Sete grandes realidades e uma cura

Marcos 9.14-29; Mateus 17.14-21; Lucas 9.37-43a

1ª) Um grande pastor
     Que se aproximava de Deus e do povo.

37  No dia seguinte, ao descerem eles do monte, veio ao encontro de Jesus grande multidão. (Lc 9)
14  Quando eles se aproximaram dos discípulos, viram numerosa multidão ao redor e que os escribas discutiam com eles. (Mc 9)
15  E logo toda a multidão, ao ver Jesus, tomada de surpresa, correu para ele e o saudava. (Mc 9)
16  Então, ele interpelou os escribas: Que é que discutíeis com eles? (Mc 9)

Jesus acabara de passar por um singular momento de glória, no monte da transfiguração (Mc 9.2-13). Ali o céu baixara à terra para o honrar. Diante da aparição de dois grandes vultos do passado, Moisés (representando a Lei) e Elias (representando os Profetas) e dos dignos discípulos ali presentes (representando a Igreja), o Pai se manifestou e revelou o Filho, distinguindo-o e apontando-o como aquele que deveria ser ouvido.

Não havia melhor lugar para se estar. No entendimento de Pedro, o tempo podia até parar e, assim eles desfrutariam ao máximo aquele pedacinho de céu. Entretanto, o grande pastor de almas – Jesus – sabia que lá embaixo havia um rebanho aflito necessitado da sua presença.

Ao pé do monte estavam os demais discípulos, e com eles uma grande multidão. Na ausência de Jesus, algo havia acontecido que ocasionou uma grande discussão entre os discípulos que ficaram e os escribas. De tal forma estavam todos envolvidos com a discussão que a multidão se surpreendeu com a chegada Jesus. Aqui reside um interessante elemento profético: aqueles que se detêm em tantas discussões teológicas e/ou doutrinárias correm o risco de serem tomados de surpresa quando da segunda vinda de Cristo.

É interessante observar que quando Jesus chegou, imediatamente o foco de interesse passou para ele. Entretanto, para Jesus, o foco de interesse era o objeto da discussão: “Que é que discutíeis com eles?”

2ª) Um grande problema
     De dimensões física e espiritual.

17  E um, dentre a multidão, respondeu: Mestre, trouxe-te o meu filho, possesso de um espírito mudo; (Mc 9)
18a  e este, onde quer que o apanha, lança-o por terra, e ele espuma, rilha os dentes e vai definhando. (Mc 9)
14  E, quando chegaram para junto da multidão, aproximou-se dele um homem, que se ajoelhou e disse: (Mt 17)
15  Senhor, compadece-te de meu filho, porque é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo e outras muitas, na água. (Mt 17)
38  E eis que, dentre a multidão, surgiu um homem, dizendo em alta voz: Mestre, suplico-te que vejas meu filho, porque é o único; (Lc 9)
39  um espírito se apodera dele, e, de repente, o menino grita, e o espírito o atira por terra, convulsiona-o até espumar; e dificilmente o deixa, depois de o ter quebrantado. (Lc 9)

A resposta à indagação de Jesus vem logo, do meio da multidão. Um pai desesperado se aproxima de Jesus e lhe conta o grande e grave problema vivido por seu filho único. Ele descreve, com detalhes, todo o sofrimento passado pelo filho quando o espírito imundo se apodera dele. Lunático, surdo-mudo e com sintomas que se assemelhavam aos da epilepsia (descarga cerebral), no seu estado mais grave.  Mateus revela que esse pai se ajoelha diante de Jesus e lhe suplica compaixão.

3ª) Uma grande decepção
     Tentar fazer aquilo que só Jesus pode fazer.

18b  Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam. (Mc 9)
16  Apresentei-o a teus discípulos, mas eles não puderam curá-lo. (Mt 17)
40  Roguei aos teus discípulos que o expelissem, mas eles não puderam. (Lc 9)

O pai declara inicialmente que tinha trazido o filho para que Jesus curasse (Mc 9.17). Naturalmente, não encontrando Jesus ali, pediu ajuda aos discípulos que não haviam subido ao monte. É difícil concluir quem ficou mais decepcionado com a fracassada tentativa dos discípulos:

🔹 O pai, que não conseguiu a tão necessitada solução para o problema.
🔹 Os discípulos, que não foram capazes de fazer o que já tinham feito antes.
🔹 A multidão, que certamente esperava muito mais dos discípulos.

Para os escribas, é provável que estivessem procurando tirar proveito do fracasso dos seguidores de Cristo para levar vantagem e denegrir a imagem e a doutrina de Jesus.

4ª) Um grande desabafo
     Somos poupados pela misericórdia de Deus.

19  Então, Jesus lhes disse: Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-mo. (Mc 9)
17  Jesus exclamou: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui o menino. (Mt 17)
41  Respondeu Jesus: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco e vos sofrerei? Traze o teu filho. (Lc 9)

A quem Jesus dirigiu o seu desabafo: aos discípulos, aos escribas, ao pai ou à multidão?

