
Texto(s) base: 1Coríntios 5.1-13
Introdução
O que é imoralidade?
Imoralidade, um substantivo feminino, é um termo ou conceito que caracteriza e engloba atitudes ou comportamentos, ações ou práticas, considerados contrários às normas ou padrões morais ou éticos estabelecidos em uma sociedade, cultura, religião ou grupo. Portanto, a moral é um conjunto de princípios e valores que orientam o comportamento humano, estabelecendo o que é certo e errado, bom e mau, permitido e proibido em determinada sociedade e grupo. As normas morais podem ser codificadas em leis e regulamentos em algumas sociedades, enquanto em outras, podem ser mais informais e baseadas em tradições culturais ou códigos éticos pessoais.
Nessa visão secular mais ampla e relativa, o que é considerado imoral pode variar de acordo com a cultura, o sistema de crenças, a época e os valores predominantes em determinados contextos, pois as normas morais são frequentemente influenciadas por fatores culturais, religiosos e sociais. Além disso, é importante destacar que as percepções de imoralidade podem ser subjetivas e variar de pessoa para pessoa. Enfim, nessa visão, a imoralidade está relacionada à violação de princípios e valores morais. Entretanto, o que é considerado imoral depende da perspectiva e dos valores de um indivíduo ou da sociedade em questão.
No mundo moderno, que tem relativizado tantas coisas, a imoralidade também tem sido questionada, analisada e ressignificada sob a perspectiva da liberdade individual: Até que ponto uma pessoa tem o direito de agir de forma imoral, desde que não prejudique diretamente outras pessoas? Essa é uma questão que divide opiniões e que está relacionada à discussão sobre os limites da liberdade individual e a convivência em sociedade.
Por que este assunto é relevante? A imoralidade tende a gerar consequências negativas tanto para as relações interpessoais (familiares, profissionais, sociais) quanto para a própria pessoa que age de forma imoral. Pode gerar conflitos, desconfiança e prejudicar a convivência em sociedade. Além disso, a imoralidade também pode causar culpa, remorso, perda de reputação, perda financeira e muitos outros tipos de prejuízos.
Exemplos de comportamentos que podem ser considerados imorais incluem o furto/roubo, a mentira, a traição, a violência, a exploração de outras pessoas, o despudor, a indecência, a devassidão ou libertinagem, a promiscuidade sexual ou relacionamentos sexuais ilícitos ou desvirtuados, dentre outros.
A resposta a esta pergunta (o que é imoralidade?) não se encerra por aqui, no nível da visão humana. É preciso levar em conta que existe um Deus Criador e que este, no seu relacionamento com a humanidade, fez alianças nas quais revelou sua vontade soberana e estabelecem os deveres do ser humano; para com ele e de uns para com os outros. A moralidade, o certo e o errado, não são tão relativos como muitas pessoas gostariam que fossem ou pensam que são!
Neste estudo abordaremos a visão bíblica do problema da imoralidade, bem como a necessidade de tratamento do problema e o emprego da disciplina na igreja, pois fomos chamados para vivermos uma vida santa diante de Deus e dos homens. O texto de 1Coríntios 5.1-13 nos remete a um caso concreto de imoralidade na igreja de Corinto e como foi tratado, servindo de base para nossa análise.
Desenvolvimento:
1. O PROBLEMA DA IMORALIDADE
A imoralidade é um problema que afeta a humanidade desde os tempos mais remotos, desde a queda dos nossos primeiros pais – Adão e Eva. A bíblia está repleta de intervenções divinas pontuais com a intenção de frear o mal, o pecado praticado. ”Sede santos porque eu sou santo” é o refrão que soa em Gênesis e reverbera por toda a bíblia, até Apocalipse.
“Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.”(Gl 5.19-21)
A imoralidade está inserida nesta lista, rotulada pelo apóstolo Paulo de “obras da carne”, sendo que o termo se refere a comportamento ou conduta devassa, indecente e desregrada, principalmente na esfera sexual (prostituição, impureza, lascívia etc.).
Nos tempos do Novo Testamento a situação não era diferente de outras épocas passadas. A igreja se expandiu por toda a parte e os novos convertidos e igreja entre os gentios viviam o desafio de uma vida de pureza e santidade, de não se contaminarem com a imoralidade e idolatria reinantes, principalmente nas grandes cidades gentílicas e centros comerciais como Corinto.
É significativo o preâmbulo e o desfecho do capítulo 18 de Levítico, que trata de relações sexuais ilícitas:
“Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual eu vos levo, nem andareis nos seus estatutos. Fareis segundo os meus juízos e os meus estatutos guardareis, para andardes neles. Eu sou o SENHOR, vosso Deus. Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; cumprindo-os, o homem viverá por eles. Eu sou o SENHOR.”(Lv 18.3-5). “Portanto, guardareis a obrigação que tendes para comigo, não praticando nenhum dos costumes abomináveis que se praticaram antes de vós, e não vos contaminareis com eles. Eu sou o SENHOR, vosso Deus.” (Lv 18.30).
