JOSÉ, a fidelidade a Deus recompensada

Texto base: Gênesis 41.1-57

Introdução

Por que a fidelidade a Deus nunca é em vão?

Porque é Promessa Divina:

Deus promete recompensar aqueles que lhe são fiéis e suas promessas nunca falham. Essas recompensas podem não ser dadas imediatamente, assim como podem não ser visíveis ou tangíveis. Entretanto, Deus não é homem para que minta ou deixe de cumprir a sua palavra, as suas promessas. Enquanto aguardamos a resposta divina, a confiança e esperança no Senhor há de produzir em nós paz interior, força para enfrentar desafios e uma sensação de propósito e significado na vida.

Porque a história confirma:

A própria Bíblia relata inúmeros casos em que a fidelidade a Deus resultou em recompensa e bênção: Noé, Jó, Abraão, Isaque, Jacó, José, Moisés, Josué e Calebe, Raabe, Rute, Ester, Davi, Daniel e seus três amigos, e tantos outros no Antigo e Novo Testamento. Quem não conheceu ou não ouviu falar de pessoas que já não estão mais entre nós e que foram fiéis ao Senhor e imensamente usadas e abençoadas por Deus?

Porque produz resultado:

  • A fidelidade a Deus fortalece a relação espiritual e a comunhão com o Senhor. Esse vínculo espiritual proporciona consolo, orientação e um sentido de presença divina, independentemente das circunstâncias externas.
  • A fidelidade a Deus fortalece a internalização de valores e princípios morais elevados. Viver de acordo com esses valores não apenas traz benefícios pessoais e familiares, como também contribui para a construção de uma sociedade mais justa, misericordiosa e fraterna.
  • A fé em Deus e a fidelidade a ele promovem força interior, resiliência e esperança mesmo durante os momentos mais difíceis da vida. Essa fé ajuda o cristão a superar adversidades, enfrentar desafios com coragem e manter a esperança em tempos sombrios.
  • Para o crente, a verdadeira e maior recompensa da fidelidade a Deus é esperada na vida após a morte. A certeza da vida eterna e a recompensa divina por uma vida fiel, servem como uma fonte de consolo, esperança e motivação para ele continuar a viver de acordo com os ensinamentos bíblicos.

Enfim, a fidelidade a Deus pode ser vista como uma jornada de crescimento espiritual, que traz consigo inúmeras recompensas, tanto nesta vida quanto além dela, conforme prometido pelo Senhor.

A história de José é narrada a partir de Gênesis 37. Ainda muito jovem, com 17 anos (Gn 37.2), ele não estava isento do trabalho. Pastoreava os rebanhos da família com os demais irmãos. Desde o início temos a impressão de que a índole de José era piedosa, contrastando assim com a dos seus irmãos, bem conhecida principalmente no incidente com Diná (Gn 34). Como filho predileto, ele parece estar sempre disposto a defender os interesses do pai, denunciando corajosamente os erros de conduta dos irmãos, ainda que comprometendo o seu relacionamento com eles.

A fidelidade de José, a Deus, permaneceu inabalável diante de tantas perseguições e injustiças que ele sofreu, quer nas mãos dos seus irmãos invejosos que o venderam como escravo e ele foi parar no Egito; quer na casa de Potifar, sendo acusado injustamente pela esposa dele (“potifaria”) e encarcerado.  No capítulo 41 de Gênesis encontramos o registro do ápice da vida de José, quando ele é constituído por Faraó governador de todo o Egito. Desse encontro histórico de José com Faraó podemos extrair algumas importantes lições.

A fidelidade a Deus se manifesta principalmente através das nossas atitudes e, nem tanto, pelos nossos sentimentos, como, por exemplo:

1. NA ATENÇÃO ÀS PEQUENAS COISAS

José não caiu de paraquedas no alto cargo de governador do Egito. Ele percorreu toda uma trajetória, com momentos bons e maus, com muita tensão e apreensão. Sua história de vida foi marcada por 6 (seis) sonhos. Os dois primeiros foram dele mesmo e sinalizavam um futuro promissor e glorioso (Gn 37.7 e 9). Os dois sonhos seguintes foram dos oficiais de Faraó, no cárcere, por ele interpretados (copeiro-chefe – Gn 40.9-15; padeiro-chefe – Gn 40.16-19). Por fim, os dois últimos, do próprio Faraó, também por ele interpretados (Gn 41.1-7).

