Renovando a Esperança

Introdução          

Dizem que “Felicidade é ter algo o que fazer, ter algo que amar e algo que esperar…”

O que é esperança?

“Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera?” (Rm 8.24b)

Esperança ou expectativa são termos que expressam, de um lado, o ato de “esperar”, porém, também incluem a ideia do “objeto esperado”. Esse objeto esperado é algo positivo e desejado, que ainda não se tornou real (Rm 8.24); baseado em promessas (Hb 10.23) ou possibilidade de tornar-se realidade, mesmo quando há indicações do contrário (Rm 4.18); e, com elementos confiáveis que sustentem esta esperança, caso contrário não passaria de sonho ou ilusão ou imaginação. “Anseio” é um termo que denota impaciência nessa espera ou desejo que o objeto se torne realidade o mais breve possível.

Esperança é a segunda das três “virtudes teologais” (tríade cristã primitiva ou os três elementos fundamentais da vida cristã) mencionada em 1Coríntios 13.13: “Agora, pois, permanecem a , a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.” Nenhuma dessas virtudes pode existir sem as demais.

Sentimento de culpa, pensamentos negativos, estresse, depressão, desânimo, conflitos relacionais, separação conjugal, ressentimentos, doença ou morte na família, perdas materiais, são alguns dos muitos problemas que podem roubar nossa paz, nossa qualidade de vida e precisam ser superados. Há muitas pessoas precisando reencontrar a alegria de viver; renovar o ânimo; reacender a chama da esperança: “E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo.” (Rm 15.13). Lembre-se que a verdadeira esperança é a nossa tábua de salvação para sair da crise! É ela que nos dá o fôlego para prosseguir na caminhada da vida (Is 40.31). 

Você está sendo consumido pelas adversidades da vida? Como anda sua esperança? Em que consiste sua esperança? Como direcionar corretamente e fortalecer a esperança em tempos difíceis? Neste estudo procuraremos abordar alguns aspectos sobre a importância de conhecer e alimentar uma viva esperança (1Pe 1.3).

1. O SIGNIFICADO BÍBLICO DA “ESPERANÇA”

Cada povo, em cada época, e a humanidade como um todo, vive sua peculiar experiência de esperança.

1.1 – Esperança, no Antigo Testamento (AT)

O termo “esperança” ocorre 50 vezes no Antigo Testamento (AT), além de inúmeras ocorrências de outros termos que caracterizam a mesma ideia. Na história de Israel, registrada no AT, encontramos um povo diferenciado em sua crença – monoteísta, isto é, cultuando um só Deus, Javé, enquanto os outros povos eram idólatras, cultuavam vários deuses. Diante de tanta violência, invasões, guerras, inferioridade “militar” (por vezes), adversidades, o povo precisava contar com a ajuda do alto e refugiar-se em Deus. Diferentemente daqueles povos pagãos, Israel podia chamar Javé de “Esperança” e orar assim: “Pois tu és a minha esperança, SENHOR Deus,..” (Sl 71.5). E, Jeremias dizer: “Ó Esperança de Israel e Redentor seu no tempo da angústia,…” (Jr 14.8; ver tb Jr 17.13). Os israelitas esperavam pelo seu nome (Sl 52.9), pela sua palavra de perdão (Sl 130.5), pelo seu braço forte (Is 51.5), pela sua salvação (2Sm 22.3). Os profetas vaticinaram a restauração da “sorte de Israel” (Jr 31.23). A vinda do Messias é prometida e esperada desde Gênesis 3.15 e ratificada ao longo do AT (Dt 18.15-19; 2Sm 7.16; Sl 2; Sl 16.10; Sl 22; Is 4.2-6; Is 7.13-14; Is 9; Is 60.1-2; Ez 34; Dn 9.24-27; Mq 5.2-5; Zc 6.13; 9.10 etc.).  

1.2 – Esperança, no Novo Testamento (NT)

O termo “esperança” ocorre 55 vezes no Novo Testamento (NT), além de inúmeras ocorrências de outros termos que caracterizam a mesma ideia. No grego, o substantivo “esperança” é “elpis” e o verbo “esperar” é  “elpizõ” . É curioso que a palavra “esperança” não apareça nos Evangelhos e no Apocalipse. Ocorre em Atos (8 vezes), nas epístolas paulinas (38 vezes) e, nas epístolas gerais (9 vezes). Portanto, a ênfase se acha nos escritos de Paulo.

Enquanto no AT se convivia com o “ainda não” da realização da salvação, no NT o Messias já veio e inaugurou o “hoje sim, porém, ainda não” no que se refere à salvação eterna e todas as bênçãos, presentes e futuras, dela decorrentes. “Aquilo que antes era futuro agora se tornou presente nele para a fé: a justificação, o relacionamento com Deus como filho dele, a habitação do Espírito Santo na pessoa, o novo povo de Deus que se compõe de crentes de Israel e das nações.”[1] (E. Hoffmann)       

No NT, os cristãos também reconhecem que Javé é o Deus da esperança (Rm 15.13). E que este constituiu a Jesus Cristo, seu Filho, como nossa esperança (1Tm 1.1; 4.10).

2. A ESPIRAL DA ESPERANÇA

“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.” (Rm 5.3-4)

Sabemos, perfeitamente, que é de provação e aflição a nossa vida aqui. Jesus nos preveniu a esse respeito: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (Jo 16.33). Nesta mesma linha o apóstolo Paulo acrescenta:  “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação,” (2Co 4.17). O apóstolo também nos apresenta uma espécie de “espiral da esperança” no texto de Romanos 5.3-4: Tribulação -> Perseverança -> Experiência -> Esperança.

