Abraão e Sara

Texto base: Gênesis 11.10 a 25.18

Introdução          

Alguns casais são mencionados nominalmente na Bíblia (marido e esposa), inclusive com o registro de suas falas e ações. Temos muito a aprender com a história deles.

Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, pode ser dividido em duas grandes partes principais. A primeira parte (Gênesis 1.1 a 11.9), começa com o registro da criação “dos céus e da terra” (Gn 1-2). Nesse contexto, aparece o primeiro casal: Adão e Eva. Desde então, a raça humana começa a trilhar um caminho descendente de afastamento de Deus, rebeldia e de autodestruição, que começa na queda do primeiro casal (Gn 3) e termina no juízo divino e dispersão da Torre de Babel (Gn 11.9).

A segunda parte (Gênesis 11.10 a 50.26), focaliza e se dedica exclusivamente a história de uma família, a do segundo casal: Abraão e Sara. Isso começa com o registro genealógico dos ascendentes de Abraão (Gn 11.10-26), seu casamento com Sara, sua terra natal “Ur dos Caldeus” e emigração para “Harã” (Gn 11.27-32).

É interessante observar que, de Adão a Abraão, há um período de cerca de 2000 anos. E, mais. Transcorridos  cerca de mais 2000 anos chegamos a outro personagem relevante e histórico – Jesus Cristo – filho do casal (por parte de Maria) José e Maria. Da mesma forma que aconteceu com Abraão, a história desse terceiro casal é precedida pelo registro genealógico dos ascendentes de Jesus desde Abraão (Mt 1.1-17).

Isso nos remete a uma macro visão da história que pode ser dividida em três períodos de cerca de 2000 anos:

1º) Adão a Abraão: Deus lidando com a raça humana caída.

2º) Abraão a Jesus Cristo: Deus lidando com o seu povo de Israel – Antiga Aliança.

3º) Jesus Cristo ao Arrebatamento da Igreja(?!): Deus lidando com a sua Igreja – Nova Aliança.

As famílias, em qualquer época, enfrentam desafios, dificuldades e ameaças internas e externas que atentam contra a sua integridade e continuidade. Sabemos que famílias bem estruturadas estão mais preparadas para resistir aos maus dias e prosperar. Cada casal pode aprender com suas próprias vivências e experiências, porém, poderá turbinar esse aprendizado estudando a vida e exemplo de outros casais, particularmente de casais bíblicos, como Abraão e Sara. É o que se propõe fazer neste breve estudo.    

Desenvolvimento:

1. INFORMAÇÕES BIOGRÁFICAS

O papel do casal Abraão e Sara é relevante na história e no registro bíblico do povo de Israel, com desdobramentos significativos na cultura judaico-cristã. Seguem alguns aspectos e informações gerais sobre o casal:

(I) Origens

Abrão, significa “pai exaltado”, teve seu nome mudado por Deus para Abraão “pai de multidão” (Gn 17.1, 5 – com 99 anos), nasceu em Ur dos Caldeus, na Mesopotâmia. Era filho de Terá (Gn 11.26). Ele se casou com Sarai, que significa “minha princesa”, que teve seu nome mudado por Deus (na mesma ocasião da mudança do nome de Abraão) para Sara “princesa”  (Gn 17.15 – com 89 anos). Sara era meia-irmã de Abraão (por parte de pai – Gn 20.12), dez anos mais nova do que ele (Gn 17.17), estéril (Gn 11.30; 16.1). Certamente ela era uma mulher formosa (Gn 12.11, 14), o que pode ter levado Abraão a dizer, para se proteger, que ela era sua irmã, por duas vezes (Faraó – Gn 12.10-20; Abimeleque – Gn 20.1-18).

(II) Fatos relevantes

Chamado: Segundo o relato de Estêvão (At 7.2-3), favorecido pelos textos de Gênesis 15.7 e Neemias 9.7, o chamado divino teria ocorrido quando Abraão morava em Ur dos Caldeus, sua terra natal. Abraão obedeceu e partiu com sua esposa, Sara; seu pai, Terá; e seu sobrinho, Ló, e se estabeleceu em Harã, em vez de prosseguir até Canaã (At 7.4a). Outras razões sociopolíticas podem ter sido usadas por Deus para persuadi-lo a obedecer ao chamado divino.

