Funções Pastorais no Livro de Atos

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(Última atualização: 20/03/2021)

Ofícios, Encargos e Ministérios

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Introdução:

O termo “ofício” pode ser definido como a atividade específica que se exerce em instituições, que pode ser ou não temporária; “trabalho”, “ocupação”, “cargo”, “função”. Enquanto “cargo” diz respeito a posição da pessoa na organização, o termo “encargo” tem mais a ver com a “tarefa”, o “dever”: “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais:” (At 15.28). Nesta mesma linha temos os termos “incumbência”, “missão”: “Barnabé e Saulo, cumprida a sua missão, voltaram de Jerusalém, levando também consigo a João, apelidado Marcos.” (At 12.25). E, de certa forma, o termo “obrigação”: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!” (1Co 9.16). Outro termo muito familiar no meio eclesiástico é “ministério”, frequentemente usado como tradução do grego “diakonia” (diaconia). Trata-se do desempenho de um serviço, neste caso, um serviço religioso, como, por exemplo, o do apóstolo Paulo: “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério,” (1Tm 1.12). De fato, Deus tem um ministério ou serviço para cada crente, na igreja local e fora dela.

Na igreja presbiteriana, “o Ministro do Evangelho é o oficial consagrado pela Igreja, representada no Presbitério, para dedicar-se especialmente à pregação da Palavra de Deus, administrar os sacramentos, edificar os crentes e participar, com os presbíteros regentes, do governo e disciplina da comunidade.” (CI/IPB, Art. 30). Há que se falar, também, em designações ou títulos atribuídos aos que servem a Cristo na igreja, encontrados no Novo Testamento: apóstolo, presbítero ou ancião ou bispo, pastor, diácono, embaixador de Cristo, evangelista, pregador, mestre, despenseiro dos mistérios de Deus etc.

1. Presbíteros ou anciãos (pastores / bispos)

Além dos apóstolos, havia dois outros ofícios importantes na igreja primitiva: o de presbítero e o de diácono.

a) Havia três títulos, mas um só ofício: i) Presbítero ou ancião: termo que expressava dignidade e maturidade na fé; ii) Bispo(1): termo que expressava direção, superintendência; e, iii) Pastor: termo que expressava ternura, cuidado do rebanho.

b) A pluralidade de presbíteros era o padrão do NT (At 14.23; 20.7; Tt 1.5; Tg 5.14; 1Pe 5.1-2). Na epístola aos Hebreus estes são chamados de Guias (Hb 13.17). Não importava quão pequena fosse a igreja, esse era o padrão.

c) Esses presbíteros tinham a responsabilidade de dirigir / governar e ensinar a igreja, pastorear e zelar por ela (At 20.28; Tt 1.9; 1Tm 5.17; Hb 13.17; 1Pe 5.2-5).

d) Para poderem desempenhar bem o seu ofício, os presbíteros precisam ter algumas qualificações. São listados cerca de 21 requisitos, sendo cinco apenas em 1 Timóteo 3.1-7, sete em Tito 1.5-9 e, nove comuns aos dois textos.

e) Embora o NT não especifique um processo de seleção de presbíteros, pode-se dizer que Deus constitui os presbíteros (At 20.28), a igreja os reconhece e elege (At 14.23) e os mesmos desempenham o ofício.

2. Diáconos

a) A palavra “diácono” é a transliteração da palavra grega diákonos, que significa “servo”. Se considerarmos que Jesus enalteceu o servir, temos aqui um ofício efetivamente nobre (Mt 20.28; Jo 12.26).

b) A pluralidade de diáconos era o padrão do NT (Fp 1.1; 1Tm 3.8). Na comunidade de Jerusalém foram escolhidos 7 homens para “servir às mesas” (At 6.5). Ainda que ali não estivesse plenamente caracterizado o ofício de diácono, certamente foi o seu embrião.

c) No NT não há uma clara especificação de sua função na igreja, exceto que sua função é diferente da do presbítero. Inicialmente eles absorveram, por delegação dos apóstolos, algumas responsabilidades administrativas ou materiais (At 6.2), enquanto aqueles se consagrariam à oração e ao ministério da palavra (At 6.4). Estariam mais voltados a atender às necessidades físicas da comunidade cristã, a algum tipo de visitação e ação social, juntamente com suas esposas, daí terem sido estabelecidas algumas qualificações para as esposas destes (1Tm 3.11). Portanto, os diáconos não têm autoridade de liderança e governança sobre a igreja, como tem os presbíteros e devem atuar sob sua orientação e direção.