Não estamos debaixo da lei, mas da graça, é verdade. Entretanto, há dois conceitos permanentes aqui nestes versículos. O primeiro é que somos o povo de Deus, separado, santo, com um alto padrão moral que nos foi legado pelo Senhor através das Escrituras. Ainda que os costumes ou as leis civis da Sociedade onde estivermos inseridos nos permitirem determinadas condutas e práticas, nosso referencial é e será sempre a bíblia, se é que queremos ter a bênção de Deus. O segundo é que o verdadeiro cristão tem um compromisso com Deus e com seu Filho de não se contaminar com costumes abomináveis e com práticas pecaminosas. Debaixo da graça somos orientados e constrangidos pelo Espírito Santo a viver uma vida santa, pura e exclusivamente dedicada a agradar ao nosso Deus.
1.1 – O fato imoral (1Co 5.1-2)
1 Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai.
2 E, contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou?
Nos capítulos quinto e sexto desta epístola, a atenção do apóstolo se volta para outros assuntos, objetivamente para denunciar e corrigir outros problemas existentes na igreja de Corinto, desta feita de ordem moral e litigiosa. Naquela igreja havia quem estivesse refletindo, de alguma forma, o baixo padrão moral da sociedade em que estava inserida e a liderança não tomava as devidas providências. Então, o apóstolo precisou agir, escrevendo e advertindo sobre tal situação que ameaçava o testemunho e a sobrevivência daquela igreja.
Quando há impureza na conduta de algum membro da igreja, mas esse é pecado velado, só conhecido por quem o pratica em oculto, a responsabilidade é do impenitente, que terá que prestar contas ao Senhor. Entretanto, quando o pecado é público e notório, a igreja e sua liderança precisam tomar uma atitude. Certamente que o amor e o desejo de levantar o caído devem ser sempre o pano de fundo motivacional da ação da igreja. Fazer vista grossa em tais circunstâncias, de fragrante e notório atentado contra a moral, como no caso dos coríntios, é a pior atitude. Havia imoralidade na igreja.
O termo grego “porneia”[1] e suas declinações são normalmente traduzidos, na versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), por “imoralidade”, quatro vezes no NT (1Co 5.1; 6.18; 10.8), significando, principalmente, qualquer tipo de “relação sexual ilícita” ou “imoralidade sexual”. Na versão Almeida Revista e Corrigida (ARC) o termo é traduzido como “fornicação” ou como “prostituição” nestes mesmos textos. A fornicação diz respeito à prática sexual pré-conjugal ou extraconjugal (entre não casados), enquanto a prostituição tem a ver com a comercialização do sexo, com a venda do corpo. Fornicação era um termo mais relacionado à conduta sexual ilícita do homem, enquanto o termo prostituição estava mais relacionado à conduta sexual ilícita da mulher. Com a emancipação feminina e a relativização da moral essas vinculações aos gêneros perderam força. A figura do “caçador de fêmeas” convive pacificamente com a figura da “caçadora de machos”. O chamado “amor livre” das décadas de 1960 e 1970 desaguou na liberação sexual de hoje; o compromisso sério do casamento cedeu espaço para o “ficar junto” com baixo nível de compromisso, fidelidade e responsabilidade. A homossexualidade também ganhou força. A promiscuidade só não foi maior por causa do surgimento da AIDS na década de 1980, aqui no Brasil.
O caso é considerado grave pelo apóstolo, ao ponto de exceder até a conduta permissiva dos de fora da igreja, os gentios e pagãos. E, qual era o pecado desse membro da igreja de Corinto? Ele se atrevia a possuir a mulher de seu próprio pai. O sentido é de um “relacionamento sexual ilícito” deste indivíduo com sua madrasta ou ex-madrasta, portanto, incesto.
Não podemos deixar de considerar o contexto dos fatos. De um lado o apóstolo tem a cultura e a tradição judaica. De outro lado, ele está lidando com uma igreja composta predominantemente de pessoas gentias, convertidas ao cristianismo, mas vivendo numa metrópole corrupta, fortemente influenciada pela cultura e costumes greco-romanos. Em Levítico 18, as relações incestuosas[2] são terminantemente proibidas para os judeus. As uniões com parentes próximos[3] ou de sangue (consanguíneos) são ali proibidas: com pai ou mãe; madrasta; irmã; meia irmã; neta; tia; nora; cunhada; mulher e sua filha, mulher e sua neta, mulher e sua irmã, ao mesmo tempo. As uniões entre primos não são citadas nem proibidas. Há dois aspectos principais em que, provavelmente, se baseiam essas proibições: 1º) A relação sexual entre parentes consanguíneos pode resultar na esterilidade ou no nascimento de filhos com defeitos ou problemas de saúde; 2º) Essas relações podem provocar rivalidades sexuais dentro da família, o que muito debilitaria a mesma. O caso em questão era uma afronta não só aos costumes judaicos, mas também aos gentílicos, conforme o apóstolo deixa transparecer na sua perplexidade. E, o que diz o Código Civil Brasileiro? Quais são os impedimentos ao casamento? (Consulte o Apêndice)
Surgem aqui alguns questionamentos, a saber: a)Era um relacionamento permanente ou foi um caso pontual? b)O pai deste indivíduo era vivo, ou já tinha morrido? c)Se o pai era vivo, este havia se separado da tal mulher (ou concubina) ou foi (estava sendo) traído por ela? d)Por que a tal mulher não é censurada por Paulo? e)Qual foi o desfecho do caso?