Não há dúvida de que Deus estava conduzindo toda a trajetória de José. Entretanto, ele usa situações e pessoas para a realização dos seus propósitos. Tanto na casa de Potifar como, posteriormente, no cárcere de Faraó, José não se deixou abater e nem se rebelou isolando-se de tudo e de todos. Ao contrário, se socializou e procurou ser útil, mesmo nessas situações adversas. Foi ali no cárcere que ele se solidarizou com os oficiais de Faraó e, vendo-lhes o semblante turbado, interpretou seus respectivos sonhos, com final feliz para o copeiro-chefe. Apesar deste ter negligenciado, por 2 anos, o apelo de José para que intercedesse por ele junto ao Faraó, quando Faraó teve os seus dois sonhos e seus magos e sábios não os puderam interpretar, foi que ele se lembrou de José e o indicou a Faraó.

Este incidente evidencia e explicita a importância das nossas ações, principalmente as dirigidas ao nosso próximo e ao necessitado! Pequenos gestos podem produzir grandes consequências! Nada do que fazemos ou deixamos de fazer (pecado de omissão), passa despercebido aos olhos de Deus. Não há como prever ou dimensionar a amplitude ou desdobramentos das nossas ações, sejam elas boas ou más. Lembremos da recomendação do sábio: “Não te furtes a fazer o bem a quem de direito, estando na tua mão o poder de fazê-lo.” (Pv 3.27); e a do apóstolo Paulo: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.” (Gl 6.9).

2. NA GLORIFICAÇÃO DE DEUS

Os dois sonhos de Faraó na verdade eram apenas um e tão misterioso que não pôde ser interpretado pelos magos e sábios do Egito. Havia neles dois elementos interessantes: vacas e espigas.

A vaca, no Antigo Egito, era associada a várias divindades e símbolos culturais. Simbolizava a deusa Hator, representando a fertilidade, o amor, a beleza, a maternidade. Era adorada e invocada para trazer proteção, prosperidade e fertilidade.

  • A vaca era vista como um símbolo de fertilidade e abundância no antigo Egito. Sua capacidade de produzir leite e procriar representava a fertilidade da terra e a capacidade de sustentar a vida.
  • A vaca também era associada à maternidade e à nutrição. As vacas eram vistas como protetoras e provedoras de leite, um alimento vital na dieta egípcia antiga. Isso as conectava ao papel das mães como provedoras de cuidados e nutrição para suas famílias.
  • No Egito antigo, possuir vacas e bois era um sinal de riqueza e status. Eles eram usados para arar os campos, transportar mercadorias e como fonte de alimento e leite. Ter um grande rebanho de vacas era um sinal de prosperidade e sucesso econômico.

Já as espigas representam o fruto da terra, diretamente relacionada com a alimentação e a nutrição.

Portanto, o sonho duplo usa elementos do cotidiano dos egípcios, porém, interpretar seu significado é outra coisa, não acessível ao entendimento puramente humano. Então, Faraó, decepcionado com sua “assessoria para assuntos extraordinários” é informado pelo seu copeiro-chefe dessa habilidade de interpretar sonhos do prisioneiro José e manda chamá-lo.

É no diálogo entre Faraó e José que se revela o verdadeiro caráter deste servo de Deus que sabe muito bem quem tem todo o poder no céu e na terra, e quem é apenas um instrumento nas suas mãos. Ele tratou logo de atribuir a fonte de sua habilidade a Deus, testemunhando assim do poder do único Deus vivo e verdadeiro para o pagão e idólatra Faraó: “Respondeu-lhe José: Não está isso em mim; mas Deus dará resposta favorável a Faraó.” (Gn 41.16). Deus não divide a sua glória, e alguns crentes, particularmente alguns líderes, parecem não querer entender essa realidade.

José era alguém que desfrutava de íntimo relacionamento com Deus e era guiado pelo seu Espírito. A capacidade que tal vinculação espiritual lhe conferia não lhe subiu à cabeça. Diante da maior autoridade do Egito não se exibiu, não tentou barganhar sua liberdade, não tentou defender sua inocência, não cobrou qualquer contrapartida, apenas concentrou-se na interpretação do sonho entendendo que sua situação pessoal não tinha a menor importância diante da gravidade da situação geral de fome que estava sendo revelada, abrangendo o Egito e as terras vizinhas. Quando estamos em plena sintonia com Deus valorizamos mais o “nós” do que o “eu”!