d) Para poderem desempenhar bem o seu ofício, os diáconos precisam ter algumas qualificações. Cremos que os ofícios de diácono e de presbítero, devem ser exercidos por homens, cujas qualificações são descritas na Bíblia em duas únicas listas: 1Timóteo 3.1-13 e Tito 1.5-9. E não é por acaso que tais instruções aparecem na Bíblia, lado a lado: “Semelhantemente…” (1Tm 3.8). Vale observar que não há que se exigir que os diáconos sejam aptos a ensinar a Bíblia ou a sã doutrina. Se o forem, tanto melhor!

3. A escolha de oficiais

Existem duas práticas principais sendo utilizadas para a seleção dos oficiais da igreja: por uma autoridade superior, ou pela igreja reunida em assembleia. No NT há diversas ocasiões em que os oficiais foram, aparentemente, escolhidos por toda a congregação. Embora o NT não especifique um processo de seleção de oficiais, pode-se dizer que Deus constitui os presbíteros e diáconos (At 20.28), a igreja os reconhece e elege (At 6.3; 14.23) e os mesmos desempenham os seus respectivos ofícios. Não deve haver precipitação nas indicações de oficiais (1Tm 5.22) e a igreja deve cumprir o seu papel, observando o exemplo de vida e as qualificações(2) dos candidatos.

Conclusão:

Cremos na diaconia universal dos crentes, homens e mulheres, ao lado do sacerdócio universal dos crentes. Todos os remidos foram chamados pelo Senhor para servir, para realizar as boas obras: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” (Ef 2.10). Servo, no grego, “doulos” (escravo, aquele que deve cumprir a vontade do seu Senhor, sem se importar com sua própria vontade) ou “diakonos” (aquele que realiza tarefas para ajudar os outros) é a nobre missão de cada crente, pois o Senhor Jesus é o exemplo maior. “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Mc 10.45). Para servir não é necessário ter um cargo ou um ofício. Assim é que o termo servir é empregado em todo o NT no sentido não-técnico, referindo-se a homens e mulheres que serviam a essa ou àquela igreja local.

Referências:

(1)  “Embora em algumas partes da igreja, do segundo século em diante, a palavra bispo tenha sido usada para referir-se a um indivíduo com autoridade sobre diversas igrejas, este é um desdobramento do termo e não é encontrado no Novo Testamento.” (Wayne Grudem)

(2)  “Aqueles que escolhem presbíteros nas igrejas de hoje fariam bem se analisassem os candidatos à luz dessas qualificações e procurassem esses traços de caráter e padrões de vida piedosa e não realizações terrenas, fama ou sucesso.” (Wayne Grudem). Cremos que o mesmo se aplica na escolha de diáconos.

Bibliografia:

. Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil (CI/IPB).
. GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. Vida Nova, 1999.


Veja também: As qualificações dos presbíteros

Veja também: As qualificações dos diáconos

Prioridades na Liderança

O Exemplo de Timóteo

Introdução          

A temática deste estudo é LIDERANÇA. Mas, a quem interessa ou diz respeito este assunto? A todos nós, pois, no mínimo, somos líderes de nós mesmos, da nossa missão, das nossas tarefas. Augusto Cury publicou um livro intitulado “Seja líder de si mesmo”. Está aí uma primeira dica para quem desejar se aprofundar no assunto. Mas, também, podemos ser líderes em nossa casa, no trabalho, em alguma área na igreja etc. Um líder, ainda que famoso, é gente como a gente. Líderes cristãos mundialmente conhecidos não surgem num estalar de dedos. Eles são forjados, pelo ferreiro divino, no calor do atrito das limitações humanas com os desafios da vida. Antes de analisar o “caso Timóteo”, vejamos como foi forjado um grande líder cristão do nosso tempo. Na sua autobiografia[1], que relata os acontecimentos da sua juventude, ele diz que alguém o descreve, e ele mesmo se vê, assim: “Um rapaz do campo, alto e magro, dotado de muita energia, com nível acadêmico medíocre e um enorme zelo para servir ao Senhor que excedia meus conhecimentos e habilidades.” (pg. 46). Como foi sua infância e juventude?

Resumindo:

– Muito trabalho, ordenhando vacas e limpando as baias, na fazenda do pai, em Charlotte – Carolina do Norte – USA.

