Carta à Rede Globo

Carta Globo


Rio de Janeiro, 23 de novembro de 1985

À
Rede Globo de Televisão

Prezados Diretores

É de incontestável valor a contribuição prestada por essa conceituada emissora ao povo brasileiro.

As sociedades modernas não podem mais prescindir de informações sobre os fatos que interferem direta ou indiretamente em sua vida.

Sem sombra de dúvida o veículo de comunicação de massa de maior alcance e penetração, na atualidade, é a televisão. Se por um lado isto representa um aspecto facilitador da comunicação social, por outro lado impõe uma responsabilidade acentuada àqueles que preparam o conteúdo das comunicações que, por sua vez, devem se curvar aos interesses da sociedade e por ela serem vigiados.

Estamos vivendo os primeiros meses da tão propagada “Nova República”, nitidamente identificada com as propostas de mudanças há muito reclamadas pela sociedade. Surge então a grande dúvida: até que ponto esta e outras emissoras estão contribuindo para amenizar os problemas da nossa sociedade? Que tipo de participação terão para a construção de uma sociedade com personalidade definida, cientificamente evoluída, socialmente justa e humana, e culturalmente invejável?

Na atual fase de transição, é preciso que se façam colocações sérias acerca do “modus vivendis” da Nova República. Muitos confundem as mudanças propugnadas com a liberalização do comportamento, comprometendo assim a nossa já tão corrompida moralidade. Somos absolutamente intransigentes, quando indivíduos inescrupulosos, amantes da desgraça alheia e desejosos de lucro fácil, buscam aproveitar-se dos ventos democratizantes para transformar o nosso país em uma imensa terra de ninguém, onde a imoralidade seja o apa­nágio de todas as classes. De nada adiantarão todos os esforços para tornar o Brasil uma nação próspera, socialmente justa, se as bases forem carcomidas no que há de mais sagrado: os princípios éticos que devem reger o comportamento humano.

No tocante ao desempenho dessa conceituada emissora é com pesar que cumpro o dever de denunciar o crescente desrespeito aos valores éticos de nossa sociedade, principalmente a instituição do casamento e a família.

Temos percebido, num estado quase que de pânico, a liberalização moral, quer na novela ROQUE SANTEIRO, onde predominam os casais ilegais e a infidelidade conjugal, sepultando definitivamente a instituição do casamento; quer em comerciais que vêm explorando o nudismo feminino (JEANS CALVIN KLEIN, ELLUS, DUCHA LORENZETE etc) e, agora o seriado GRANDE SERTÃO VEREDAS que promete ser um es­timulante sem precedentes à já tão insuportável violência urbana, ao sexo barato e à vida sub-humana.

O problema se torna ainda mais grave, na medida em que as cenas retratam apenas uma parte da realidade, isto é, toda a ênfase é colocada nas cenas que excitam os desejos sexuais, enquanto que aquelas que revelam as consequências na vida profissional, na família, na sociedade etc, são levemente abordadas ou cuidadosamente encobertas. Certamente o público telespectador não estará muito interessado em assistir a cenas de doença venérea, desequilíbrio psicológico, insegurança, insônia, desespero, que são as consequências naturais da quebra dos valores éticos enfatizados.

Meu Deus! Democracia não significa conivência com a de­gradação. Enquanto, em outros tempos, o homossexualismo era sinônimo de indecência humana, hoje é considerado como um estilo normal de vida.

Que país desejamos legar aos nossos filhos? Como cons­truir um futuro melhor, se muitos dos que deveriam constituir-se como paradigma para a juventude preferem que o Brasil seja o país da liberdade sexual, do aborto voluntário e de outras práticas que degradam o homem?

Finalmente, gostaria de apelar à consciência dos senhores diretores quanto ao respeito aos espaços públicos e aos horários em que certos comerciais e programas são exibidos. Democracia é dar li­berdade aos cidadãos para exercerem a sua vontade, dentro da lei vigente, respeitando, porém, o espaço público. Todo o espaço privado está à disposição daqueles que optarem por outro tipo de moralida­de. É só verificar como as nações democráticas mais evoluídas uti­lizaram o espaço privado e seguir seus exemplos.