3. NO CUMPRIMENTO DA MISSÃO

Quando alguém é capacitado por Deus para uma determinada missão não há surpresa quando este vai além do solicitado ou esperado. José, não apenas interpretou o sonho de Faraó, como o aconselhou dando-lhe todas as linhas de um planejamento estratégico para lidar com o desafio de sobrevivência em tempos de escassez e fome. Dá para imaginar a ousadia de um encarcerado dirigindo-se desta forma àquele que era considerado um deus na terra – “Hórus vivo”? É a intrepidez característica de quem é conduzido pelo Espírito de Deus! Ele sugeriu a estrutura de pessoal (central e regional), bem como a estratégia de reserva da colheita e a necessidade de um sistema de controle e segurança de médio prazo (Gn 41.33-36).

É interessante observar que o conselho agradou a todos, isto é, a Faraó e aos seus oficiais. A perplexidade, diante das notícias bombásticas recebidas, deve ter sido amenizada pelo conselho que se seguiu. Não há dúvida de que é inusitada a atitude de Faraó de nomear e constituir governador de todo o Egito, com autoridade inferior apenas a ele próprio, um jovem de 30 anos (Gn 41.46), com currículo de prisioneiro, que ele acabara de conhecer. Entretanto, não deve passar despercebida a fundamentação da sua decisão: “Disse Faraó aos seus oficiais: Acharíamos, porventura, homem como este, em quem há o Espírito de Deus? Depois, disse Faraó a José: Visto que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão ajuizado e sábio como tu.” (Gn 41.38-39). Vejam as qualidades observadas por Faraó: 1ª) Seu vínculo com Deus; 2ª) Sua sabedoria e sensatez para administrar tempos de crise.

Até que ponto essas características têm sido observadas em nós, no cumprimento da missão que Deus nos outorgou e que expressam e manifestam a nossa fidelidade a ele? Diante de grandes desafios não se subestime, você tem valor; não pelo que você é, mas por aquele que age em você – o Espírito Santo de Deus!

Conclusão

José manteve a sua fidelidade ao Senhor, aguardando 22 anos pelo cumprimento da promessa revelada no seu primeiro sonho – feixes – quando seus irmãos se curvaram diante dele e ele estava agora com 39 anos (Gn 37.2, 7; 41.46; 43.26). Na sequência, por causa da fome, toda a sua família foi morar no Egito. Que desfecho de vida bem-aventurado para quem tanto sofreu e nada tinha! Depois de tanto desprezo foi honrado! Recebeu o mais alto cargo, apenas inferior ao de Faraó. Recebeu uma casa na corte e constituiu família (esposa e filhos). Seu pai, Jacó, viveu ali no Egito por 17 anos e morreu (Gn 47.27-28). José morreu com 110 anos (Gn 50.12-26) tendo a oportunidade de viver com os seus parentes, no Egito, por cerca de 70 anos.

A fidelidade ao Senhor é uma condição básica e não opcional para o cristão. O pecado nos afasta da comunhão e intimidade com Deus e é preciso vigiar, confessar e deixar o pecado (Pv 28.13). Mesmo sendo íntegros e fiéis a Deus, muitos não tiveram ou terão a bênção de um final de vida tão próspero como o de José. Jesus Cristo, nosso Mestre, Salvador e Senhor, nossa referência maior e modelo, deu a sua vida para fazer a vontade de Deus e cumprir sua missão. Como já dito anteriormente, para o crente, a verdadeira e maior recompensa da fidelidade a Deus é esperada na vida após a morte. A certeza da vida eterna e a recompensa divina por uma vida fiel, servem como uma fonte de consolo, esperança e motivação para ele continuar a viver de acordo com os ensinamentos bíblicos.

Que Deus nos ajude!


Veja, também:
JOSÉ, exemplo de recomeço
JOSÉ, um tipo de Cristo

Autor: Paulo Raposo Correia

Um servo de Deus empenhado em fazer a sua vontade.

4 comentários em “JOSÉ, a fidelidade a Deus recompensada”

  1. Deus abençoe sempre vc nesses comentários excelentes que nos ajudam no crescimento espiritual e amadurecimento!

    sugestão:

    prepara uma coletânea e publica com esses estudos!

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