– Trabalhou como vendedor de escovas, nas férias, para ajudar a custear seus estudos.

– Teve forte influência da mãe que o incentivava a ler livros, principalmente o Catecismo de Westminster e a Bíblia.

– Teve forte influência dos metodistas (por parte de pai) e dos presbiterianos (por parte de mãe).

– Teve forte influência de Evangelistas de Cruzadas. Eram montadas grandes tendas (algumas para 5000 pessoas sentadas) e eles pregavam diariamente, o Evangelho, por semanas.

– Teve forte influência de Evangelistas, Pregadores e Professores no Instituto Bíblico da Flórida.

Foi batizado na infância, na igreja presbiteriana (pg.53). Frequentava a igreja regularmente com a família, mas, somente aos 16 anos teve um encontro com Cristo, nascendo de novo, após a pregação de um daqueles evangelistas de tendas, um pastor batista (Dr. Mordecai Fowler Ham). Quando estava no Instituto, na Flórida, pediu para o deão batizá-lo por imersão, discretamente.

Seu chamado para pregar se deu no Instituto Bíblico da Flórida, aos 19 anos de idade. Durante os 18 meses anteriores, no Instituto, quando convidado a pregar, tinha uma atuação pífia; ficava inseguro, inibido, batia os joelhos, usava sermões emprestados. Numa dessas ocasiões, pregou em uma pequena igreja, 4 sermões em 8 minutos. Treinava suas pregações no quarto e no campo aberto. Um pouco antes do seu chamado, começou a pregar em um estacionamento de trailers para um público que variava de 200 a 1000 pessoas. Sentia uma enorme satisfação em transmitir para as pessoas as boas-novas da Salvação. No final de 1938, com 20 anos, aceitou ser batizado pela terceira vez, desta feita, por imersão e com algumas testemunhas, para evitar problemas nas igrejas batistas onde pregava. Afinal, ele era um jovem presbiteriano que aderira à igreja batista. No início de 1939, com vinte anos, foi ordenado pastor batista, na Igreja Batista de Peniel, antes de completar o curso no Instituto.

Estamos nos referindo a William Franklin Graham Jr (Billy[2] Graham)(07/11/1918 – 21/02/2018). Seu pai era de origem metodista e sua mãe de origem presbiteriana. Foi casado, por 64 anos, com Ruth Graham (1943–2007) e teve 5 filhos, 19 netos e 28 bisnetos. Seu sogro era um missionário e cirurgião presbiteriano que exerceu forte influência sobre ele. A partir de 1948, com cerca de 30 anos, começou suas Cruzadas Evangelísticas, alcançando 185 países e 210 milhões de pessoas. No Brasil: Rio de Janeiro -1960 e 1974; Recife-2000; São Paulo-2008 e Belo Horizonte-2010. Terminou seus 99 anos de vida com várias doenças: Parkinson, quadril quebrado, pélvis quebrada e câncer de próstata. (Fonte: Wikipédia)

Timóteo é um líder particularmente interessante no contexto da Igreja Primitiva. No NT, muito se diz “a” Timóteo ou “de” Timóteo, entretanto, ele mesmo nada diz. Ele não aparece na dianteira da história, mas realiza uma espécie de ministério âncora na equipe do apóstolo Paulo.

Que informações encontramos do jovem Timóteo no NT?

a) Primeiras referências:

i) Um discípulo com bom testemunho nas igrejas de Listra e Icônio (At 16.1-2).

ii) Filho de uma judia crente, mas de pai grego; por isso, foi circuncidado para poder acompanhar o apóstolo Paulo (At 16.1-3). Sua fé era sem fingimento, tal qual a da sua avó Lóide e da sua mãe Eunice (2Tm 1.5). Foi ensinado na Palavra desde a sua infância (2Tm 3.14-15).

iii) Passou a ter um contato direto com o apóstolo Paulo, a partir da sua Segunda Viagem Missionária (50-54 dC), acompanhando-o no seu ministério (At 16.3). É interessante ressaltar que, na introdução e saudação, de várias cartas do apóstolo, ele é citado, ora como servo de Cristo, ora como irmão em Cristo: “… e o irmão Timóteo“ (2Co 1.1; Fp 1.1; Cl 1.1; 1Ts 1.1; 2Ts 1.1).

b) Na Segunda Viagem Missionária:

Quando Paulo partiu para Atenas, Timóteo ficou em Beréia, na companhia de Silas (At 17.14-15).