No texto de Romanos 8.18-25 destacam-se alguns aspectos tristes e desfavoráveis dessa nossa transitória vida terrena, tais como: a realidade do sofrimento do tempo presente; a sujeição da criação à vaidade; o jugo do cativeiro da corrupção; o gemido da criação por conta da maldição desde a queda no Éden, o que inclui os remidos do Senhor que aguardam a redenção do corpo, a redenção completa. É daí que provém a nossa angústia, que pela graça de Deus pode ser superada pela esperança em tudo o que o Senhor já fez, está fazendo e ainda fará por nós. Ele não nos deixou só no enfrentamento das tormentas desta vida: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mt 28.20b). E, ainda mais, somos desafiados e exortados a mantermos firme a nossa fé e confiança no Senhor, para podermos permanecer de pé no dia mau: “Os que confiam no SENHOR são como o monte Sião, que não se abala, firme para sempre.” (Sl 125.1).

3. ESPERANÇA E PACIÊNCIA

Enquanto aguardamos a manifestação dessa redenção prometida é necessário aguardar, com paciência (Rm 15.14) e perseverança, crendo que quem prometeu não há de falhar. Em vez de olharmos para as circunstâncias negativas precisamos manter o foco na missão recebida, renovando nossas forças e motivação na promessa divina: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.” (Rm 8.18). Se aquilo que está diante de nós, se aquilo que vemos só nos traz tristeza e desalento, é preciso exercitar a paciência, fixando-nos naquilo que ainda não vemos,  perseverando na esperança da intervenção divina, no tempo por ele determinado (Rm 8.25).

4. ESPERANÇA E RAZÃO

“Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência.” (Rm 4.18)

Por vezes a “esperança” há de duelar com a “razão”, isto é, quando a esperança desafia a lógica humana. Não se pode perder de vista que a esperança não se submete à razão pois a ela transcende. A lógica humana se expressa com base em condições e possibilidades verificadas no mundo material e racional. Entretanto, a realidade humana também está sujeita a elementos que transcendem o natural e material, ou seja, ao sobrenatural. Deus é o Deus dos impossíveis e nada pode limitar sua ação (Mt 19.26; Mc 10.27; Lc 1.37; 18.26-27).

A referência no texto bíblico acima a Abraão ilustra perfeitamente essa relação entre esperança e razão. “Esperando contra a esperança”, isto é, quando a razão e a lógica humanas negavam qualquer possibilidade de Sara engravidar, o humanamente impossível se rendeu à sempre possível e irresistível ação divina. Portanto, diante dessa verdade incontestável, nossa esperança deve se renovar e fortalecer.

Diante dos maiores desafios e adversidades, algumas pessoas cedem lugar ao pessimismo e se entregam ao desânimo. Por outro lado, o verdadeiro cristão não se intimida e não recua, por mais desfavoráveis e graves que sejam as circunstâncias. Porque a esperança cristã surpreende e supera qualquer dificuldade, inclusive a morte: “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá;” (Jo 11.25).

5. A ESPERANÇA CRISTÃ

Alguns aspectos da esperança cristã são assim descritos no NT:

– A esperança da ressurreição dos justos e injustos (At 24.15).
– A esperança da glória de Deus (Rm 5.2).
– Uma esperança inconfundível (Rm 5.5).
– A esperança da remissão do cativeiro da corrupção (Rm 8.21).
– A esperança que nos traz regozijo (Rm 12.12).
– A esperança que nos vem pela consolação das Escrituras (Rm 15.4).
– A esperança que transcende os portais desta vida terrena (1Co 15.19).
– Uma só esperança da nossa vocação em Cristo Jesus (Ef 4.4).
– Uma esperança que nos está preservada nos céus (Cl 1.5).
– A esperança que nos vem do Evangelho (Cl 1.23).
– A esperança que se sustenta em Cristo (1Ts 1.3).
– A esperança que nos equipa com o capacete da salvação (1Ts 5.8).
– A esperança da vida eterna prometida antes dos tempos eternos (Tt 1.2; 3.7).
– Uma esperança superior pela qual nos chegamos a Deus (Hb 7.19).
– Uma viva esperança (1Pe 1.3).
– Uma fé e esperança postas em Deus (1Pe 1.21; 1Jo 3.3).
– Uma esperança que deve ser explicada à tantos quantos a questionarem (1Pe 3.15).

Não há que duvidar quanto a essa bendita esperança. Na caminhada rumo à maturidade cristã devemos percorrer uma outra espiral, a espiral das confissões da esperança cristã declaradas pelo apóstolo Paulo: “cremos” (gr. pisteuomen)(Rm 6.8); “Estou bem certo” (gr. pepeismai)(Rm 8.38); e, “Estou plenamente certo” (gr. pepoithos)(Fp 1.6). O cristão, tendo a plena certeza de que serão concretizadas as promessas divinas, algumas aqui e agora, e outras, lá e então, gloria-se na sua esperança, pois “… o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos” (Tt 1.2).

“Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1Co 15.19).

A esperança cristã é aquele elo e ponte que interliga o tempo presente (marcado por sofrimentos) com a consumação do futuro escatológico (tempo de glória). A esperança cristã nos conclama a esperar com paciência, disciplina e confiança até a nossa chamada à casa do Pai Celestial, ou a manifestação gloriosa do Senhor Jesus na sua Segunda Vinda. Enquanto esperamos, vivemos uma vida abundante e vitoriosa em Cristo Jesus (Rm 8.37; 1Co 15.57; 2Co 2.14).

Conclusão

Quando se é iludido com a percepção de que se tem tudo, nada se espera; quando se acha que se tem muito, pouco se espera; quando se reconhece que o que se tem nada é, tudo se espera! Esta vida terrena é passageira e nada é quando comparada ao que Deus tem preparado para aqueles que o amam (1Co 2.9).

“Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas. (2Co 4.16-18)

Que a presente vida terrena está envolta em dificuldades e sofrimentos, não há dúvida; muito embora possamos desfrutar de bons momentos de refrigério e regozijo. Entretanto, o que nos está reservado no porvir mantém acesa a nossa esperança. Embora a espera seja dolorosa, esta pode ser vista de forma animadora quando comparada com o “trabalho de parto”. A dor e sofrimento da parturiente é compensada pela alegria de ter em seus braços aquele pequenino ser por ela gerada.

Finalmente, vale lembrar que a esperança é comparada a uma “âncora da alma” (Hb 6.18-19). “Assim como o navio fica seguro quando está no ancoradouro, nossa vida se firma na esperança que nos liga a Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote que entrou no santuário.” [2] (E. Hoffmann)

“Espera pelo SENHOR, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo SENHOR.” (Sl 27.14)

Que Deus nos ajude!

Bibliografia:

1. Bíblia Sagrada (SBB – Versão Revista e Atualizada).
2. Bíblia Online – SBB.
3. Revista Didaquê – Vida Abundante – DE BEM com a vida.
4. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, 1985, Vol. II.
5. Internet.


[1] Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, 1985, Vol. II, Pg.117

[2] Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, 1985, Vol. II, Pg.120

Crise e Esperança

Introdução

Comecemos relembrando os conceitos de Crise e Esperança.

Crise (gr. krisis; latim crisis) – Alteração no desenvolvimento normal de algo. Situação de tensão ou aflitiva. Desequilíbrio emocional ou nervoso súbito. Falta ou escassez de algo. Situação difícil, anormal e grave.

Esperança – é o ato de esperar aquilo que se deseja obter. Ter esperança é acreditar que alguma coisa muito desejada vai acontecer. (Antônimo: desespero)

SENSIBILIZAÇÃO

Nesta breve reflexão sobre o tema faremos, inicialmente, uma abordagem existencial, buscando a sensibilização de cada um quanto a aspectos que às vezes passam despercebidos no nosso cotidiano. Assim, sem atentarmos para eles, deixamos de evitar crises; ou, passando por crises, somos sufocados por elas, a ponto de quase sucumbir.

1. A REALIDADE DA CRISE

Imaginem este diálogo entre Adão e Eva: – Adão, meu marido, por que os rapazes ainda não chegaram para o almoço? Eles não costumam demorar tanto. – Minha querida, Abel estava cuidando do rebanho quando vi Caim chegar perto dele e, então os dois saíram em direção ao campo onde Caim estava trabalhando. Depois disso não os vi mais. – O que será que está acontecendo? É melhor você ir lá chamá-los. Algum tempo depois Adão retorna para casa, transtornado. Quando Eva o vê daquele jeito fica aflita. – O que aconteceu de tão grave, meu marido? Onde estão os rapazes? – Minha querida, nem sei como te dizer isso. (choro e suspiros). – Adão, você está me apavorando. Fala logo! Com muita dificuldade ele diz: – Meu amor, eu encontrei o corpo de Abel no chão, ensanguentado e pálido. Ele está morto! Não vi Caim. Desesperada ela sai ao encontro de Abel, gritando: – Meu Deus, isso não! Meu filhinho amado, não!

E, assim, desde as mais remotas épocas, as crises estão presentes nas famílias. Um descendente de Caim falou assim: “E disse Lameque às suas esposas: Ada e Zilá, ouvi-me; vós, mulheres de Lameque, escutai o que passo a dizer-vos: Matei um homem porque ele me feriu; e um rapaz porque me pisou.” (Gn 4.23). Ao longo da história bíblica e da humanidade, de uma forma ou de outra, todas as famílias enfrentaram crises: Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Jó, Anrão e Joquebede, Naamã, Elcana e Ana, Davi,…., José e Maria, os apóstolos etc. A crise é uma realidade; não é exclusividade de uma determinada pessoa ou família. Jesus nos preveniu: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (Jo 16.33; ver Rm 8.31-39).

Entretanto, precisamos refletir sobre algumas questões: Determinadas crises podem ser evitadas?  Por que, aparentemente, alguns passam por mais crises do que outros? É preciso ter uma vida/família estruturada, organizada e equilibrada para estar mais disponível para ajudar outras pessoas e famílias!

2. OS AGENTES DA CRISE

a) As crises têm causas (naturais, humanas e sobrenaturais)

CAUSAS NATURAIS – desastres naturais, tempestades e enchentes, seca prolongada, epidemias e pandemias, doenças congênitas, doenças adquiridas (incuráveis), deficiências orgânicas causadas pelo envelhecimento do corpo, morte na família, dentre outras.

CAUSAS HUMANAS – são aquelas provocadas pelo ser humano; pelo próprio ou pelo outro; por suas ações e omissões; por suas invenções; seus governos ou desgovernos, por acidentes que provocam, dentre outras.

CAUSAS SOBRENATURAIS – são aquelas que acontecem devido à intervenção divina, inclusive os seus juízos; também aquelas provocadas pelo Diabo, com a permissão de Deus.

Vejamos, como exemplo, algumas crises mais relevantes ocorridas.

Nos primeiros meses de 2019:
– Brumadinho (rompimento de barragem – MG)(JAN)
– CT do Flamengo (incêndio)(FEV)
– Ricardo Boechat (queda de helicóptero)(FEV)
– Escola Raul Brasil-Suzano/SP (massacre)(MAR)
– Enchentes (várias cidades)(JAN-MAR)

Nos primeiros meses de 2020:
– Enchentes (várias cidades)(JAN-MAR)
– Pandemia do coronavírus (FEV-???)