Retomada do Chamado: Deus chamou Abraão para sair de sua terra e seguir para uma terra que ele lhe mostraria. O texto de Gênesis 12.1-3 pode se referir ao detalhamento do chamado divino, quando Abraão ainda residia em Ur (“sai da tua terra”).  Já o texto Gênesis 12.4-6 registra um segundo momento quando Abraão, com 75 anos de idade, finalmente obedeceu ao chamado divino e partiu de Harã com sua esposa, Sara, e seu sobrinho, Ló. Estêvão relata que, após a morte do seu pai Terá (com 205 anos – Gn 11.32), é que se deu sua partida. Há uma certa dificuldade para conciliar essas idades, a saber: (i) Terá começou a gerar filhos com 70 anos (Abrão, Naor e Harã – Gn 11.26). Não sabemos se o nome de Abrão aparece primeiro por ser ele o primogênito ou devido à sua relevância histórica. (ii) Aos 205 anos de Terá (quando morreu), o seu filho mais velho já estaria com cerca de 135 anos e Abraão tinha 75 anos quando partiu. (iii) Algumas sugestões de conciliação são: a) Abraão não era o primogênito e nasceu quando o pai tinha 130 anos; b) O pai de Abraão (Terá) não morreu com 205 anos, mas com uns 145 anos[1] (o pai de Terá, Naor, viveu 148 anos – Gn 11.24-25); c) Quando Abraão partiu de Harã deixou seu pai ali vivo. Enfim, não é recomendável desviarmos o foco do que realmente interessa para nos apegarmos a discussões de datas, genealogias etc. (Tt 3.9; 1Tm 1.4).

As promessas: “de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gn 12.2-3)

Deus fez promessa a Abraão dizendo que ele se tornaria o pai de uma grande nação e que todas as famílias da Terra seriam abençoadas por meio dele. Essa promessa foi renovada ao longo da vida de Abraão e Sara, apesar da esterilidade de Sara e, até mesmo quando já estavam com idade avançada. Através de Abraão e sua descendência, a raça humana caída podia agora enxergar uma luz no fim do túnel. Em Cristo a promessa se realizou (Jo 8.56; At 3.25; Gl 3.8, 13, 14)!

Separação e Aliança (Gn 13-15): O chamado de Abraão foi objetivo e claro. Exigia uma separação total: geográfica, social e familiar. Os capítulos 12 a 14 de Gênesis narram o atendimento da condição prévia para Deus estabelecer uma aliança com ele. Ele precisou deixar Ur, e depois Harã, e ir para Canaã. Ele, também precisou se separar totalmente da sua parentela, depois do pai e, finalmente de seu sobrinho Ló (Gn 13 e 14). Condição satisfeita, Abraão tinha agora cerca de 85 anos (Gn 16.16) quando Deus lhe apareceu numa visão e estabeleceu sua Aliança. Esta Aliança inclui: (i) Renovação da promessa de uma grande nação e que esta se daria a partir de um filho gerado por ele (Gn 15.1-6); (ii) A possessão da terra de Canaã, por herança (Gn 15.7; 18-21; 13.12, 14-18); (iii) Uma vida longa (Gn 15.15). 

Nascimento de Ismael (Gn 16): A proposta de Sara a Abraão para que ele gerasse um filho através da sua serva Hagar resultou no nascimento de Ismael (Gn 16 – Abraão com 86 anos).

Renovação da Aliança (Gn 17): O Senhor apareceu a Abraão, com 99 anos. Esta Renovação da Aliança inclui (Gn 17): (i) A apresentação de Deus a ele como Todo-Poderoso e que requer dele um andar em sua presença e perfeição; (ii) A multiplicação da sua descendência, dando origem a nações e reis; (iii) A mudança do seu nome para Abraão – “pai de uma multidão”, como um sinal de sua promessa de uma descendência numerosa. (iv) A Aliança será perpétua abrangendo sua descendência “para ser o teu Deus e da tua descendência”; (v) O estabelecimento do rito da circuncisão de todo o macho como marca e selo desta Aliança; (vi) A mudança do nome de Sarai para Sara e o anúncio do nascimento de seu filho, em ditosa velhice, dali a 1 ano, e que deveria receber o nome de Isaque. (vii)  O futuro promissor de Ismael, porém fora da Aliança. (viii) A circuncisão de Abraão, Ismael e de todos os homens da sua casa.