Silas e Timóteo se encontraram com Paulo em Corinto, liberando Paulo para a pregação (At 18.5).

c) Na Terceira Viagem Missionária:

Timóteo, juntamente com Erasto, ministravam na equipe de Paulo e foram enviados à Macedônia (At 19.22).

Timóteo, juntamente com outros, acompanharam Paulo até a Ásia (At 20.4).

d) Outras referências:

Escrevendo aos crentes de Roma, Paulo menciona Timóteo como seu cooperador (Rm 16.21). Alguém que trabalhava na obra do Senhor, como também Paulo (1Co 16.10).

Timóteo foi enviado por Paulo à igreja de Corinto, para lembrá-los e confirmar os ensinos a eles pregados (1Co 4.17; comp. 2Co 1.19). O testemunho de Paulo a seu respeito é “meu filho amado e fiel no Senhor”. O cuidado que o apóstolo tinha para com Timóteo, recomendando-o às igrejas e zelando pelo seu bom acolhimento, fica evidente em vários textos bíblicos (1Co 16.10-11).

Timóteo também foi enviado à igreja de Tessalônica, como ministro (doulos – servo) de Deus no evangelho de Cristo (1Ts 3.1-8). Ao ser enviado, fazia parte, também, da sua missão, trazer notícias daquela igreja a Paulo (Fp 2.19; 1Ts 3.6). O prestígio de Timóteo, da parte de Paulo, para essa missão era imenso; não havia outro que se equiparasse a ele (Fp 2.20-21).

1. A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA

Está mais do que provada e comprovada a realidade da influência dos líderes sobre as pessoas, principalmente em formação (crianças, adolescentes e jovens). E, essa influência da liderança, positiva e proativa, precisa começar em casa e continuar na igreja. No âmbito secular e social, é preciso ter muito cuidado com a escolha daquelas instituições (creche, escola etc.) onde nossos filhos serão matriculados. Pessoas em formação precisam estar em contato com lideranças diferenciadas, como os jovens Timóteo e Billy Graham. Desta forma, elas estarão sendo forjadas e motivadas para viver uma vida que faça a diferença em seu tempo e estarão preparadas para resistir aos descaminhos propostos em ambientes sociais anticristãos.

2. PRIORIDADES NA LIDERANÇA

A partir das orientações do apóstolo Paulo a Timóteo, nas duas epístolas pastorais a ele dirigidas, podemos identificar algumas prioridades a serem observadas:

2.1 Prioridades no âmbito pessoal e familiar

“– No caso de despressurização de uma aeronave, coloque primeiro sua máscara de oxigênio antes de ajudar os outros a colocarem as suas.” O líder não deve desconsiderar esta recomendação, mesmo não estando viajando de avião. Assim sendo, é preciso:

a) Cuidar do corpo

Esse cuidado inclui uma alimentação equilibrada e saudável. O que Deus criou é muito bem-vindo (1Tm 4.4-5), mas há que se tomar cuidado com aquilo que o ser humano cria. Também é preciso tratar das enfermidades, ingerindo ou aplicando o que é recomendável (1Tm 5.23). Nas palavras de Paulo, “o exercício físico para pouco é proveitoso” (1Tm 4.8), quando comparado à piedade, pois ele tem efeito limitado a esta vida terrena, enquanto aquela, tem desdobramentos para a eternidade. Entretanto, todos sabemos que o exercício físico é importante para uma vida saudável.

b) Cuidar da vida espiritual

Essa vida espiritual não é algo etéreo, abstrato, intangível e intocável. Antes, porém, tem tudo a ver com relacionamento conosco mesmo (consciência pura), com Deus e com o próximo. O apóstolo fala a Timóteo do dever de combater o bom combate, mantendo fé e boa consciência (1Tm 1.18-20; ver tb 1Tm 1.5; 3.9). A comunhão com Deus se estreita através das orações (1Tm 2.1-2) e do alimento espiritual, a Palavra de Deus: “…alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido.” (1Tm 4.6; ver tb 4.13, 15-16). E, essa vida espiritual, só tem significado se for gasta no serviço a Deus e ao nosso próximo.