Em mais de 6 décadas de vida nunca vivenciei uma crise como esta listada por último. Entretanto, a maior parte das crises que nos afetam tem causa humana. Se investigarmos essas causas humanas, certamente identificaremos alguns fatores comuns, tais como:

– Falta de prevenção/atenção ou descuido/negligência.
– Falta de responsabilidade/respeito.
– Ganância, egoísmo.

E, na base de todas as causas, o pecado!

b) Há situações que podem provocar crises (faltas, perdas)

É a perda ou falta de ente queridos, da saúde, do emprego, de relacionamentos, de bens, de respeito (booling), da consideração, de segurança, de confiança no outro.

Resiliência é uma palavra que se torna cada vez mais conhecida. É um termo que vem da física, como o fenômeno de retorno da mola, quando cessa a pressão sobre ela; é o retorno à posição vertical daquele boneco “João teimoso”. Na psicologia, significa o poder de recuperação do indivíduo após ser submetido a situações estressantes e dolorosas, a perdas, a calamidade. “O equilíbrio humano é semelhante à estrutura de uma construção; se a pressão for superior à resistência, aparecerão rachaduras (doenças e lesões, por exemplo). Dentre as mais diferentes doenças psicossomáticas que se manifestam no indivíduo que não possui resiliência, estão não apenas o estresse, mas doenças graves como a gastrite até a síndrome do pânico, doenças intestinais, hipertensão arterial, entre outros males” (Dr. Alberto D’Auria).

Precisamos ser como bambus e varas verdes, que se dobram sob a pressão do vento, mas não se quebram. A vida é feita de perdas e ganhos, não podemos paralisá-la diante das perdas. Em nome de Jesus é preciso se libertar do passado. Isso é doentio!

c) As crises oferecem a oportunidade de reavaliação da vida, de comportamentos.

Às vezes se vive uma vida mediana, inexpressiva, marcada pelo comodismo. Aí, acontece uma crise, e com ela a reavaliação de tudo, provocando as mudanças necessárias.

Alguns vivem de forma fútil, confortável, porém vazia; focados nos bens, valores e prazeres materiais. Aí surge a crise e a pessoa redireciona o foco da sua vida para o que realmente tem valor.

d) As crises oferecem a oportunidade de um novo começo.

– Após a trágica morte de Abel temos o seguinte registro bíblico; porque é preciso seguir adiante: “Tornou Adão a coabitar com sua mulher; e ela deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Sete; porque, disse ela, Deus me concedeu outro descendente em lugar de Abel, que Caim matou.” (Gn 4.25)

– Há “crises” e “perdas” que produzem vida. Jesus afirmou: “se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto.” (Jo 12.24)

– Assim respondeu Jó aos seus amigos: “Porque há esperança para a árvore, pois, mesmo cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus rebentos.” (Jó 14.7)

No canteiro abaixo fica fácil ilustrar essa ideia de recomeço.

Relembrando….

a) As crises têm causas (naturais, humanas e sobrenaturais)
b) Há situações que podem provocar crises (faltas, perdas)
c) As crises oferecem a oportunidade de reavaliação da vida, de comportamentos.
d) As crises oferecem a oportunidade de um novo começo.

3. A REALIDADE DA ESPERANÇA

A esperança é um ato desenvolvido por quem está vivo!  “Para aquele que está entre os vivos há esperança; porque mais vale um cão vivo do que um leão morto.” (Ec 9.4)

a) A esperança é invisível aos olhos naturais.

“Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera?” (Rm 8.24)

Ainda que invisível, a verdadeira esperança não é fruto do imaginário, não é abstrata, não é ilusória, não é vã, não é baseada em crendices e nem nos discursos fantasiosos dos profissionais de autoajuda. Mas ela pode ser contemplada pelos olhos da fé. De onde ela vem?

b) A esperança tem procedência certa.

“Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa, porque dele vem a minha esperança.” (Sl 62.5)

“Bendito o homem que confia no SENHOR e cuja esperança é o SENHOR.” (Jr 17.7)

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,” (1Pe 1.3)

De nada adianta colocar nossa fé e nossa esperança em pessoas e coisas; em falsos deuses e falsas promessas.

c) A esperança se extingue quando Deus é deixado de lado.

“Mas eles dizem: Não há esperança, porque andaremos consoante os nossos projetos, e cada um fará segundo a dureza do seu coração maligno.” (Jr 18.12)

Quando o ser humano decide ser o protagonista exclusivo do seu caminho, do seu destino; cativo da sua própria vontade e rompendo com Deus e sua vontade, fica à deriva ao sabor da própria sorte. Como decorrência do que foi dito no item anterior, isso é o que acontece quando se deixa de lado a fonte da esperança.

d) A esperança transpõe os portais da eternidade

“Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” (1Co 15.19)

“por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho,” (Cl 1.5)

A Bíblia se expressa de forma clara e objetiva sobre o assunto. Porém, por vezes, nos envolvemos tão fortemente com as coisas desta vida que nos esquecemos de quanto a existência terrena é curta e transitória. Daí, quando surge uma ameaça efetiva à sua continuidade perdemos o chão.

e) A esperança precisa ser cultivada

“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança.” (Rm 15.4)

“Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.” (Lm 3.21)

“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.” (Rm 5.3-4)

Sem dúvida é a palavra de Deus guardada em nossas mentes e corações e o testemunho verdadeiro de como Deus tem sustentado os seus filhos que há de nos suprir e fortalecer o ânimo e prover-nos de força interior para resistir no dia mau.

f) A esperança renova a alegria de viver

“regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes;” (Rm 12.12)

“E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo.” (Rm 15.13)

Nem sempre a vida é tão generosa conosco, cristãos ou não. No entanto, a esperança do cristão é real e verdadeira conseguindo produzir nele a renovação da alegria de viver, de seguir adiante.

g) Não desista da esperança!

“Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência.” (Rm 4.18)

“na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.” (Rm 8.21)

“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.” (1Co 13.13)

“E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.” (1Jo 3.3)

Vale lembrar aquelas máximas populares: “Enquanto há vida, há esperança”; “A esperança é a última que morre”. Portanto, por mais difícil que seja a situação ou mais improvável que seja a realização ou a solução, a mensagem é “não desista, mantenha a esperança!”

h) Somos chamados para sermos agentes da esperança

“Pois quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que exultamos, na presença de nosso Senhor Jesus em sua vinda? Não sois vós?” (1Ts 2.19)

“antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós,” (1Pe 3.15)

Por fim, acima e além de ter esperança, o chamamento divino através do apóstolo Paulo é para encarnarmos a esperança cristã. Assim, personificando a esperança, temos a missão de ir e transmiti-la a quem dela necessitar.

Relembrando….

a) A esperança é invisível aos olhos naturais.
b) A esperança tem procedência certa.
c) A esperança se extingue quando Deus é deixado de lado.
d) A esperança transpõe os portais da eternidade.
e) A esperança precisa ser cultivada.
f) A esperança renova a alegria de viver.
g) Não desista da esperança!
h) Somos chamados para sermos agentes da esperança.

Conclusão

É preciso ter uma postura correta no cotidiano para prevenirmos crises e evitarmos ser Agentes da Crise!

É preciso ter uma vida/família estruturada, organizada e equilibrada para estar mais disponível para ajudar outras pessoas e famílias!

Num mundo envolto em tantas crises, sejamos sempre proativos, sejamos Agentes da Esperança!

Descartando a ansiedade

descartando-ansiedade

“Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (1Pe 5.6-7)

Uma mulher que trabalhava num banco havia muitos anos, caiu em desespero.
Estava depressiva, com esgotamento nervoso.
Seu médico, buscando um diagnóstico, lhe perguntou:
– Como se chama a jovem que trabalha ao seu lado no banco?
– Cíntia, respondeu ela, sem entender.
– Cíntia do quê?
– Eu não sei.
– Sabe onde ela mora?
– Não.
– O que ela faz?
– Também não sei.
O médico entendeu que o egoísmo estava roubando a alegria daquela pobre mulher.
– Posso ajudá-la, mas você tem que prometer que fará o que eu lhe pedir.
– Farei qualquer coisa! Afirmou ela.
– Em primeiro lugar, faça amizade com Cíntia.
Convide-a para jantar em sua casa. Descubra o que ela está almejando na vida, e faça alguma coisa para ajudá-la.
– Em segundo lugar, faça amizade com seu jornaleiro e a família dele, e veja se pode fazer alguma coisa para ajudá-los.
– Em terceiro, faça amizade com o zelador de seu prédio e descubra qual é o sonho da vida dele.
– Em dois meses, volte para me ver.
Ao fim de dois meses, ela não voltou, mas escreveu uma carta sem sinal de melancolia ou tristeza.
Era só alegria!
Havia ajudado Cíntia a passar no vestibular.
Ajudou a cuidar de uma filha doente do jornaleiro.
Ensinou o zelador a ler e escrever, pois era analfabeto.
“Nunca imaginei que pudesse sentir alegria desta maneira!”, escreveu ela.
Os que vivem apenas para si mesmos, nunca encontrarão a paz e a alegria, pois somos chamados por Deus para ser bênção na vida dos outros.
Você já conhecia este segredo?
Pense nisso!!

Introdução

A ansiedade é irmã gêmea da preocupação. Ambas são parentes próximos do medo (muitas vezes a diferenciação não é possível), sendo distinguidas dele pelo fato de o medo ter um fator desencadeante real e palpável, enquanto na ansiedade e na preocupação o fator de estímulo teria características mais subjetivas. Definições:

Ansiedade (sf): [1] Sofrimento físico e psíquico; aflição, agonia, angústia, ânsia, nervosismo. [2 Psicol] Estado emocional frente a um futuro incerto e perigoso no qual um indivíduo se sente impotente e indefeso. [3 Fig] Desejo ardente ou veemente; anelo. 4 Sentimento e sensação de intranquilidade, medo ou receio.

Preocupação (sf): [1] Ato ou efeito de preocupar (-se). [2] Estado de quem se encontra absorvido por uma ideia; ideia fixa; pensamento dominante. [3] Inquietação resultante dessa ideia.

É preciso considerar que ter um pouco de preocupação ou ansiedade é um fato normal e natural no ser humano, muitas vezes agindo em prol da sua preservação.

Exemplos:

a) Encontrar estacionamento (Falta de informação cria a tensão)
b) Bula de remédio. (Excesso de informação cria a tensão)
c) Viagem para um lugar desconhecido. (Planejar bem diminui a tensão)
d) Trafegar em áreas de risco.

Quando se torna exagerada, fora de controle, causando transtorno comportamental, desequilíbrio, disfunção, sofrimento e estresse, a ansiedade não é mais normal e precisa ser tratada. Por exemplo, a pessoa que não anda sozinha no elevador.