Nascimento de Isaque (Gn 21): Apesar da idade avançada de Abraão e Sara, Deus cumpriu sua promessa e Sara deu à luz um filho, Isaque, quando Abraão tinha 100 anos de idade e Sara 90 anos. Isaque foi o filho da promessa e o herdeiro das bênçãos e da Aliança feitas por Deus com Abraão.

Oferecimento de Isaque (Gn 22): Isaque era verdadeiramente muito especial para Abraão. Assim, Deus o submeteu a uma prova extrema para testar se ele o amava mais do que a Isaque. Abraão passou no teste e Deus fez uma extraordinária declaração a seu respeito (Gn 22.12).

Morte de Sara (Gn 23): Sara tinha 90 anos (e Abraão 100 anos) quando seu único filho Isaque nasceu (Gn 21.5), e viveu o total de 127 anos (Gn 23.1).

Morte de Abraão (Gn 25): Abraão viveu 175 anos (Gn 25.7-10) e foi sepultado no mesmo local de Sara. Além de ter gerado o filho Ismael, com a serva egípcia Hagar (Gn 16.1-16 – com 86 anos), após a morte de Sara desposou Quetura com quem teve outros seis filhos (Gn 25.1-2).  

O casal Abraão e Sara enfrentou grandes desafios. O que podemos aprender com a experiência deles? 

2. O DESAFIO DA OBEDIÊNCIA

Abraão e Sara passaram por vários desafios de obediência a Deus e ao seu chamado ao longo de suas vidas, incluindo:

  1. Deixar sua terra e parentela para ir para uma terra longínqua e desconhecida (Gn 12.1-9).
  2. Separar-se de seu sobrinho Ló, cedendo a ele o direito de escolha da terra onde morar, obtendo a aprovação de Deus (Gn 13).
  3. Crendo, oferecendo sacrifício e fazendo uma Aliança com o Senhor (Gn 15).
  4. Circuncidando-se e a todos os homens da sua casa, selando sua Aliança com Deus (Gn 17).
  5. Oferecendo Isaque em holocausto ao Senhor (Gn 22).
  6. Zelando por buscar para seu filho Isaque um casamento que pudesse manter os termos da Aliança com o Senhor, não se misturando com outros povos (Gn 24).

“Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do SENHOR e pratiquem a justiça e o juízo; para que o SENHOR faça vir sobre Abraão o que tem falado a seu respeito.” (Gn 18.19)

O texto bíblico acima deixa claro que Abraão (e Sara) foi um escolhido de Deus. Sua vida foi marcada por várias manifestações diretas do Senhor a ele (Gn 12.1, 7; 13.14; 15.1; 17.1; 18.1, 13, 17, 26; 22.1) e ele respondeu com obediência, conforme itens acima listados. A muitas dessas manifestações divinas ele também respondia edificando um altar e invocando o nome do Senhor (Gn 12.7, 8; 13.4, 18).

O primeiro casal, Adão e Eva, falhou em obedecer a Deus e sofreu as consequências disso, bem como a terra e seus habitantes. Noé obedeceu, salvou sua família, e Deus deu uma nova oportunidade a humanidade.  Fica aqui o exemplo de Abraão e Sara que, mesmo nas demandas divinas mais difíceis que receberam, foram obedientes e nos legaram muitas bênçãos. Na Nova Aliança, o cristão tem a exposição clara da vontade de Deus na sua Palavra. Assim ele é cotidianamente desafiado a obedecer ao chamado divino para viver de acordo com os princípios, valores e ensinamentos da fé cristã.  

3. O DESAFIO DA SOBREVIVÊNCIA

As jornadas de Abraão não foram poucas: Ur – Harã – Siquém – Betel – Egito – Betel – Hebrom – Damasco – Hebrom – Gerar – Berseba – Moriá – Berseba – Hebrom – Berseba – Hebrom. Não se pode dizer que a situação do casal era precária quando migraram de Harã para Canaã, pois levaram todos os bens que haviam adquirido (Gn 12.5), o que lhes garantia suprimento alimentar por algum tempo. Entretanto, não é difícil imaginar os desafios que passaram nas viagens e nos lugares em que se estabeleceram por algum tempo. Desafios na obtenção de alimento, água, abrigo, proteção dos ataques de homens maus e animais selvagens.