Suposições, para debate.

– Aos discípulos:

✔👍Porque o fracasso dos discípulos expunha Jesus ao ridículo.

✔👍Porque eles tentaram aproveitar a oportunidade da ausência de Jesus para exibirem poder diante da multidão e Deus não os atendeu.

✔👍Porque eles ficaram com ciúme por não terem sido convidados a subir o monte com Jesus.

✔👍Porque em casa Jesus confirmou que eles não conseguiram por causa da pequenez de sua fé;

❌👎Porque Jesus não seria capaz de acrescentar à tamanha humilhação porque estavam passando, o rótulo de incredulidade e de perversidade, diante de todos;

❌👎Porque eles agiram por solidariedade à aflição daquele pai e tentaram libertar aquele jovem de tamanho sofrimento, cooperando assim com o ministério de Jesus;

❌👎Porque Jesus não chamaria seus discípulos, a quem ele mesmo escolheu, de perversos.

❌👎Porque em casa Jesus confirmou que eles não conseguiram por se tratar de uma casta de demônios diferente, que exige muita oração e jejum;

❌👎Porque o Espírito Santo ainda não havia sido derramado sobre eles, para habitação permanente e unção com poder.

– Aos escribas:

✔👍Porque é provável que estivessem procurando tirar proveito do fracasso dos seguidores de Cristo para levar vantagem e denegrir a imagem e a doutrina de Jesus.

❌👎Porque a discussão girava em torno de encontrar uma solução para o problema. Eles também queriam ajudar.

– Ao pai:

✔👍Porque ele não tinha certeza de que Jesus poderia fazer aquele milagre, pois falou “se podes…”

❌👎Porque Jesus não seria capaz de humilhar uma alma aflita que se chega a ele suplicando por ajuda.

– À multidão:

✔👍Porque ela seguia a Jesus só por interesse material e Jesus já estava cansado dessa hipocrisia.

❌👎Porque Jesus tinha o interesse de aproximá-la para a orientar e não de despedi-la.

Não podemos afirmar com convicção quem era o destinatário dessa palavra dura de Jesus. Entretanto, temos certeza de que cada um que a ouviu e a ouvir ainda hoje, podia e poderá tomá-la como para si próprio, pois todos temos alguma incredulidade.

5ª) Um grande confronto
    Cósmico e humano.

42a  Quando se ia aproximando, o demônio o atirou no chão e o convulsionou;(Lc 9)
20  E trouxeram-lho; quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o agitou com violência, e, caindo ele por terra, revolvia-se espumando. (Mc 9)
21  Perguntou Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isto lhe sucede? Desde a infância, respondeu; (Mc 9)
22  e muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o matar; mas, se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. (Mc 9)
23  Ao que lhe respondeu Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê. (Mc 9)
24  E imediatamente o pai do menino exclamou, com lágrimas: Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé! (Mc 9)

Há dois confrontos sendo travados aqui:

1º) Jesus com o demônio.
Finalmente o jovem foi trazido à presença de Jesus. Ao aproximar-se de Jesus o demônio ficou transtornado e promoveu um terrível espetáculo. Jesus reage com tranquilidade a toda a agitação do demônio. Ele não se deixa impressionar com aquela aparente demonstração de poder. Jesus deixa de lado o demônio e concentra-se naquele pai.

2º) O pai com sua (falta de) fé.
Jesus conversa com aquele pai sobre o histórico do problema. Aquele pai, demonstra estar totalmente focado no problema e em qualquer tipo de solução, ainda que paliativa: “se tu podes alguma coisa…”.

Ele se contentava com qualquer coisa, porém, Jesus só se contentava com uma fé integral. Jesus dá a entender que só prosseguiria se ele declarasse sua fé no poder de Deus.  

Ele buscava uma solução sem ter que assumir qualquer compromisso. Conhece gente assim? Jesus o insere como corresponsável para a solução do problema. A fé dele era elemento indispensável para a realização do milagre. Jesus devolve o “se podes” e acrescenta, “tudo é possível ao que crê”. No ápice da crise, em lágrimas, ele, finalmente, declara sua fé ao mesmo tempo em que suplica ajuda pela sua incredulidade.

Ele oferece o que tem pede ajuda pelo que falta. Essa demonstração de sinceridade e humildade foi aceita por Jesus.

6ª) Uma grande libertação
    Nada pode resistir à ordem de Jesus!

