Um bilhete debaixo da porta

Certa igreja cristã tinha um órgão de tubos, um sistema de som sem defeito, o mais sofisticado “datashow” e duas telas grandes, uma à direita do púlpito e outra à esquerda, além de uma tela pequena voltada para o ministro oficiante. Para os membros e visitantes falantes de outras línguas havia fones de ouvido com tradução simultânea do inglês para seis diferentes idiomas (português, francês, alemão, russo, chinês e coreano). Os deficientes auditivos tinham como captar a liturgia e o sermão, graças a um simpático e jovem casal que se comunicava com eles por meio da linguagem de sinais. O coro era formado de mais ou menos cem pessoas, todas de beca, em quatro cores diferentes (branco para os sopranos, azul celeste para os contraltos, vermelho para os tenores e marrom para os baixos). Uma mulher bonita e elegante era a regente. Eles conheciam e cantavam quase todas as cantatas de Johann Sebastian Bach. Uma orquestra de câmara tocava o prelúdio, acompanhava os hinos congregacionais e, às vezes, acompanhava também o coro. O regente da orquestra era um senhor de meia-idade que usava um rabicho que combinava com as longas abas de seu fraque. Os bancos eram almofadados e espaçosos, com um confortável estrado para os pés.

O pastor titular era culto, falava com eloquência, citava de cor palavras e frases do grego e do aramaico e trechos dos mais notáveis teólogos da Europa. Usava vestes talares de cores diferentes, uma para cada ocasião do calendário litúrgico. Para evitar a mania do pecado, ele quase não pregava sobre o assunto. Como consequência natural desse escrúpulo, o reverendo omitia também qualquer referência à expiação e ao perdão de Deus, mediante Jesus.

A membresia era formada de homens e mulheres da alta sociedade. Todos estavam “bem de vida” e possuíam tudo de que precisavam e também o supérfluo. A aparência não podia ser melhor. Porém, no íntimo e aos olhos de Deus, eles, o pastor titular e os outros onze pastores (o número nunca era menor nem maior, para coincidir com os doze patriarcas e os doze apóstolos), eram todos miseráveis, infelizes, pobres, cegos e nus. De vez em quando, um ou outro membro da liderança sentia um forte arrepio e estremecia com a formalidade ostensiva da igreja e com o seu distanciamento cada vez maior do evangelho e da própria pessoa de Jesus.

Certa manhã, quase na hora do culto matutino, quando os diáconos foram abrir as portas do templo, encontraram debaixo da porta principal um bilhete no qual estava escrito:

“Eu estou [aqui do lado de fora] batendo à porta constantemente. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei e farei companhia a ele, e ele a mim”.

Era um recado endereçado ao pastor titular, da parte “daquele por meio de quem Deus criou todas as coisas!” (Ap 3.14-22).

Parece que a igreja não reagiu à altura e veio a morrer. Ela não existe mais. No quarteirão onde ficava o seu templo, hoje há um “shopping center”!

Extraído da Revista Ultimato – Nº 334 – Janeiro-Fevereiro 2012

Religião e Evangelho

Após ouvir um sermão missionário, um homem disse ao pastor:

“– Não consigo entender. A gente ouve dizer que o Brasil acolhe muitas religiões, que é um país extremamente religioso. Por que, então, introduzir mais uma religião, aumentando ainda mais a confusão? Será que já não temos religião que chega?” O pastor respondeu:

“– Amigo, eu não ligo para RELIGIÃO, mas me interesso profundamente pela divulgação do EVANGELHO. Há uma enorme diferença entre as duas coisas:

A RELIGIÃO é obra do homem; o EVANGELHO nos foi dado por Deus.

A RELIGIÃO é o que o homem faz por Deus; o EVANGELHO é o que Deus faz pelo homem.

A RELIGIÃO é o homem em busca de Deus; o EVANGELHO é Deus buscando o homem.