Atenciosamente,
Paulo Raposo Correia
Engenheiro

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Resposta da Rede Globo a esta carta: Resposta Rede Globo.pdf

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Obs.: Esta carta foi escrita há quase 30 anos, num outro contexto político-social. A intenção de publicá-la aqui é para incentivar outras pessoas a também exercerem seu dever de cidadão e cobrar da mídia televisiva uma postura adequada. Nessa cobrança é importante ressaltar os aspectos positivos da emissora e, ao denunciar os abusos, pronunciar-se como um cidadão comum. Não se deve envolver convicções religiosas nesse momento. Naquela época as manifestações surtiram algum efeito. A imprensa repercutiu rumores de que a programação ia mudar por causa de manifestações dos “moralistas”. Hoje, a coisa está feia! Além de reclamar, temos também a arma do boicote, inclusive para os produtos dos patrocinadores. Se a população fizer as duas coisas certamente será ouvida.  Fica aí a dica!

O Brado Retumbante x Cordel Encantado

No meu post de 22/08/2011 fiz uma breve análise de conteúdo da novela Cordel Encantado sugerindo que, pelas mensagens sutis e explícitas passadas para a família brasileira, esta poderia ser melhor intitulada de “Bordel Encantado”, daí o trocadilho. Então, o que esta minissérie tem em comum com a novela Cordel Encantado além do ator Domingos Montagner, e com outras tantas produções da Rede Globo? É claro que tecnicamente não se pode negar que são produções bem elaboradas. Porém, nosso foco aqui é conteúdo passado para o público….

É uma história fictícia que aborda política em qualquer lugar do mundo“, explicou o ator Domingos Montagner que vive Paulo Ventura, o protagonista de “O Brado Retumbante”.

Lá em Cordel Encantado ele foi o Rei do Cangaço, aqui, o presidente do Congresso Nacional de um Brasil fictício que inesperadamente assume a Presidência da República depois do acidente e morte do Presidente e seu Vice. A trama gravita em torno do combate à herança corrupta comandada pelos ministros nomeados pelo seu antecessor e a outros ferrenhos opositores pertencentes à banda podre da política. Sem dúvida este é um excelente ingrediente para aliviar tensões e encantar cidadãos que suspiram e clamam por medidas concretas, eficazes e definitivas de limpeza ética nos poderes legislativo, executivo e judiciário de um Brasil real! Até aqui, tudo bem… Entretanto, apenas a costumeira exploração da luta do bem contra o mal não seria suficiente. Era preciso, como sempre, apimentar, acrescentar o tempero forte do apelo sexual, que não pode faltar na telinha! Se fosse o tempero do amor romântico, legítimo e decente entre homem e mulher, nada contra! Considerando que ninguém é perfeito, o Sr. Paulo Ventura, apesar de idealista ético, era um mulherengo, adúltero e pegador, no linguajar de hoje. Ele poderia ter qualquer outra fraqueza a ser explorada, mas precisava ser essa. Devido a esse seu desvio de caráter estava separado da sua esposa Antonia (Maria Fernanda Candido).  Afinal, adultério é quebra da aliança do casamento. Devido a essa nova situação de Presidente, ele pede à sua ex-esposa Antonia para voltar a morar com ele e ela Ela “aceita voltar com ele porque, apesar de tudo, ela é muito parceira e existe um amor muito profundo entre a Antonia e o Paulo” (comenta a atriz Maria Fernanda Candido). Para encurtar esta análise, vejam como uma minissérie pode ser usada:

