ricas em simbolismos escatológicos.

“Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas;” (Ml 4.2a).

Sua mensagem: Restauração do Reino do Senhor Jesus sobre a terra.

Aquele que lança os seus primeiros raios sobre o templo prefigura o Senhor Jesus, o sol da justiça, que estenderá sobre toda a terra o seu governo e justiça, quando do seu reino milenar. O crente espera pelo raiar desse dia, quando o Senhor Jesus voltará para levá-lo consigo. “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa;” (Os 6.3a).

10. A Porta da Guarda (Mifcade):

Finalmente, temos a Porta da Guarda ou Mifcade. Alguns a interpretam como porta de acesso a lugar de revista de tropas ou inspeção; outros, a acesso a lugar de julgamento. Isso nos remete à ideia de prestação de contas. Portanto, esta última porta traz a mensagem do que devemos guardar e, também, daquilo que Deus tem guardado para nós. A Bíblia diz:

“Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti.” (Ap 3.3)

Enquanto aguardamos a Segunda Vinda de Cristo, somos alertados neste último livro da Bíblia, a preservarmos tudo o que Deus nos tem revelado. Nada disso pode ser comparado e trocado pelos prazeres efêmeros ou propostas do presente século. Por outro lado, o Senhor há de recompensar os que permanecerem fiéis, dedicando-se a realizar a sua vontade, conforme sua promessa:

“E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras.” (Ap 22.12)

Sua mensagem: Restauração da esperança nas promessas do Senhor.

Esperança que conduz a guardar-se da contaminação do mundo e a guardar, com todo o cuidado e zelo, o tesouro da revelação de Deus. Para estes o Senhor tem guardado o seu galardão.

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Autor: Paulo Raposo Correia

Um servo de Deus empenhado em fazer a sua vontade.

2 comentários em “As dez portas de Jerusalém”

  1. Muito bela e enriquecedora interpretação. Na vida cristã passamos por todas estas portas!
    Muito obrigada por compartilhar!

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