A ansiedade é um estado mental, psíquico, com desdobramentos físicos, tais como: taquicardia, sudorese, tremores, tensão muscular, cefaleia (dor de cabeça) etc. Quando recorrente e intensa também é chamada de Síndrome do Pânico (crise ansiosa aguda). “O nosso sistema nervoso central e a nossa mente necessitam de uma situação de conforto e de segurança para usufruir da sensação de repouso e de bem-estar. Quando a nossa percepção nos alerta para uma situação de perigo a este estado, acontece o estado ansioso.”[1] Com certeza, isso é prejudicial ao ser humano e precisa ser superado: “A ansiedade no coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra.” (Pv 12.25)

“Este movimento mental, na maioria das vezes, acaba causando uma certa confusão, uma ineficiência da ação, um aumento da sensação de perigo e de incapacidade de se livrar dele, o que configura um círculo vicioso, pois esta sensação só faz aumentar ainda mais o estado ansioso. ‘Mente acelerada é mente desequilibrada’. Este movimento impulsivo de a mente se acelerar, de precisar ter tudo sob controle, para poder usufruir da sensação de repouso e conforto faz com que ela se excite, e se o problema não tiver uma solução mental imediata, como o que acontece na maioria dos casos, teremos a chamada ansiedade patológica, que tende a se cronificar e piorar com os anos.”[2]

“A principal característica psíquica do estado ansioso é uma excitação, uma aceleração do pensamento, como se estivéssemos elaborando, planejando uma maneira de nos livrar do perigo e da maneira mais rápida possível.”[3]

Esse perigo pode se apresentar como ameaça de perdas de elementos essenciais e indispensáveis à sobrevivência, tais como, alimento, moradia, saúde, segurança, liberdade; mas, também, perda de status, de conforto, de poder econômico, de afetos, de amizades, de privilégios, de vantagens, de possibilidade de concretizar interesses, de vaidade etc. Esses são fatores mais do que suficientes, em muitos casos para disparar o estado ansioso. Jesus nos ensina a não dar lugar à ansiedade em nossa vida, seja qual for a situação: “Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?” (Mt 6.25), “E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam.” (Mt 6.28)

A ansiedade pode ter várias origens, segundo alguns estudiosos:

1ª) A primeira é que pode ter uma origem genética, ou seja, a pessoa herda de seus ascendentes uma pré-disposição para ter estes sintomas. Nestes casos, as manifestações podem ser bastante precoces, sendo a pessoa desde cedo, uma criança agitada, às vezes hiperativa, que chora com facilidade e às vezes até com dificuldade de dormir.

2ª) A segunda é uma infância carente e problemática, na qual as dificuldades dos pais, mas principalmente da mãe, de passar afeto e suprir as carências afetivas da criança fazem com que ela se sinta insegura e exposta, e agrave e condicione um sentimento de que coisas ruins e sensações negativas podem acontecer a qualquer momento.

3ª) A terceira é a dificuldade de incorporar fatos e intercorrências novas ou desconhecidas. O velho ou conhecido sempre traz a sensação de segurança e controle. O novo, por sua vez, tem a capacidade de potencializar a sensação de medo no sentido de que algo ruim ou perigoso pode vir a acontecer. É mais ou menos assim: “Tudo que vem de mim é seguro e tudo que vem de fora e não está sob controle é perigoso”.

Existem alguns tipos de remédios que podem ajudar a controlar e diminuir a ansiedade. Os chamados ansiolíticos (dissolução da ansiedade) ou tranquilizantes. Numa graduação mais forte estão os antidepressivos. E, os prescritos para os casos mais graves, os chamados tranquilizantes maiores ou anti psicóticos, onde a ansiedade atinge picos altíssimos e estão associados a doenças mentais.

Sem querer anular ou dispensar a ajuda da ciência humana e a intervenção com medicamentos, para os casos específicos em que estes se fazem necessários, ou por um período específico pós-traumático, nunca podemos deixar de contar com o auxílio divino: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.” (Fp 4.6)

Vejamos o que o texto abaixo nos ensina:

Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (1Pe 5-6-7)

1.Uma condição precedente – submissão: humilhai-vos….

“Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus,…”

Muitas vezes, para nos sentirmos confortáveis e seguros, queremos ter tudo sob o nosso controle. Queremos ter o domínio de todas as situações, mas isso não é possível o tempo todo. Somos gente, humanos, vivendo num mundo dominado pelo pecado, numa sociedade corrompida. Certamente enfrentaremos situações que fogem ao nosso controle. Porém, nunca qualquer situação deixará de estar sob o controle do nosso Deus. Então, mais importante do que as coisas estarem debaixo do nosso controle, como se fôssemos pequenos deuses, é nos submetermos humildemente ao Senhor. Alguma coisa estar debaixo das nossas mãos, é nada; mas nós estarmos debaixo das mãos poderosas de Deus, é tudo. Isso não deve acontecer apenas quando achamos que não vamos dar conta da situação, mas sempre, em todo o tempo, devemos permanecer na sua dependência.

2.Um agente poderoso – Deus: para que ele…

“… para que ele,…..

Estar submisso a Deus não significa cruzar os braços e achar que ele vai fazer tudo por nós. Sem dúvida é ele quem deve estar no comando da nossa vida. Não é o nosso braço que proverá a vitória, mas o braço do Senhor. Entretanto, é ele quem opera em nós, tanto o querer como o realizar. É ele quem realiza, mas somos instrumentos seus para muitas dessas realizações. Tudo isso, para que a glória seja dele, e não nossa; e, para que o benefício seja nosso, e não dele, porque ele não precisa de nada.

3. Um tempo de espera – paciência e perseverança: em tempo oportuno…

“… em tempo oportuno, vos exalte,…”

O grande problema do ser humano é saber lidar com o tempo. Quando ele quer alguma coisa, tem que ser aqui e agora. Há um tempo certo para acontecer cada coisa debaixo do céu e esse tempo não é o chronos do homem, mas o kairós de Deus. Muitas vezes Deus faz uso do tempo de forma pedagógica, porque ele está trabalhando algo em nós. O grande problema do ansioso é que, em vez de viver o presente, o mal de cada dia, ele insiste em trazer para o presente várias supostas situações negativas do futuro. Coisas que, em sua maioria não irão ocorrer, mas que sobrecarregam suas mentes, no presente, de tal forma que ele não consegue suportar. Além de fazer a nossa parte, é preciso aprender a confiar em Deus, ter paciência e perseverança até chegar o tempo oportuno.