Dentre os desafios de sobrevivência, destacamos dois:

a) Fome e descida ao Egito (Gn 12.10-20)

Logo no início das suas peregrinações em Canaã, a escassez e a fome os levou para o Egito. Na visão de Abraão, o desafio da sua sobrevivência ali era ainda maior por conta da formosa aparência de Sara. Supostamente eles o matariam e levariam Sara para o harém de Faraó. Então combinaram de dizer que Sara era sua irmã (meia verdade). Eles a tomaram, Deus puniu a Faraó, tudo foi esclarecido e eles liberados.

b) Sara e Abimeleque (Gn 20.1-18)

O mesmo incidente ocorrido no Egito repete-se aqui com o rei Abimeleque. Ele  tomou Sara, a “irmã” de Abraão. Então, Deus o advertiu em sonho, tudo foi esclarecido, ela liberada e bens lhes foram dados como uma espécie de pagamento por “danos morais”. De alguma forma, Deus usou circunstâncias tão adversas como esta para suprir Abraão de bens.

Essa atitude ou estratégia de sobrevivência de Abraão é intrigante e questionável, também suscita questões éticas por colocar Sara em risco de ser submetida a situações vexatórias e desonrosas. Será que não lhe faltou fé na proteção divina, tendo ele recebido a promessa de numerosa descendência? No entanto, a Bíblia não apresenta uma condenação direta da conduta de Abraão nesses dois casos. De qualquer forma, é evidente que Deus protegeu Sara de qualquer mal e usou essas situações para demonstrar sua providência e soberania.

A história de Abraão e Sara, apesar de seus defeitos e fraquezas humanas, continua sendo vista como um exemplo da fidelidade e do cuidado de Deus para com o seu povo. Abraão se importava com os outros e até se mobilizou para lutar contra os reis que haviam se apossado de Ló e o resgatou (Gn 14.1-17). Na sequência, ao se encontrar e ser abençoado por Melquisedeque, rei de Salém, seu coração generoso o levou a entregar-lhe o dízimo, o que é mencionado na Bíblia pela primeira vez.

O cristão pode aprender aqui que, apesar do seu chamado para seguir a Cristo, ele está sujeito a enfrentar desafios e não deve ficar esperando que tudo o que precisa para sua sobrevivência cairá do céu, como o maná e as codornizes no deserto do êxodo de Israel. Ele precisa se esforçar e trabalhar para obter o necessário à sua sobrevivência e da sua família, sabendo poder contar com a presença e proteção divinas em todo o tempo.

4. O DESAFIO DA FÉ

O desafio da fé as vezes envolve lidar com promessas divinas humanamente improváveis ou impossíveis de serem cumpridas. Entretanto, é preciso crer, confiar e esperar pelo tempo de Deus (kairós). Abraão e Sara são considerados exemplos de fé na tradição judaico-cristã. A epístola aos Hebreus destaca a fé de Abraão e Sara como exemplo para os crentes. Eles são mencionada na galeria dos heróis da fé, em Hebreus 11.8-12, 17. O texto destaca a fé do patriarca ao obedecer ao seu chamado, partindo e peregrinando na terra que herdaria. E, mais, quando posto à prova ofereceu Isaque. Também destaca a fé de Sara que receber o poder de ser mãe, apesar da sua idade avançada.

Abraão é uma figura central no Judaísmo e no Cristianismo. Ele também é amplamente venerado e respeitado pelos árabes e muçulmanos como um profeta e patriarca importante em sua tradição religiosa. Para os cristãos, Abraão é considerado o pai da fé (Gl 3.7). O apóstolo Paulo argumenta enfaticamente que a fé de Abraão era independente: (i) das obras (Rm 4.1-8); (ii) da circuncisão (Rm 4.9-12); (iii) da lei (Rm 4.13-15).

Sua fé estava firmada em Deus (Rm 4.16-25), e tinha as seguintes características: (i)“Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações,” (Rm 4.18); (ii) sem enfraquecer (Rm 4.19);  (iii) sem duvidar (Rm 4.20); (iv) se fortalecendo e glorificando (Rm 4.20); e, (v) estando plenamente convicto (Rm 4.21).