1. Desserviço à instituição do casamento e a família.

Tal qual na novela Cordel Encantado, temos aqui um desserviço prestado a instituição do casamento e a família. O Sr. Paulo Ventura tinha tudo para restaurar seu casamento e, ao lado da sua esposa e parceira, desenvolver um belo trabalho na presidência. Entretanto, enquanto combatia corajosamente os corruptos do Congresso não conseguia dominar sua libido, traindo e desrespeitando sua esposa e mãe de seus filhos, contando sempre com a tolerância e cumplicidade de seus aliados mais próximos e assessores que, por exemplo, deram cobertura a um encontro dele com uma amante, num cenário de alta produção que fracassou, pois a jovem passou mal. Nem hospitalizado o sujeito se aquietou; teve que de assediar uma enfermeira no exercício do seu digno trabalho. Depois da alta teve um caso com sua médica particular que, de igual forma, sem escrúpulos, traiu seu marido e família. Diante de tanta mentira e traição sua esposa Antonia volta a se afastar e tem um caso com um escritor argentino. Finalmente, o Presidente pegador também tem um caso com Fernanda (Mariana Lima), a responsável pela comunicação entre a Presidência e o Congresso que há muito tempo escondia sua paixão por ele. Outro casamento destruído é o da filha de Paulo Ventura que não resiste à traição política do seu marido, que armou contra seu próprio sogro e presidente.

Algumas mensagens sutis e perigosas são passadas nessa minissérie:

A primeira é a da “aparente inviabilidade” de um casamento duradouro e feliz. O casamento é frequentemente apresentado na telinha como problema e como cerceador da liberdade e felicidade do indivíduo.

A segunda é a da “aparente viabilidade” de uma conduta ética irrepreensível de um governante, que é capaz de resistir ao nepotismo ou deixar sua filha dormir na prisão para dar o exemplo de não fazer valer sua posição para resolver problemas particulares de seus familiares etc e, ao mesmo tempo, não é capaz de ser fiel e de falar a verdade com a sua esposa. A pergunta que não quer calar é: Pode, de fato, existir esse tipo de caráter ético capaz de ser fiel, justo e verdadeiro com a nação, com o povo e não o ser com a pessoa amada que vive debaixo do mesmo teto? Certamente que não! Isso é enganação! Acreditem que, no início cheguei até a pensar em “votar” no Paulo Ventura, mas mudei de idéia quando percebi que o seu caráter, tal qual a estória, também é ficção.

2. Prestação de Serviço à causa LGBT.

É impressionante a estratégia das emissoras de passar mensagens e conceitos através de novelas e minisséries. Dia após dia, em horário nobre ou fora dele, é empurrado goela abaixo do telespectador os desvios da sexualidade como sendo algo normal. Normal não é, mas, infelizmente, é cada vez mais comum. Aparentemente um episódio foi cuidadosamente inserido para colaborar com a causa LGBT. O Sr. Paulo Ventura teve a desventura de ter um filho efeminado e transexual. Então é mostrado como um pai de “caráter tão nobre”, mas “ultrapassado”, após várias sessões com seu analista, passou a “aceitar” a opção sexual do filho. Não tenho dúvida de que pais, familiares e a sociedade devem respeitar as pessoas como elas são, mas não necessariamente são obrigados a aceitar e concordar com o que fazem! Também fizeram questão de mostrar uma cena de um transexual (o tal filho do presidente) apanhando de um heterossexual para não deixar apagar na consciência coletiva a chama da “lei da homofobia”, a partir da qual uma minoria barulhenta quer impor à maioria a aceitação da sua causa, instituir privilégios e calar os contrários. Mais uma vez é preciso deixar claro que somos totalmente intolerantes a qualquer forma e prática de violência contra pessoas. Entretanto, para punir tais crimes já temos as devidas leis.

Um país próspero para todos com ética e libertinagem sexual só existe na ficção. Porém, um país sustentável se faz com famílias bem estruturadas, éticas e saudáveis, que temem ao Senhor Deus e praticam a sua vontade.

É isso aí! Fique alerta e resista firmemente! Não deixe que a mídia faça a sua cabeça!