25  Vendo Jesus que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai deste jovem e nunca mais tornes a ele. (Mc 9)
26  E ele, clamando e agitando-o muito, saiu, deixando-o como se estivesse morto, a ponto de muitos dizerem: Morreu. (Mc 9)
27  Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou. (Mc 9)
18  E Jesus repreendeu o demônio, e este saiu do menino; e, desde aquela hora, ficou o menino curado. (Mt 17)
42b mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou a seu pai. (Lc 9)
43a  E todos ficaram maravilhados ante a majestade de Deus. (Lc 9)

Era hora de agir. A multidão já se agitava. Jesus não fala ao demônio, ele ordena a sua retirada definitiva. A reação demoníaca é muito espalhafatosa, como que para dar a entender que a ordem não funcionara, como que para testar a fé e convicção de quem ordena. Nessa hora, não se pode vacilar. O jovem, após ser liberto, fica inerte, como se estivesse morto. Fazia tempo que o seu espírito não dirigia o próprio corpo. Mas Jesus o tomou pela mão e ele se levantou e reassumiu o controle de sua própria vida. Assim restaurado, Jesus o entregou ao seu pai. O milagre estava feito. A fé do pai foi contemplada e recompensada. A multidão teve mais uma prova da divindade de Jesus.

7ª) Uma grande questão
     Como prevalecer sobre Satanás?

28  Quando entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não pudemos nós expulsá-lo? (Mc 9)
29  Respondeu-lhes: Esta casta não pode sair senão por meio de oração e jejum. (Mc 9)
19  Então, os discípulos, aproximando-se de Jesus, perguntaram em particular: Por que motivo não pudemos nós expulsá-lo? (Mt 17)
20  E ele lhes respondeu: Por causa da pequenez da vossa fé. Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível. (Mt 17)
21  Mas esta casta não se expele senão por meio de oração e jejum. (Mt 17)

A prioridade máxima deve ser resolver o problema; as dúvidas ficam para depois. É na intimidade da vida privada que se tratam determinadas questões. Os discípulos estavam confusos e inseguros. Quem não estaria? Ao chegarem em casa perguntaram ao Mestre: por que não conseguimos? O que faltou? A resposta de Jesus registrada por Marcos parece contradizer a revelada por Mateus. Marcos coloca a questão em termos de uma casta ou categoria de demônios mais difícil de ser exorcizada, o que requereria maior preparação espiritual (oração e jejum) para lidar com ela. Mateus diz que a causa foi “pouca fé”. Na verdade, as duas coisas são complementares e essenciais: preparação ou consagração, e fé. 

Uma outra razão de não terem conseguido é que aquele momento estava reservado para que se manifestasse a glória de Deus, em Jesus.

Conclusão

A narrativa da cura do jovem possesso revela que, diante das grandes lutas espirituais e humanas, apenas a presença e a ação de Jesus trazem solução plena. O episódio expõe a limitação dos discípulos, a angústia de um pai, o poder opressor do mal e, sobretudo, a necessidade de fé genuína, oração e dependência profunda de Deus. Ao final, fica claro que nenhuma força pode resistir à autoridade de Cristo, e que a vitória espiritual nasce da comunhão com ele e da confiança rendida no seu poder.

Que Deus nos ajude!


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Memória e Esperança

Lamentações 3.21-26

Introdução

O texto bíblico fala em trazer à memória algo renovador, capaz de dar alento e esperança. Segundo estudiosos do assunto, a memória humana possui características gerais de funcionamento, mas seu desempenho varia de pessoa para pessoa.

Há a memória de curto prazo, quando as informações são armazenadas por segundos ou minutos. Também há a memória de médio prazo, que pode se converter em memória de longo prazo quando revisitamos ou realimentamos conteúdos periodicamente – seja para o bem ou para o mal.

O cérebro humano é um órgão fantástico, capaz de conectar ideias, sons, imagens, cheiros, lugares, emoções e muito mais. Ao ativar ou visitar uma lembrança na memória, essa lembrança costuma puxar outras criando uma cadeia associativa. Há também aquela “memória autônoma” que armazena habilidades automáticas, como andar, tocar um instrumento musical, andar de bicicleta, dirigir um veículo etc.

a) Memória seletiva

O cérebro humano não armazena tudo aquilo que se ouve ou se vê, mas seleciona o que a pessoa aprendeu a valorizar ou foi condicionada a considerar relevante – por exemplo, aquilo que desperta interesse especialmente naquele momento da nossa vida, ou o que tem muito a ver com a nossa ocupação diária, hobby etc. É curioso observar, por exemplo: quando um profissional do ramo gráfico está num grupo de estudo bíblico, e uma revista é distribuída a cada participante, a sua atenção se volta imediatamente para a textura do papel, a qualidade da impressão e do acabamento etc. Da mesma forma, para uma mulher grávida, caminhando numa rua movimentada, não passará despercebido a presença de outras mulheres grávidas.

b) Memória imprecisa e subjetiva    

Numa boa gravação em áudio e vídeo os fatos são registrados exatamente como aconteceram. De um modo geral a mente humana reconstrói aquilo que guardamos na memória. A cada nova consulta à memória pode acontecer uma reconstituição imprecisa daquele acontecimento, com a supressão ou esquecimento de algum detalhe, bem como, a inserção subjetiva e interpretativa de elementos que não correspondem exatamente ao ocorrido. Assim, a cada lembrança abre-se espaço para pequenas distorções, ênfases diferentes e ressignificações do fato real.

c) Memória e emoção

Está comprovado que experiências emocionalmente intensas, situações que provoquem emoções fortes, principalmente as negativas – as ameaças, as perdas, as que geram apreensão ou medo ou dor – costumam marcar profundamente a mente da pessoa. Então, pode-se afirmar que a emoção atua como uma espécie de “cola” da memória.

d) Memória e repetição

A exposição da pessoa, de forma repetitiva, a determinados estímulos externos, fará com que esses conteúdos fiquem fortemente retidos em sua memória, produzindo algum tipo de ação ou reação. A memória pode ser treinada por meio de exercícios de repetição, foco e reflexão, fortalecendo, assim, as conexões neurais (sinapses).    