O momento crucial de prova da fé do casal (Gn 16) aconteceu logo após a Aliança de Deus com Abraão (Gn 15). Abraão estava com 85 anos e Sara com 75 anos. Dez anos haviam passado desde o recebimento da promessa que uma grande nação procederia de alguém gerado por ele. O casal estava envelhecendo, Sara continuava estéril e nada sinalizava a concretização da promessa. É neste contexto de pressão, estresse e ansiedade que Sara resolve agir e propor uma solução. É preciso analisar a situação no contexto daquela época. Mesmo que o problema da não geração de filhos pudesse estar em Abraão, a cobrança recaía sobre a mulher (esposa) e era motivo de vergonha e humilhação para ela.  

“disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai.” (Gn 16.2)

Não há que se buscar encontrar um culpado para o ocorrido. Curiosamente, repete-se aqui o que aconteceu com o primeiro casal, no Éden, quando Eva oferece a Adão o fruto proibido. Percebe-se no início da fala de Sara um certo tom de acusação e tentativa de transferência de culpa, para Deus, por sua esterilidade e consequente bloqueio do cumprimento da promessa. Apesar da sua proposta ou sugestão, quanto ao oferecimento de Hagar, estar de acordo com os costumes da época, o fato é que ela se atreveu a assumir as rédeas da história. Será que ela se equivocou na interpretação de Gênesis 15.4b, isto é, que o descendente de Abraão seria alguém gerado por ele, mas não necessariamente por ela? O fato é que Abraão concordou, tornando-se cúmplice da esposa (da mesma forma que Adão, de Eva, no passado) e executou o plano de Sara que teve desdobramentos inimagináveis na história.

De acordo com a tradição islâmica, Ismael é considerado o ancestral dos árabes. O conflito entre árabes e judeus é histórico, talvez com origem na rivalidade de Isaque e Ismael, ambos filhos de Abraão, mas apenas Isaque é o filho da promessa. A tradição islâmica inclui a crença de que Maomé, o profeta fundador do Islã, foi descendente de Ismael. Já o Cristianismo procede dos judeus, desde Abraão e seu filho Isaque, sendo Jesus Cristo o seu fundador e Mestre, acima de tudo, o Filho de Deus.

A lição que extraímos deste episódio é que a ansiedade e a precipitação podem nos levar a tomar decisões equivocadas, capazes de produzir consequências desastrosas, que têm o potencial de afetar nossa família, outras famílias, por muitas gerações. A fé em Cristo desempenha um papel essencial na orientação da família, bem como ajuda no enfrentamento das adversidades e desafios do cotidiano, pois ela não nos isenta deles.

“Como cristãos, somos desafiados a viver uma vida de total confiança na soberania e providência de Deus, livrando-nos da ansiedade que tanto perturba (Lc 12.22; Fp 4.6,7; 1Pe 5.7). Deus tem seus métodos e a hora certa de agir. Esperemos por ele!”  

Conclusão

O casal Abraão e Sara receberam a missão de serem canais de bênção para todas as famílias da terra. A história deles é parte relevante da história de toda a humanidade.  Através deles surge o povo de Deus – Israel – que nos trouxe Jesus Cristo, o novo Adão, que foi enviado por Deus para resgatar a raça humana caída.

Eles foram obedientes ao chamado, passaram por vários testes e provações ao longo de suas vidas, e mantiveram a fé. Enfrentaram muitos desafios, não foram perfeitos, pois eram humanos, mas foram usados por Deus. São lembrados e admirados por seu papel na história da fé e uma parte essencial da narrativa da salvação na tradição judaico-cristã.

Todo cristão recebe de Deus dois chamados: VINDE (a mim) e o IDE (por todo o mundo e fazei discípulos). Temos diante de nós os desafios: de obedecer a Deus em toda e qualquer situação; de sobreviver num mundo caído tão hostil e rebelde a Deus e a sua vontade; de manter a fé nas promessas do Senhor para o tempo presente, o aqui e agora, bem como para as promessas no futuro, no lá e então, no além-túmulo, na eternidade.  

Que Deus nos ajude!

Bibliografia

1. Bíblia Sagrada (SBB – Versão Revista e Atualizada).
2. Bíblia Online – SBB.
3. Revista CRESCENDO JUNTOS (Ed. Didaquê).
4. Davis, John D. – Dicionário da Bíblia (JUERP).
5. Internet / ChatGPT.


[1] O Pentateuco Samaritano

Autor: Paulo Raposo Correia

Um servo de Deus empenhado em fazer a sua vontade.

Deixe um comentário