Cordel Encantado ou Bordel Encantado?

“Cordel Encantado” é a “novela das seis” da Rede Globo. É uma novela de época, uma ficção supostamente retratando usos e costumes do início do século XX. O foco principal é o nordeste brasileiro com a presença forte do cangaço e cangaceiros, que são “os bandidos do sertão nordestino, membros de grupos armados que percorriam o sertão do nordeste brasileiro, acampando e fazendo incursões a cidades e fazendas, e que atuaram mais intensamente no início do séc. XX, até 1938” (dic. Aulete).

O que é “cordel” e o que é “bordel”?

Cordel é definido no dicionário como “livreto ou folheto, ou a história nele impressa, produzidos com as técnicas gráficas e narrativas da literatura de cordel”. “De cordel”, aquilo “que é da literatura popular, e impresso em folhetos baratos; que é próprio do gênero literário conhecido como literatura de cordel”.

Bordel é definido no dicionário como “prostíbulo” e, por extensão, “qualquer lugar ou circunstância em que haja devassidão, obscenidade”.

O que se passa nesta novela?

Assisti a vários capítulos, o que não é o meu costume, interessado em avaliar o que entra nas casas dos brasileiros pela janela da TV aberta e faço estes comentários como um simples, mas atento, observador ou telespectador. Vejam só o que está sendo veiculado para crianças de 10 anos, sim, porque esta é a classificação indicativa anunciada:

1.       Ataque à instituição do casamento e a família.

Nesta teledramaturgia contabilizei 6 casais casados principais. Destes 6, apenas 1 (17%) apresenta uma relação estável e de fidelidade conjugal. É o casal Euzébio e Virtuosa, pais de criação de Açucena/Aurora. 

Nota: Para ver as fotos dos personagens, entre no site oficial da novela:

 http://cordelencantado.globo.com/personagens/

O que dizer dos outros 5 casais?

Duque Petrus & Duquesa Úrsula: Úrsula, quando vivia na corte, em Seráfia, traiu o seu marido Petrus com seu amante Nicolau (o mordomo) e com o seu outro amante, o General Baldini (com o qual tiveram uma filha). Como se fosse pouco, com a colaboração dos dois amantes, armou um golpe e aprisionou o marido traído na masmorra, com uma máscara de ferro. Quando chega com a corte ao Brasil, na cidade de Brogodó, acrescenta mais um amante à sua coleção particular, Herculano, o “rei do cangaço”, que, por sua vez é separado ou teve um caso com Siá Benvinda, e desta relação nasceu Jesuíno, o mocinho da história.

Prefeito Patácio & Dona Ternurinha: Em certo ponto da história, a mulher do prefeito (Dona Ternurinha) é raptada pelos cangaceiros. Lá no cangaço, o cangaceiro Zóio-Furado dá uns amassos nela que, “sem querer  querendo” e sem o mínimo pudor se rende às investidas “do selvagem”. Liberta do cativeiro, dali em diante ela passa a ter seus sonhos eróticos com o “facínora, bruto e selvagem”, como o chama excitada na hora dos amassos, que passam a acontecer frequentemente na sua casa, às escondidas do marido.

Farid ou Tufik ou Said & …. seu Harém: Ele é um turco, tipo caixeiro viajante, com uma mulher em cada cidade. Um verdadeiro “rodízio de carnes”.

Neusa é a sua esposa enganada e sem filhos, na cidade de Brogodó, que o conhece como Farid.

Bartira é a sua esposa enganada e com dois filhos, na cidade de Vila da Cruz, que o conhece como Tufik. Por sua vez, Bartira tem um admirador, o Dr. Sérgio.

Penélope é a sua amante enganada, uma jornalista que o conheceu na cidade grande, mas que chegou à cidade de Brogodó para uma cobertura jornalística, que o conhece como Said. Penélope não se contenta em fazer sexo só com Said, ela tem uma relação promíscua também com o cangaceiro Belarmino.