Jesus afirmou: “Porque a boca fala do que está cheio o coração.” (Mt 12.34b). De fato, é necessário acumular um bom tesouro na mente e isso irá direcionar boas ações (Lc 6.45b). E, o modus operandi divino recomendado é esse: “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração;  tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.” (Dt 6.6-7)

Do exposto pode-se concluir que:

A memória humana não é um “arquivo estático e não degradável”, mas uma espécie de arquivo dinâmico resultado de um processo seletivo, emocional, repetitivo, impreciso e subjetivo.   

É possível, de maneira consciente e intencional exercitar e direcionar a mente para aquilo que pode dar esperança, fortalecer a fé e promover a paz interior. A memória pode ser moldada pela atenção e dedicação a algo verdadeiramente importante. Trazer à memória exige intencionalidade, é dirigir voluntariamente o foco, a atenção, para o que edifica a vida cristã e agrada a Deus.

A ciência diz que:
• recordar eventos positivos ou de superação aumenta a resiliência,
• ativa áreas do cérebro ligadas à motivação,
• reduz ansiedade.

E, o que o profeta Jeremias nos diz?

Jeremias está mergulhado em dor, luto e sensação de abandono. O contexto é o cativeiro babilônico de 70 anos. A lamentação é a exteriorização da dor da alma, difícil de ser contida, que aperta e sufoca. Tanto faz se essa se expressa de forma escrita ou verbal. Em qualquer dos casos a tristeza e o choro são coadjuvantes sempre presentes.

A calamidade que se abateu sobre Israel foi algo pavoroso, indescritível, ao ponto de se afirmar: “Mais felizes foram as vítimas da espada do que as vítimas da fome; porque estas se definham atingidas mortalmente pela falta do produto dos campos.” (Lm 4.9).

Em resumo, o estrago foi devastador:

  • Seus palácios, suas casas e o templo foram destruídos e queimados (Lm 2.5-60);
  • Seus príncipes caíram e seu povo foi levado para o exílio sob grande escravidão (Lm 1.3-6);
  • Deram suas coisas mais estimadas em troca de mantimentos (Lm 1.11);
  • As crianças desfaleciam pelas ruas da cidade (Lm 2.11; 4.10);
  • Mães cozinharam seus filhos para comer, tamanha foi a fome durante o cerco de aproximadamente 18 meses (Lm 2.20; 4.10);
  • Os velhos, os jovens e as virgens foram mortos à espada (Lm 2.21); virgens foram estupradas (Lm. 5.11);
  • Os inimigos desprezaram e debocharam dos que restaram (Lm 2.15).

Daí a razão de tamanho lamento, muitas vezes expresso em forma de metáforas (Lm 1.1, 9, 16, 20; 2.11, 18).

Imerso nesse contexto calamitoso Jeremias não se rende, não se desespera, mas reage:

“Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.” (Lm 3.21)

Esse é um ato intencional. Jeremias decide direcionar a mente para a memória humana que não é passiva; que é ativa, seletiva e emocionalmente construída. Não se pode controlar tudo o que acontece conosco ou ao nosso redor, mas, felizmente, podemos escolher o que lembrar. A mente pode permanecer livre mesmo quando o corpo está preso – como Paulo e Silas, que, encarcerados, oravam e louvavam ao Senhor (At 16.25).

E, o que me pode dar esperança, principalmente em dias sombrios? Certamente um conteúdo mental de valor: convicções, fatos ou lembranças, capazes de produzir em meu ser a esperança. E, o que seria isso?

Jeremias se lembra do Deus de Israel, do seu caráter, do seu poder, dos seus feitos passados e do que ele pode fazer.

1. O DEUS MISERICORDIOSO

“As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã.” (Lm 3.22-23a)

A calamidade que se abateu sobre Israel era resultado do juízo divino sobre a rebeldia e desobediência do povo e dos seus líderes. O pecado destrói e tem feito um tremendo estrago na humanidade, tanto maior quanto mais se aproxima o fim de todas as coisas e a volta de Cristo. Cristãos e não cristãos sofrem as consequências da rebeldia humana contra Deus. Entretanto, calamidades pessoais nem sempre são consequência direta do pecado próprio. Na Bíblia, na história e na nossa mente há o registro de inúmeros exemplos de gente fiel e temente a Deus que passou ou está passando por situações difíceis. Jeremias olha para a calamidade e encontra misericórdia onde só se via ruínas. Sua visão não muda os fatos, mas os ressignifica.