4. Uma ação necessária – coragem: lançando sobre ele toda…

“… lançando sobre ele toda a vossa ansiedade,….”

Nesta curta existência humana, há fardos que são nossos: “Porque cada um levará o seu próprio fardo.” (Gl 6.5). Há fardos resultantes de situações adversas, devido a decisões erradas ou certas: de nossos pais, de algum membro da nossa família ou de nós mesmos. Às vezes não foram por culpa deles ou nossa, mas incidentes os acidentes dos quais fomos apenas vítimas. Porém, o certo é que não precisamos carregar fardos que não são nossos. É como diz o salmista:  “Na tua presença, Senhor, estão os meus desejos todos, e a minha ansiedade não te é oculta.” (Sl 38.9). E, Jesus acrescenta: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” (Mt 11.28-30). Quando nós lançamos algo, nossas mãos ficam vazias. Tudo, é tudo mesmo! É preciso ter coragem pra fazer isso e colher os resultados.

5. Uma garantia confortadora – fé: ele tem cuidado de vós

“… porque ele tem cuidado de vós.”

Que motivação, segurança e garantia nos são dadas para tomarmos tão corajosa decisão?

a) Na Bíblia e na história humana temos inúmeros exemplos de que Deus cuida daqueles que o temem e estão submissos a ele e sua soberana vontade.
b) Certamente que nós mesmos e pessoas do nosso relacionamento direto já temos experimentado de perto o cuidado de Deus.
c) Jesus declarou enfaticamente que, se Deus cuida da sua criação não humana, muito mais cuidará de nós, os seus filhos, redimidos pelo seu sangue:

26  Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?

27  Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?

28  E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam.

29  Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.

30  Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?

31  Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?

32  Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas;

33  buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mt 6.26-33)

Conclusão:

Vamos levar a sério essa proposta que nos é oferecida pelo Senhor! Vamos ocupar as nossas mentes, com pensamentos que nos tragam força interior e esperança! “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.” (Lm 3.21). Vamos ocupar nosso tempo e nossas mãos, realizando ações que agradem a Deus e contribuam para melhorar o mundo à nossa volta! Que assim Deus nos ajude e abençoe!

[1] Dr Isaac Efraim (Internet)

[2] Dr Isaac Efraim (Internet)

[3] Dr Isaac Efraim (Internet)

 

Apesar de você…

Apesar de você

Era quase manhã, de mais um dia ensolarado e quente que, como sempre, não pedia permissão para chegar. Chegava como tantas outras vezes, de mansinho, com infinitos raios, batendo na vidraça da varanda, se espremendo por entre as frestas do blackout da cortina da janela.  Mas, ainda não era hora de acordar. Longe disso, era hora de virar para o lado, fechar os olhos e voltar a dormir. Quem disso que isso seria tão fácil assim. Lá estava o criado mudo, com o relógio digital sobre ele, assinalando em números bem grandes, iluminados, a hora 5:05. De imediato esses números adentraram meus olhos semiabertos e meu cérebro, quase adormecido, viu ali um inexplicável SOS. Nenhuma razão aparente havia para tal associação, pois apenas as preocupações corriqueiras e normais da vida me faziam companhia quando fui para a cama. Além disso, inexplicavelmente e do nada,  ecoava, insistentemente, em minha mente o antigo e famoso refrão daquela música do Chico Buarque: “Apesar de você / Amanhã há de ser / Outro dia”.  Que coisa estranha! Por que essa música, do tempo da ditadura militar em nossa pátria, perturbava agora o meu sono? Já fazia tanto tempo que a tinha ouvido pela última vez ou pensado no assunto; por que isso agora? Como não dava pra explicar, o melhor mesmo era tirar proveito da junção das duas coisas e refletir, mais tarde e bem acordado, sobre algo como “SOS humanidade”; ou, mais especificamente, “SOS povo brasileiro”.

“Apesar de você”…..

Você quem? Ou, você o que? Esse “você” da composição era muito real, era uma referência à ditadura. Mas, também pode significar um ser vivo ou uma coisa, uma situação; ou vários seres ou coisas e várias situações que, agindo sem pedir licença, transformam felicidade em tormento, alegria em dor, tranquilidade em complicação, enfim, vida em sofrimento. Por exemplo e desabafando….:

Apesar de você, democracia, que era cantada e exaltada como luz a irromper desalojando a escuridão da ditadura militar, nossas vidas continuam reféns dos mandos e desmandos dos poderes, das instituições e das situações cotidianas…. Amanhã há de ser outro dia.

Apesar de você, governo ou administrador público, irresponsável, incompetente ou corrupto, que não se satisfaz, em sua voracidade, com poucos impostos, enquanto nem de longe devolve à sociedade a contrapartida de serviços dignos de um cidadão…. Amanhã…

Apesar de você, político corrupto, que só está interessado em aumentar sua conta bancária, em vez de produzir resultados que efetivamente melhorem o dia a dia da população…. Amanhã…

Apesar de você, juiz ou desembargador corrupto, que ultraja a justiça, quando permite que o suborno dos poderosos, solapem o legítimo direito dos mais fracos….. Amanhã…

Apesar de você, policial irresponsável ou corrupto, que desampara ou achaca o cidadão, enquanto corre atrás apenas dos seus próprios interesses…. Amanhã…

Apesar de você, fiscal corrupto, que permite que impostos sejam sonegados, prejudicando o investimento no atendimento das nossas crianças e do nosso povo, porque o que lhe interessa mesmo é o seu conforto e bem-estar pessoal…. Amanhã…