Zenóbio & Florinda: Aparentemente ia tudo bem com o casal, que tem filhos, até que surge em sua casa Duque Petrus, o homem da máscara de ferro, desmemoriado, que ela ajuda a cuidar. Depois que ele se recupera, os dois aparentam estar ardentemente apaixonados. Em uma determinada noite, Florinda sai de casa para encontrar-se com Petrus, no palácio da prefeitura onde estava hospedado, e seu marido Zenóbio acha aquilo normal, pois acha que ela precisa se certificar dos seus verdadeiros sentimentos. O que é isso???? Eles passam a noite juntos, adulterando. Ela retorna a casa na manhã seguinte e seu marido Zenóbio (o corno paciente) a recebe apenas enciumado. Que mensagem horrorosa!

Damião x Amália: É um casal secundário na história que vive um verdadeiro inferno conjugal. Ele acha que um dos filhos é fruto de algum caso extraconjugal da esposa.

Isso é ou não é um bordel (“qualquer lugar ou circunstância em que haja devassidão, obscenidade”)? Qualquer semelhança é mera certeza! Uma novela de época pode ganhar muita audiência sem precisar apelar para tanta baixaria. Basta citar, por exemplo, a novela SINHÁ MOÇA, da mesma emissora.

2.       Paixões desencontradas e descontroladas.

É incrível a criatividade dos autores quando se trata enrolar a história. Quase todas as paixões não são correspondidas, senão vejamos:

Açucena/Aurora gosta de Jesuíno, mas está dividida entre ficar ali em Brogodó com ele ou ir para o reino de Seráfia assumir sua posição de princesa e se casar com o príncipe Felipe.

Jesuíno gosta de Açucena/Aurora, mas não quer impedi-la de seguir o seu destino na corte de Seráfia. Enquanto isso tem umas recaídas com a Doralice.

Doralice gosta de Jesuíno, mas não é correspondida. Ora tem uns momentos mais quentes com Jesuíno, ora sonha com o príncipe Felipe.

Príncipe Felipe tenta conquistar Açucena/Aurora, pois a corte aguarda o casamento dos dois, mas não deixa de ter uns momentos mais quentes com Doralice e sonha com ela.

Delgado Batoré gosta de Antônia que não gosta dele. Depois que ela foge para Vila da Cruz ele começa a investir na viúva rainha Helena.

Antônia gosta do Infante Dom Inácio que resolveu abandonar a corte para viver uma vida celibatária e a favor dos pobres.

Cícero gosta de Antônia que não gosta dele.

Rosa gosta de Cícero que não gosta dela.

Timóteo gosta de Açunena/Aurora que não gosta dele.

Lady Carlota gosta de Timóteo que não gosta dela. Mesmo assim vai lhe dar um filho.

Fausto gosta de Lady Carlota que não gosta dele. Vai ficar com ele porque não lhe restou outra alternativa.

Tibungo gosta de Lilica que não gosta dele.

Lilica parece gostar de Timóteo, seu patrão, que não gosta dela. Enquanto isso ela tem um caso com o Mordomo Nicolau que prometeu levá-la para a corte, mas mudou de ideia.

Quanto desencontro!!!!! Parece que em apenas dois casos há amor correspondido: Rei Augusto & Maria Cesária e Quiquiqui & Téinha.