2. O DEUS FIEL

“Grande é a tua fidelidade.” (Lm 3.23b)

O profeta não estava decepcionado com Deus, nem intencionava questioná-lo. Deus se mostrou fiel à sua palavra de advertência. Deus não tem compromisso com os desobedientes e rebeldes, mas vela por sua palavra para a cumprir. “Fez o SENHOR o que intentou; cumpriu a ameaça que pronunciou desde os dias da antiguidade; derrubou e não se apiedou;” (Lm 2.17); “Deu o SENHOR cumprimento à sua indignação, derramou o ardor da sua ira; acendeu fogo em Sião, que consumiu os seus fundamentos.” (Lm 4.11). “Justo é o Senhor, pois me rebelei contra a sua palavra;” (Lm 1.18). É extremamente proveitoso para o cristão refletir sobre o preço do afastamento de Deus e da prática do pecado. Deus não é tolerante ao pecado como muitos chamados cristão o são.

Deus Pai não é fiel, nem a mim e nem a você, mas a si mesmo. Cristo permanece fiel a si mesmo: “pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo.” (2Tm 2.13).
• Fiel à sua santidade, que repudia o pecado.
• Fiel à sua justiça, que disciplina o seu povo.
• Fiel ao seu amor, que oferece redenção ao arrependido.

Ainda que pudesse haver no povo algum sentimento de abandono, por parte de Deus, o Senhor responde: “Mas Sião diz: O SENHOR me desamparou, o Senhor se esqueceu de mim. Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti.” (Is 49.14-15)

3. O DEUS DA ESPERANÇA

“A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele. Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca.” (Lm 3.24-25)

É muito impressionante, para não dizer bizarro, como tantas pessoas depositam sua esperança em coisas vãs e efêmeras. Já a esperança maior do cristão está no Deus único e verdadeiro.

No passado e no presente a igreja tem enfrentado perseguições severas. É difícil até imaginar o que passaram ou estão passando muitos servos de Deus, quando despojados de sua casa, de seus bens e de seus pertences, de seus familiares e de seus irmãos em Cristo e amigos, de cuidados e de um tratamento digno. Quando tudo isso lhe é tirado, o crente regenerado ainda tem o que ninguém jamais pode retirar dele – a minha porção é o SENHOR. É como disse o salmista: “Digo ao SENHOR: Tu és o meu Senhor; outro bem não possuo, senão a ti somente.” (Sl 16.2)

Essa sim é a verdadeira esperança. E, o Senhor manifesta a sua bondade para os que assim agem, para os que confiam e esperam por ele. Quando o crente enfrenta qualquer situação difícil é sempre possível encontrar, no bom depósito da memória, elementos ou mesmo uma cadeia de verdades espirituais que dão esperança.     

4. O DEUS SALVADOR

“Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio.” (Lm 3.26)

A vida cristã não é de passividade e de inércia, em que Deus faz tudo e o cristão fica confortavelmente esperando o agir de Deus. Na verdade, a salvação sim é obra exclusiva de Deus. Em qualquer tempo, de normalidade ou dificuldade, deve prevalecer aquela parceria harmônica com Deus, em que: “Devemos orar como se tudo dependesse de Deus e agir como se tudo dependesse de nós. Só orar não! Só agir não!”  

Entretanto, precisamos considerar que, na caminhada da vida, há circunstâncias e situações que escapam ao nosso controle e capacidade de alterar, mas não da intervenção divina. Então, é preciso esperar em Deus.

Esperar em Deus é:

a) Confiar no caráter de Deus
É ancorar a alma em quem Deus é e na sua palavra (Sl 130.5), sem se deixar abater pelas circunstâncias e, mesmo antes que estas deem sinais de melhoria.

b) Ter paciência
Deus trabalha no tempo dele, no seu kairós e não no nosso chronos, o tempo do calendário e do relógio. É perseverar sem perder a confiança e a esperança no seu agir.

c) Renovar as forças
Em certas situações, quanto mais a pessoa se agita, mais perde as forças, nada consegue, tendendo a sucumbir. “mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.” (Is 40.31)

d) Descansar em silêncio
Essa espera confiante e silenciosa significa rendição, ausência de queixa, quietude do coração, abandono da ansiedade. “Descansa no SENHOR e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios.” (Sl 37.7)

Conclusão

“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida.” (Pv 4.23)

Certamente, não está em foco aqui o órgão físico – o coração –, mas, simbolicamente, a mente, que é o centro dos pensamentos, escolhas, decisões, comportamentos e, em última instância, da condução da vida. É o núcleo do conhecimento, das emoções e da espiritualidade. Guardar a mente é vigiar, selecionar e protegê-la quanto ao que nela entra; é cuidar do que nela é gestado e encaminhado para a ação; é cultivar virtudes e afastar-se do mal; é colocar Deus no centro e submeter-lhe o nosso eu.