c) Cuidar da família

Não se tem notícia de que Timóteo fosse casado e tivesse uma família para cuidar. Talvez, por conta disso, o Apóstolo Paulo não lhe tenha dirigido uma palavra específica sobre o assunto. Entretanto, isso é tão relevante para o apóstolo que, nas qualificações dos líderes e oficiais da igreja (1Tm 3), ele menciona alguns aspectos sobre família:

i) esposo de uma só mulher;
ii) e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?);

2.2 Prioridades no âmbito ministerial

Para o bom exercício do ministério eclesiástico, algumas prioridades podem ser identificadas nas orientações do apóstolo Paulo a Timóteo.

a) O testemunho pessoal (1Tm 1.12-17)

Reconhecendo o chamado de Deus para o ministério, o líder humildemente percebe sua fragilidade, demérito e inutilidade. Entretanto, está convicto de que, pela graça e misericórdia divinas, foi transformado em nova criatura, em Cristo Jesus. Assim, na força do Espírito Santo, se lança ao ministério, tendo como prioridade inadiável apresentar um bom testemunho, aos de dentro e aos de fora da igreja, sendo “modelo a quantos hão de crer” (1Tm 1.12-17) e “padrão dos fiéis”, na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza (1Tm 4.12; 2Tm 1.13-14). Um obreiro aprovado (2Tm 2.15)

b) Estimular a prática de orações (1Tm 2.1-8)

c) Zelar pela adequada participação da mulher na igreja (1Tm 2.9-15)

d) Zelar pela qualificação de oficiais na igreja (presbíteros e diáconos) (1Tm 3.1-16)

e) Combater os falsos mestres e seus falsos ensinos (1Tm 1.3-11; 4.1-5, 7, 16)

f) Lidar adequadamente com vários tipos de pessoas e situações:

  • Idosos e Jovens (1Tm 5.1-2)
  • Viúvas (1Tm 5.3-16)
  • Presbíteros (1Tm 5.17-22)
  • Senhores e Escravos (1Tm 6.1-2)
  • Falsos Mestres (1Tm 6.3-5)
  • Riquezas e Ricos (1Tm 6.6-19)
  • Discussões inúteis (1Tm 6.20-21; 2Tm 2.14-19)

g) Manter caráter e conduta irrepreensíveis

  • Fortalecendo-se e testemunhando de Cristo (2Tm 2.1-2)
  • Sofrendo, por amor a Cristo, e participando do sofrimento dos irmãos (2Tm 2.3)
  • Não perdendo o foco da missão (2Tm 2.4)
  • Sendo disciplinado e ético (2Tm 2.5-10)
  • Sendo fiel a Deus e perseverante (2Tm 2.11-13)
  • Fugindo das paixões infames (2Tm 2.20-23)
  • Sendo brando e manso (2Tm 2.24-26)

h) Resistir nos tempos difíceis (2Tm 3.1-17)

i) Perseverar firme na missão, até o fim (2Tm 4.1-8)

j) Nunca abandonar os companheiros de missão (2Tm 4.9-22)

Conclusão:

Igrejas precisam de líderes chamados e vocacionados por Deus, competentes e dedicados, que cuidem de si e das suas respectivas famílias, que além de fazer a obra, influenciem positivamente todos os que os cercam.


[1] Fonte: Billy Graham – Uma autobiografia – Ed. United Press – 1998
[2] Billy é o apelido ou abreviação de William

O pastoreio da igreja na atualidade

pastoreio atual

Nos últimos três artigos e no atual, estamos tratando da seguinte temática e tópicos:

Pastoreando o Rebanho de Deus (1Pe 5.1-4).

Parte 1: A paridade entre apóstolos e presbíteros (1Pe 5.1)

Parte 2: O jeito errado e o certo de pastorear (1Pe 5.2-3)

Parte 3: A recompensa do bom pastoreio (1Pe 5.4)

Parte 4: O pastoreio da igreja na atualidade

Nos três primeiros artigos trouxemos a visão da igreja primitiva ou neotestamentária sobre o assunto, tomando por base a Primeira Epístola de Pedro, conforme o texto mencionado. Neste quarto artigo, faremos uma ponte daquele tempo inicial para o tempo atual. Abra a sua mente e coração para refletir mais profundamente sobre a visão bíblica quanto ao pastoreio do rebanho de Deus, a sua igreja militante.