3.       Ridicularização do Poder Público.

Na novela, o prefeito Patácio é uma piada a cada aparição em cena. O delegado Batoré e seus auxiliares, nem se fala. Prefeito e Delegado de Brogodó são “coco”, isto é, covardes e corruptos. Por outro lado, o cangaço é enaltecido e prestigiado. Isso é ou não é um incentivo ao surgimento de grupos paramilitares independentes do poder público? Essa é a visão que a TV passa para crianças de 10 anos de idade ou mais. Todos sabemos que muitos representantes públicos deixam muito a desejar. De um modo geral o povo não confia neles e nem me passou pela cabeça defendê-los. Entretanto, não se pode perder de vista que a democracia só sobrevive a partir de instituições fortes e respeitadas. Ao invés de incentivar o deboche e o descaso com coisa pública, já é hora (nunca deixou de ser) de pais, escolas, veículos de comunicação e governo investir seriamente na formação de novas gerações para o exercício de uma democracia séria e responsável. Noutro dia veiculou uma matéria na TV em que uma mãe de aluno, ao ser abordada por um jornalista sobre a razão de ter estacionado em fila tripla, em frente à escola, responde: “– Não sei, isso aqui é Brasil!”. A pergunta que não quer calar é “até quando Brasil será sinônimo de incivilidade, bagunça, desrespeito ao direito do outro, descaso com a coisa pública? É hora de romper de vez com essa mediocridade em vez de perpetuá-la! A economia do país cresce e se projeta cada vez mais no cenário internacional, mas a cabeça de muitos continua a mesma. Para estes, o que interessa mesmo é “se dar bem”, “levar vantagem em tudo”, não interessa como!

4.       Considerações Finais.

Quando se fala em análise crítica de conteúdo de novela, sempre surge aquela questão: “A ARTE IMITA A VIDA ou A VIDA IMITA A ARTE?”  Ainda que a arte reproduza fatos que eventualmente aconteçam na vida, não tenho dúvida alguma de que a mídia televisiva afeta e influencia forte e profundamente o comportamento da sociedade, muitas vezes em nome de uma EQUIVOCADA MODERNIDADE COMPORTAMENTAL. Não é sem causa que cada conteúdo é cuidadosamente formatado para alcançar o objetivo determinado. Não preciso ir muito longe, basta verificar o intenso e explícito investimento na promoção da causa gay na novela “Insensato Coração”, que contou com quadros específicos, pedagogicamente preparados.

Intencionalmente ou não, vejam só os conceitos e idéias que essa novela passa para o público, de forma sutil ou explícita, afetando principalmente aquelas crianças em fase de formação e as pessoas menos preparadas para separar o joio do trigo:

1º) Casamento é uma farsa, coisa sem graça e uma prisão. Os adultos casados são inconfiáveis e infiéis, incapazes de se guardar para o seu cônjuge.

2º) Mesmo que não se ame determinada pessoa, se esta estiver muito apaixonada por você, é comum ceder ao “chega pra cá” e depois desculpar-se que gosta de outra pessoa.

3º) O poder público é incompetente e safado, mas, se a pessoa não conseguir outra coisa, até que é uma boa ir pra lá, “faturar” um dinheirinho fácil.

Sem querer desmerecer a Rede Globo de Televisão, pois presta à sociedade um bom serviço jornalístico, não posso deixar de chamar a sua atenção para o fato de que ela vai precisar intensificar muito projetos do tipo CRIANÇA ESPERANÇA. Por que? É simples. Com tamanho desserviço prestado ao casamento e à família pela maioria de suas novelas, filmes TELA QUENTE, ZORRA TOTAL, dentre outros de sua grade de programação, certamente teremos mais e mais famílias destroçadas, crianças desestruturas e largadas à sua própria sorte, suplicando pelo socorro da sociedade.

Finalmente, na minha ótica e usando o meu direito e liberdade de expressão, diria que a REDE GLOBO DE TELEVISÃO (E OUTRAS REDES DE TELEVISÃO), através de algumas novelas e de alguns programas de sua grade de programação CORROMPE OS BONS COSTUMES, POR ATACADO, e através de projetos do tipo Criança Esperança, age NO VAREJO, sobre a miséria que ajuda a gerar, num verdadeiro círculo vicioso.

É isso aí….. Lembre-se: uma sociedade nasce, se desenvolve e morre. Por que morre? Pela incapacidade de preservar seus valores e princípios!!!! Faça a sua parte; eu estou tentando fazer a minha!