Finalmente, é preciso fazer um alerta. A humanidade tem vivenciado cinco grandes períodos ou regimes de poder baseados nos recursos e condições de cada época. Embora, por vezes, se sobreponham e coexistam em muitos momentos, se distinguem e caminham numa direção.

1. Poder pela Força Física e Militar (Idade Tribal → Antiguidade).

2. Poder pela Riqueza e Economia (Antiguidade → Mercantilismo → Capitalismo).

3. Poder Tecnológico e Científico (Séculos XIX e XX).

4. Poder pela Informação (Final do século XX → início do XXI).

5. Poder pela Mente e Consciência (Início e avanço do século XXI → futuro próximo).

Portanto, vivemos numa época em que, mais do que nunca está acontecendo uma batalha pela conquista da mente.     É a investida no controle das emoções, desejos e decisões; são algoritmos que moldam comportamento; são as estratégias para influenciar sem que o influenciado perceba. Quem influencia a mente, controla sem resistência – o domínio é interno e sutil. Enfim, não é mais a força, a riqueza, a ciência ou a informação em si, mas a capacidade de moldar percepções, crenças e decisões. Portanto, cuide bem da sua mente e memória, porque a nossa luta, acima de tudo, é espiritual – “porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.” (Ef 6.12)

Que Deus nos ajude!


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A supremacia de Jesus Cristo

Marcos 4.41; 5.1-43

Introdução

“Certo chinês que se tinha convertido ao cristianismo, disse:
— Estava caído num poço, quase me afogando no lodo, clamando por alguém que me ajudasse. Nisto apareceu um ancião de aspecto venerável, que me olhou lá de cima, e me disse:
— Filho, este é um lugar mui desagradável.
— Sei que é. Não pode o Senhor ajudar-me a sair?
— Filho meu. Chamo-me Confúcio. Se houvesses lido minhas obras e seguido o que elas ensinam, nunca terias caído no poço. E com isto se foi.
Logo vi que chegava outro personagem; esta vez um homem que cruzava os braços e fechava os olhos. Parecia estar distante, mui distante. Era Buda, e me disse:
— Filho meu, fecha teus olhos e esquece-te de ti mesmo. Põe-te em estado de repouso. Não penses em nenhuma coisa desagradável. Assim poderás descansar como descanso eu.
— Sim, pai, o farei quando sair do poço. Mas quando? Buda, porém, se havia ido. Eu já estava desesperado quando se me apresentou ainda outra pessoa mui distinta. Levava, em seu rosto, os traços do sofrimento, e lhe falei:
— Pai, podes-me ajudar?
E então baixou-se até onde eu estava. Me tomou em seus braços, me suspendeu e me tirou do poço. Logo me deu de comer e me fez descansar. E quando eu já estava bem, disse-me:
— Não caias mais. Agora andaremos juntos.
Assim contava o chinês a história da compaixão do nosso Senhor Jesus Cristo.”
(Extraído)

Da mesma forma Jesus estendeu a mão aos três personagens desse capítulo, sem levar em conta o passado deles. Vejamos, então, alguns exemplos da indiscutível supremacia de Jesus Cristo.

“E eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos outros: Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem? (Mc 4.41)

1. SUPREMACIA EM LIBERTAR (Mc 5.1-20)

“Entrementes, chegaram à outra margem do mar, à terra dos gerasenos. Ao desembarcar, logo veio dos sepulcros, ao seu encontro, um homem possesso de espírito imundo, o qual vivia nos sepulcros, e nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo; porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram quebradas por ele, e os grilhões, despedaçados. E ninguém podia subjugá-lo. Andava sempre, de noite e de dia, clamando por entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com pedras. Quando, de longe, viu Jesus, correu e o adorou, exclamando com alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes! Porque Jesus lhe dissera: Espírito imundo, sai desse homem! E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos. E rogou-lhe encarecidamente que os não mandasse para fora do país.   Ora, pastava ali pelo monte uma grande manada de porcos. E os espíritos imundos rogaram a Jesus, dizendo: Manda-nos para os porcos, para que entremos neles.  Jesus o permitiu. Então, saindo os espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada, que era cerca de dois mil, precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, onde se afogaram. Os porqueiros fugiram e o anunciaram na cidade e pelos campos. Então, saiu o povo para ver o que sucedera. Indo ter com Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido, em perfeito juízo; e temeram. Os que haviam presenciado os fatos contaram-lhes o que acontecera ao endemoninhado e acerca dos porcos. E entraram a rogar-lhe que se retirasse da terra deles. Ao entrar Jesus no barco, suplicava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele. Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe: Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti.  Então, ele foi e começou a proclamar em Decápolis tudo o que Jesus lhe fizera; e todos se admiravam.” (Mc 5.1-20)

Temos aqui a clara descrição de um homem escravizado e dominado por Satanás.