Parte 4: O pastoreio da igreja na atualidade

Os termos usados

Ao fazermos a ponte entre os primeiros tempos da igreja e a época atual, vamos começar apresentando os nomes dados a esses líderes da igreja que sucederam os apóstolos. Todos os nomes se aplicam ao mesmo tipo de oficial e líder da igreja, sendo que cada um destaca e ressalta um aspecto peculiar da pessoa ou do ofício.

i. PRESBÍTERO ou ANCIÃO (At 11.30 – 1ª vez)

Termo de Dignidade: sugere Maturidade e Experiência
Homem maduro, experimentado, criterioso e respeitado que dá sábios conselhos para orientação dos membros da igreja.

ii. BISPO (“episkopos”, grego) (At 20.28; Fp 1.1)

Termo de Superintendência: sugere Direção
Homem diligente que preside os trabalhos, as reuniões, organiza e supervisiona tudo

iii. PASTOR

Termo de Ternura: sugere Cuidado
Homem zeloso que apascenta o rebanho de Deus, preparando-lhe pastagens verdejantes (mensagens espirituais e práticas vitais) e guiando-o às águas tranquilas, isto é, proporcionando-lhe um ambiente espiritual, agradável e alegre.

Tais termos frequentemente aparecem no plural, fazendo referência à liderança plural de cada igreja local.

Ofício e Dom

Em segundo lugar é importante reafirmar que este ofício de Presbítero ou Ancião ou Bispo ou Pastor (1Pe 5.2) é diferente do Dom de Pastor (Ef 4.11).

O significado de ofício é o mesmo de profissão, ou seja, “Profissão é um trabalho ou atividade especializada dentro da sociedade, geralmente exercida por um profissional. Algumas atividades requerem estudos extensivos e a masterização de um dado conhecimento, tais como advocacia, biomedicina ou engenharia, por exemplo. Outras dependem de habilidades práticas e requerem apenas formação básica (ensino fundamental ou médio), como as profissões de faxineiro, ajudante, jardineiro. No sentido mais amplo da palavra, o conceito de profissão tem a ver com ocupação, ou seja, que atividade produtiva o indivíduo desempenha perante a sociedade onde está inserido.” (Wikipédia)

Já o significado de dom pode ser expresso na sociedade como aquela capacitação ou talento natural; e, na igreja, como aquela capacitação ou habilidade especial concedida pelo Espírito Santo, “… com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo,” (Ef 4.12). O que o apóstolo Paulo menciona em Efésios são os cinco dons ministeriais, dons que concedem capacitação sobrenatural para o exercício dos ministérios: Apóstolo / Profeta / Evangelista / Pastor / Mestre.

As etapas do planejamento divino

O que Deus planejou para a liderança e governo da sua igreja?

Tudo começou com o “Seminário de Jesus” treinando e preparando os apóstolos para a era da igreja. Se considerarmos 10h/dia, 365 dias/ano e 3 anos teremos uma carga horária de 10.950h/aula. Se considerarmos um curso de teologia de 4h/dia, 20 dias/mês, 9 meses/ano e 5 anos teremos 3.600h/aula. Portanto, o “Seminário de Jesus” teve a carga horária mais do que o triplo de um curso de teologia convencional. Os apóstolos foram treinados pelo Mestre dos mestres, com aulas teóricas e práticas insuperáveis.

Na segunda fase do planejamento divino, tudo isso foi potencializado no Pentecostes, com a unção e capacitação dos apóstolos e dos primeiros discípulos pelo Espírito Santo. Também o apóstolo Paulo foi chamado e designado por Deus para fortalecer o grupo.

Na terceira fase, a liderança da igreja foi assumida apenas por presbíteros, eleitos em cada igreja local, sempre no plural (At 14.23). Os primeiros foram instruídos, pessoalmente, pelos apóstolos, e pelas cartas doutrinárias ou epístolas que percorriam as igrejas, pois as Escrituras do NT ainda estavam sendo escritas.

As características das igrejas locais do primeiro século

A simples leitura do NT nos mostra que tais igrejas locais:

i. Se reuniam com simplicidade nos espaços e locais onde pudessem ser acomodados, até mesmo nas casas (Rm 16.5; 1Co 16.19; Cl 4.15; Fm 1.2).

ii. Naturalmente começaram com poucos membros e foram crescendo dia após dia.

iii. Tinham governo próprio e independente, porém com o compromisso de manter a doutrina: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.” (At 2.42)

iv. Também estavam comprometidas com evangelismo, missões e ação social.