Apesar de você, agente da vigilância sanitária irresponsável e corrupto, que permite que bens e alimentos que prejudicam a saúde da nossa gente estejam em circulação, e que serviços sejam prestados de forma precária, porque o que mais lhe importa é o enriquecimento ilícito….. Amanhã…

Apesar de você, burocracia infernal, que faz com que os inventários pareçam não ter fim e os processos se arrastem indefinidamente na justiça ou nos órgãos públicos, prolongando a agonia do cidadão…. Amanhã…

Apesar de você, empresário sem escrúpulos, que explora muitos trabalhadores, arruína nosso meio ambiente e ameaça nossa sobrevivência…. Amanhã…

Apesar de você, trabalhador negligente, que faz com que paguemos mais pelos produtos e serviços que consumimos, e faz com que a qualidade fique a desejar…. Amanhã…

Apesar de você, SAC*[1] desqualificado, que produz irritação, fazendo com que o que foi comprado para produzir satisfação, seja motivo de perturbação e estresse…. Amanhã…

Apesar de você, Plano de Saúde ineficiente, que faz com que nossas consultas médicas, exames laboratoriais e internações sejam adiados, nossa enfermidade prolongada e nossa qualidade de vida prejudicada…. Amanhã…

Apesar de você,  máquina pública emperrada, que não investe o suficiente na expansão de leitos hospitalares, principalmente em CTI, nem em salas de aula e em profissionais de saúde e de educação; entretanto, disponibiliza tantos recursos para os aparelhos esportivos da cidade por conta de uma Copa e Olimpíadas…. Amanhã…

Apesar de você, cemitério mal administrado, que permite que a população já esteja ameaçada de não encontrar vagas para sepultar os seus mortos…. Amanhã…

Apesar de você, líder cristão espertalhão, que engana gente simples com a estratégia do “é dando que se recebe”; que pratica política eclesiástica para conquistar seus objetivos e fazer prevalecer sua vontade e, depois diz à igreja que foi obra do Espírito Santo…. Amanhã…

Apesar de você, motorista irresponsável, que faz com que vidas sejam ceifadas ou quase inutilizadas por causa da sua embriaguez ou atos inconsequentes, que fecha cruzamentos com sua falta de educação e agrava os congestionamentos etc. etc. … Amanhã…

Apesar de você, síndico corrupto ou autoritário, que se utiliza do expediente de obras superfaturadas que oneram nossas taxas condominiais, que inventa obras bizarras que tiram nossa paz, que trata com descaso a convenção condominial, afrontando nosso direito, o que é agravado quando se tem que conviver com condôminos omissos que somente se mexem quando o leite já foi derramado…. Amanhã…

Apesar de você, vizinho incômodo, que tem vocação para fazer barulho, provocar irritação e criar problema…. Amanhã…

Apesar de você, parente complicado, que fala mal do seu parente, tira proveito de situações, mas, na hora do aperto vai buscar a ajuda deste…. Amanhã…

Apesar de você, cônjuge infiel ou irresponsável, que desrespeita a aliança matrimonial, arruinando sua família, ou que se dedica a qualquer coisa, menos à sua família…. Amanhã…

Apesar de você, falso amigo, que quer tirar proveito dessa relação, mas só Deus sabe o que você faz pelas suas costas…. Amanhã…

Apesar de você, ser insensível e hipócrita, capaz de fazer muito pelos animais e não mover uma só palha para ajudar os necessitados humanos…. Amanhã…

Apesar de você, covarde, incrédulo, abominável, assassino, ladrão, impuro, feiticeiro, idólatra, mentiroso, etc etc, que desagrada a Deus e torna a vida humana tão mais difícil e frágil…. Amanhã…

Apesar de você, “cada um de nós”, imperfeito e incapaz de viver uma vida permanentemente irrepreensível diante de Deus e dos homens…. Amanhã…

Finalmente, APESAR DE VOCÊ, isto é, de todos esses seres e situações acima mencionados e de tantos outros que você teria para adicionar a esta lista, AMANHÃ HÁ DE SER OUTRO DIA!

Sim, será outro dia! Mas, que dia será esse? Certamente com mais tecnologia, porém com os mesmos ou outros problemas que tornam a vida tão sofrida. É sempre bom e necessário cultivar a esperança de dias melhores. Desde há muitos séculos passados, pensadores, filósofos, sociólogos, religiosos etc. discutem e buscam encontrar a fórmula de uma sociedade justa, perfeita e feliz. Porém, humanamente isso é impossível, por uma simples razão. O vírus do PECADO se instalou na raça humana bem no início de sua trajetória. Pra esse vírus só há um antivírus, a obra de redenção realizada por Jesus Cristo na cruz do Calvário. Regenerado ou gerado de novo e habitado pelo Espírito Santo o ser humano tem a oportunidade de um novo começo; a criatura é feita filho de Deus. Entretanto, apesar das condições tão favoráveis proporcionadas pela nova vida em Cristo, continuamos reféns da natureza humana e do pecado que tão tenazmente nos assedia.

Assim, todos os remidos do Senhor Jesus, aguardam por outro dia, um dia realmente especial e diferenciado, quando Jesus Cristo voltará a este mundo para arrebatar a sua igreja, ressuscitando os salvos de entre os mortos e transformando o corpo dos vivos num corpo glorioso, igual ao do Jesus ressurreto. Este, sim, é o dia que tanto aguardamos! E, tudo isso, apesar de nós, porque é pela graça, o favor imerecido de Deus.

Nesse dia sim a poesia de Chico Buarque fará algum sentido:

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente

“Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus!  A graça do Senhor Jesus seja com todos.” (Ap 22.20-21)


[1] SAC – Serviço de Atendimento ao Cliente