Há, pelo menos quatro NÍVEIS ou ESTRATÉGIAS DE ATUAÇÃO DE SATANÁS na humanidade – os “4 C”:

1º) CONFUNDIR – Fundir juntamente, misturar a verdade de Deus com as suas mentiras. Ele é o pai da mentira! “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” (Jo 8.44)

Ele questiona e distorce a palavra de Deus, a verdade divina. Encobre as consequências e o juízo de Deus. Oferece ilusões.

2º) CONQUISTAR – Atrair, Seduzir, com o propósito de desviar do caminho da dignidade.

3º) CONTROLAR – Exercer o controle, dirigir, exercer o domínio completo.

É o controle por possessão exercido aqui sobre esse homem geraseno, por exemplo (Mc 5.2-4) e tantos outros casos relatados na história. Também tem acontecido investidas de  tentativas de controle da mente, quer por meditação transcendental, quer por narrativas insistentemente repetidas por determinados veículos de comunicação de massa.

4º) COMBATER – Pelejar, lutar contra.

Quando lhe resistimos nas demais estratégias ou investidas só lhe resta o combate direto ou indireto. Não tem sido pouca a perseguição sofrida pelos cristãos desde o início da igreja.

Temos aqui neste primeiro caso O ENCONTRO DA FORÇA SATÂNICA COM O PODER DE JESUS. O endemoniado foi a Jesus por condução (inconsciente?). A onipotência de Cristo prevaleceu e aquele homem foi liberto e teve sua dignidade resgatada.

Quanto aos circunstantes e espectadores se mostraram indiferentes à verdade e egoístas.

Fica evidenciado nesse encontro:
JESUS – AQUELE QUE PREVALECE SOBRE O REINO DOS DEMÔNIOS!

2. SUPREMACIA EM CURAR (Mc 5.25-34)

“Aconteceu que certa mulher, que, havia doze anos, vinha sofrendo de uma hemorragia  e muito padecera à mão de vários médicos, tendo despendido tudo quanto possuía, sem, contudo, nada aproveitar, antes, pelo contrário, indo a pior, tendo ouvido a fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão, tocou-lhe a veste. Porque, dizia: Se eu apenas lhe tocar as vestes, ficarei curada. E logo se lhe estancou a hemorragia, e sentiu no corpo estar curada do seu flagelo. Jesus, reconhecendo imediatamente que dele saíra poder, virando-se no meio da multidão, perguntou: Quem me tocou nas vestes? Responderam-lhe seus discípulos: Vês que a multidão te aperta e dizes: Quem me tocou? Ele, porém, olhava ao redor para ver quem fizera isto. Então, a mulher, atemorizada e tremendo, cônscia do que nela se operara, veio, prostrou-se diante dele e declarou-lhe toda a verdade. E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal.” (Mc 5.25-34)

Temos aqui a história de vida de uma mulher desenganada.

Podemos enumerar pelo menos três ASPECTOS DO SOFRIMENTO:

1º) Físico
Aquela mulher padecia de uma hemorragia há doze anos. Seu corpo estava debilitado, provavelmente anêmico, fraco, e constantemente impuro segundo a lei judaica (Lv 15.25-27). Ela convivia com doze anos de dor, fraqueza e exaustão corporal, sem cura nem melhora — pelo contrário, “indo a pior”.

2º) Moral
Havia um sofrimento moral (social e religioso). Por causa da sua condição, era considerada ritualmente impura segundo a Lei mosaica. Isso a impedia de participar do culto, do convívio familiar e da vida comunitária. Os efeitos morais e sociais eram: a) Isolamento social e religioso; b) Estigma moral de “impureza”; c) Possível rejeição da família e da comunidade; c) Perda de dignidade, pois tocá-la ou ser tocado por ela tornava alguém “impuro”. Portanto, ela era vista como vergonhosa ou indigna, o que fere o senso de valor e honra pessoal — sofrimento moral.

3º) Psicológico.
Foram doze anos de tentativas frustradas (“sofrido muito com muitos médicos”). Ela gastou tudo o que tinha, ocasionando assim, desespero e sentimento de inutilidade.

Temos aqui O ENCONTRO DA DESILUSÃO COM A SOLUÇÃO. Ela foi a Jesus por conveniência pessoal. Aproxima-se de Jesus com medo e tremor, o que revela insegurança e culpa. Podemos enumerar aqui alguns aspectos emocionais e mentais envolvidos: a) Ansiedade, medo de ser descoberta, vergonha da condição; b) Esperança misturada com temor; c) Sentimento de desvalorização e fracasso.

A onisciência de Cristo se manifesta “Quem me tocou…”. Aquilo que parecia impossível, sem solução, foi resolvido pelo poder de Jesus. Sua saúde foi restaurada! Finalmente ela obteve alívio e paz após a cura (“Vai-te em paz”). A cura de Jesus abrange corpo e alma — restauração emocional, espiritual e social.

Os Circunstantes se mostraram curiosos e aproveitadores.

Fica evidenciado nesse encontro:
JESUS – AQUELE QUE PREVALECE SOBRE AS ENFERMIDADES!