Os desafios das igrejas locais de ontem, de hoje e de sempre

Enquanto o número de membros é pequeno, a organização e governo da igreja local é mais simples. Na medida em que o grupo local cresce, dois caminhos podem ser trilhados. O primeiro é o de dividir o grupo, formando novas igrejas locais, o que possibilitará manter a simplicidade de organização e governo. O desafio desse caminho é encontrar um novo espaço e convencer parte do grupo a migrar para a nova igreja local. O segundo caminho é manter todo o grupo junto e partir para um novo espaço, capaz de acomodar o grupo atual e com folga suficiente para acomodar muitos outros membros, no caso do espaço atual não poder ser ampliado. O desafio desse segundo caminho passa a ser organização, administração e governo de uma igreja tão numerosa. Para dar conta de tudo isso, é preciso criar uma estrutura de pessoal para cuidar das questões administrativas e atividades meio da igreja. Por outro lado, é preciso estabelecer uma estrutura de pessoal para orientar e liderar a atividade fim da igreja.

Na história da igreja, ambos os caminhos ou modelos têm sido trilhados ou adotados. Isso tem gerado dois grandes e permanentes desafios para a Igreja de Cristo, a saber:

  1. Manter as igrejas locais no trilho da sã doutrina bíblica, considerando a multiplicidade de igrejas locais e de líderes.
  2. Manter uma estrutura de pessoal e liderança que dê conta de todas as demandas “materiais” e “espirituais” de uma igreja local mais numerosa.

O que parecia tão simples: um só Deus e Pai; um só Mediador e Salvador, Jesus Cristo; um só Espírito Santo, unindo, ungindo e capacitando todos os remidos; uma única igreja, a de Cristo; com um só livro, a Bíblia, Única Regra Infalível de fé e prática; sim, o que parecia tão simples tem se tornado um grande desafio de unidade.

Entendo que, por conta disso e com a vontade permissiva de Deus, surgiram as denominações, tentando, cada uma, estabelecer sua solução para esses dois grandes desafios. Cada uma, então, apresenta a sua própria visão doutrinária da Bíblia e sua forma de governo (episcopal, presbiteriano ou congregacional).

As pequenas igrejas não teriam dificuldade para manter o modelo de liderança da igreja primitiva, através de presbíteros. Aliás, no mundo inteiro, ainda hoje existem muitas igrejas locais que seguem esse modelo, isto é, são lideradas por presbíteros e não têm a figura de um pastor como oficial líder. Certamente esses líderes deveriam ter o preparo necessário para o exercício do ofício, ou seja, atender as qualificações neotestamentárias estabelecidas. Entretanto, parece que já no segundo século da igreja surgiu a necessidade de líderes de igrejas locais que dedicassem mais tempo ao ministério eclesiástico. Afinal, os presbíteros tinham suas famílias e suas obrigações de trabalho secular para sustenta-las. É, assim, que surgem os pastores das igrejas locais para assumirem maior responsabilidade de liderança, compartilhando o governo da igreja com os presbíteros, dependendo da forma de governo adotada. É interessante verificar a defesa de Paulo a favor do sustento dos que vivem para o evangelho (1Co 9.1-14).

Finalmente, concluímos estes quatro artigos dizendo que Pastorear o Rebanho de Deus” é simples assim! É preciso ter muito cuidado com a perigosa TEOLOGIA REVERSA; aquela que parte do HOJE para a BÍBLIA, isto é, estabelece hoje algumas linhas de pensamento, conceitos, estruturas e doutrinas, muitas vezes copiando e acompanhando a sociedade secular, o mundo, e, então, tentam construir algum respaldo bíblico para isso, normalmente bizarro e fora do contexto. Os defensores da TEOLOGIA LIBERAL se encaixam nesta mesma linha de ação. Por outro lado, o que apresentamos aqui e o que defendemos é a TEOLOGIA DIRETA, onde procuramos partir da Bíblia para estabelecer o que fazer e como fazer HOJE. Se, por conta disso, os liberais quiserem nos taxar de fundamentalistas, fiquem à vontade. O que mais nos importa é viver e “defender” as Sagradas Escrituras!


 Leia nos artigos anteriores:

Parte 1: A paridade entre apóstolos e presbíteros (1Pe 5.1)

Parte 2: O jeito errado e o certo de pastorear (1Pe 5.2-3)

Parte 3: A recompensa do bom pastoreio (1Pe 5.4)