A RELIGIÃO é o homem tentando subir a escada da sua própria justiça, na esperança de encontrar-se com Deus no último degrau; o EVANGELHO é Deus descendo a escada da encarnação de Jesus Cristo e encontrando-se conosco, na condição de pecadores.

A RELIGIÃO tem bons pontos de vista; o EVANGELHO, boas novas.

A RELIGIÃO traz bons conselhos; o EVANGELHO, uma gloriosa proclamação.

A RELIGIÃO termina com uma reforma exterior; o EVANGELHO termina com uma reforma interior.

A RELIGIÃO pinta de cal branca o túmulo de nossas vidas; o EVANGELHO purifica nosso interior e produz vida abundante.

A RELIGIÃO muitas vezes se torna uma farsa; o EVANGELHO é sempre uma força, o poder de Deus para a salvação de todo aquele que nele crê (Romanos 1.16).

Há muitas RELIGIÕES, mas apenas um EVANGELHO!”

(Toni Masumeci – Adaptado por mim)

Calendário Luz e Vida – 2004

Qual é o teu Cristo?

Qual é o teu Cristo?

Neste mundo há muitos cristos; de muitas formas, de várias cores, de vários tamanhos.
Cristos feitos, cristos inventados, cristos moldados, cristos deformados, cristos tristes e cristos desfigurados.
Há cristo para cada gosto, cada interesse, cada objetivo, e cada projeto.

Há o cristo das belas artes, um motivo como tantos outros para expressar uma forma ou exibir uma escola, pelo homem criada. É cristo para se ver, apreciar ou criticar, para exaltar o autor, seu talento, sua invencionice. É um cristo despido de autoridade, sem expressão, sem dignidade.

Há o cristo da literatura, da prosa, do verso, da forma, do estilo, do livro famoso, dos best-sellers.É um cristo pretexto que serve de texto dentro de um contexto, que ajuda o seu autor a faturar mais e ser mais lido e procurado.

Há o cristo das cantigas, deturpado, maltratado, irreverente, tratado. Aparece na crista das ondas, estoura nas paradas, é cantado nos salões e circula os milhões como mercadoria, para enriquecer as empresas.

Há até o cristo do cinema e do teatro, sucesso de bilheteria, é a explosão da arte moderna, fazendo a caricatura da maior personagem da história. É o cristo musicalizado, encenado, industrializado. É cristo para espetáculo, para os olhos, para os ouvidos, para o lazer e a higiene mental.

Há o cristo do crucifixo, de pedra, de mármore, de madeira, de metal. É cristo para a parede, para o colar da mocinha, para o peito piloso do rapaz excêntrico. É apenas ornamento ou simples decoração. Embora alguns lhe prestem culto; ele não vê, não ouve, não entende.

o cristo dos teólogos, difícil de entender, complicado… é cristo para eruditos, para cultos, privilegiados. É só para ser discutido, analisado, dissecado, aceito intelectualmente. Não modifica, não transforma, não regenera, não muda. É cristo aristocrata, de elite.

Há também, infelizmente, o cristo de certos cristãos que ainda o têm no túmulo. É cristo crucificado, morto e sepultado, e ainda conservado na tumba dura e fria. É o cristo que não vive porque os seus adoradores estão mortos e não despertaram para uma vida nova; a vida do próprio Cristo, da qual, lamentavelmente não se apossaram.

O meu Cristo não é nenhum desses:
O meu Cristo é Filho de Deus que foi encarnado, viveu, sofreu, foi condenado, morto e sepultado por causa de meus pecados.
O meu Cristo não ficou preso na sepultura escura. Ele ressuscitou, subiu ao céu e reina à direita do Pai.
O meu Cristo é respeitado, admirado, cultuado, adorado….porque está vivo….bem vivo!
O meu Cristo vive nas palavras que proferiu, nos ensinos que deixou, nos atos que praticou e na obra que realizou.
O meu Cristo vive nas almas que Ele salvou.
O meu Cristo vive… eu sei bem disso e não tenho nenhuma dúvida.

O MEU CRISTO VIVE EM MIM.

ALELUIA!!!

(Autor desconhecido)