3. SUPREMACIA EM RESSUSCITAR (Mc 5.21-24; 35-43)

“Tendo Jesus voltado no barco, para o outro lado, afluiu para ele grande multidão; e ele estava junto do mar. Eis que se chegou a ele um dos principais da sinagoga, chamado Jairo, e, vendo-o, prostrou-se a seus pés e insistentemente lhe suplicou: Minha filhinha está à morte; vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá. Jesus foi com ele. Grande multidão o seguia, comprimindo-o.” (Mc 5.21-24)

“Falava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre? Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente. Contudo, não permitiu que alguém o acompanhasse, senão Pedro e os irmãos Tiago e João. Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço, os que choravam e os que pranteavam muito. Ao entrar, lhes disse: Por que estais em alvoroço e chorais? A criança não está morta, mas dorme. E riam-se dele. Tendo ele, porém, mandado sair a todos, tomou o pai e a mãe da criança e os que vieram com ele e entrou onde ela estava. Tomando-a pela mão, disse: Talitá cumi!, que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te! Imediatamente, a menina se levantou e pôs-se a andar; pois tinha doze anos. Então, ficaram todos sobremaneira admirados. Mas Jesus ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e mandou que dessem de comer à menina.” (Mc 5.35-43)

Temos aqui o caso de uma menina agonizando que acabou indo a óbito. Ela era a filha única de um pai desesperado

Podemos considerar que há três TIPOS DE MORTE:

1º) Morte Física (separação entre corpo e alma)
“E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo,” (Hb 9.27)

✝️ Supremacia de Cristo:

a) Jesus morreu fisicamente, mas ressuscitou corporalmente provando seu poder sobre a morte física. “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem.” (1Co 15.20)

b) Ele ressuscitou outros mostrando autoridade sobre a morte dos corpos:
. O filho da viúva de Naim (Lc 7.11-17);
. A filha de Jairo (Mc 5.35-43);
. Lázaro (Jo 11.43-44).

    c) Ele promete ressurreição aos que creem: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá.” (Jo 11.25)

    Jesus venceu a morte física em si mesmo e provou o seu poder sobre a morte.

    2º) Morte Espiritual (separação entre homem e Deus pelo pecado)
    “e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos,” (Ef 2.5)

    ✝️ Supremacia de Cristo:

    a) Jesus é a própria vida espiritual: “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;” (Jo 14.6)

    b) Ele vivifica o espírito humano morto pelo pecado: “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão.” (Jo 5.25)

    c) Por sua morte e ressurreição, o crente é reconciliado com Deus, deixando o estado de morte espiritual: “E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos;” (Cl 2.13)

      Jesus vence a morte espiritual trazendo nova vida interior e comunhão com Deus ao regenerar o pecador.

      3º) Segunda morte ou Lago de Fogo (condenação eterna)
      “Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo.” (Ap 20.14)

      ✝️ Supremacia de Cristo:

      a) Cristo tem as chaves da morte e do inferno: “… estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do inferno.” (Ap 1.18)

      b) Quem crê em Jesus não sofrerá a segunda morte: “O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.” (Ap 2.11b)

      c) A obra de Cristo na cruz e sua vitória final eliminam o poder do inferno: “E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória.” (1Co 15.54)

      d) Na eternidade, não haverá mais morte: “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.” (Ap 21.4)

        Jesus tem autoridade para livrar seus redimidos da condenação eterna, anulando o poder da segunda morte.

        Temos aqui o ENCONTRO DA MORTE COM A VIDA. Jairo foi a Jesus por convicção naquele que é o doador da vida.

        Os Circunstantes se mostraram incrédulos e hipócritas.

        Fica evidenciado nesse encontro:
        JESUS – AQUELE QUE PREVALECE SOBRE A MORTE!

        Conclusão

        A síntese desses três encontros pode ser assim expressa:

        ⚠️De um lado: os três maiores inimigos do homem, consequência da queda, do pecado no mundo (Satanás, Doença e Morte).

        ✝️Do outro lado: o poder infinito, útil e ao dispor de todos aqueles que se chegam a Jesus Cristo com fé e singeleza de coração.

        Um homem, uma mulher e uma criança encontraram em Jesus a resposta a altura das suas necessidades. Qual é o teu problema? Você pode ainda não ter se dado conta, mas é – de Perdão, de Regeneração e de Comunhão com Deus. Desde há muito tempo pesa sobre a humanidade a triste sentença de Deus: “A alma que pecar esta morrerá”. Não foi a vida de Cristo, exemplar e cheia de manifestações de poder que resolveu o maior problema do ser humano, mas sim a sua morte (Hb 9.22). Sua vida autenticou sua divindade; sua morte abriu-nos caminho para Deus! A sua morte foi sem dúvida o maior milagre de todos, pois resolveu o maior problema de cada ser humano – a sua reconciliação com Deus, a sua salvação eterna!

        Soli Deo gloria!