As informações sobre este caso são tão escassas, que qualquer afirmação pode não passar de especulação. Parece tratar-se de um relacionamento contínuo. Não podemos afirmar se o pai deste indivíduo era falecido ou estava divorciado da tal mulher. Acredita-se que a mulher não tenha sido censurada pelo apóstolo por não ser cristã, por não fazer parte da igreja. Quanto ao desfecho do caso, alguns citam os textos de 2Coríntios 2.5-11; 7.12 como referências a este assunto. Entretanto, não há elementos suficientes para comprovar tratar-se do mesmo caso. Em face de tantas incertezas é mais prudente considerar o fato de que um membro da igreja estava em pecado, no caso o de incesto, e que a igreja estava omissa, nem ao menos mostrando sua insatisfação e muito menos, tomando alguma atitude disciplinar. A lei mosaica era bem clara sobre o assunto: “Não descobrirás a nudez da mulher de teu pai; é nudez de teu pai.” (Lv 18.18); “Nenhum homem tomará sua madrasta e não profanará o leito de seu pai”. (Dt 22.30); “Maldito aquele que se deitar com a madrasta, porquanto profanaria o leito de seu pai. E todo o povo dirá: Amém!” (Dt 27.20). Pela perplexidade de Paulo, também a permissiva cultura gentílica era contrária a tal comportamento.
A seguir, analisaremos o que o apóstolo tem a dizer sobre a importância de se preservar a santidade – uma igreja sem mácula – mesmo que se tenha que usar o expediente da disciplina. Aos efésios, o apóstolo ressaltou que o preço pago por Jesus foi alto demais e foi com o sublime propósito de que isso se tornasse realidade: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.” (Ef 5.25-27)
2. O TRATAMENTO DA IMORALIDADE
No início da igreja, a mentira de Ananias e Safira resultou em sentença de morte, uma punição drástica, algo difícil de se assimilar em tempos de Graça e não mais da Lei. Como a igreja tem lidado com a questão da disciplina nesses últimos tempos? Há não muitos anos atrás parece que a liderança da igreja priorizava mais a questão da disciplina, apesar de, não poucas vezes, usar critérios questionáveis e, em certas situações, exagerados. Era o patrulhamento ostensivo contra o temido mundanismo que ameaçava se instalar nas igrejas evangélicas. Códigos de disciplina foram criados, com verdadeiras aberrações, tudo em nome de um moralismo doentio e esquizofrênico. Tinha-se muito foco sobre os aspectos exteriores como a vestimenta; a pintura e o corte do cabelo, bem como a maquilagem da mulher, pintura de unhas, dentre outros e, nem tanto assim, os aspectos interiores. O que dizer da liderança eclesiástica do século 21? A impressão que se tem é que disciplina eclesiástica é o tipo de assunto que está fora de ordem, fora de moda, fora da agenda. A síndrome da mulher adúltera se instalou em muitas igrejas – “…aquele que não tem pecado que atire a primeira pedra…”. Ou, quem sabe é a síndrome do telhado de vidro? “Não julgueis, para que não sejais julgados.”(Mt 7.1). Para não dar a entender que o assunto da disciplina está ultrapassado, alguns púlpitos, vez por outra, reverberam alguma defesa da moral cristã. Por outro lado, o discurso da prosperidade, do Jesus que cura, enriquece e resolve todos os problemas não deixa espaço para muitas outras mensagens.
2.1 – A punição sentenciada (1Co 5.3-5)
3 Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal infâmia seja,
4 em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor,
5 entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus.
É interessante a abordagem que considera a disciplina eclesiástica em três níveis: preventiva, corretiva e cirúrgica ablativa[4]. A disciplina eclesiástica preventiva é aquela que se esforça para ensinar os referenciais bíblicos, portanto seguros e confiáveis, de conduta e comportamento, de modo que o crente tenha onde se ancorar. Isso é feito através da ministração da Palavra de Deus e de bons exemplos de vida dos líderes. O apóstolo Paulo se ocupava e se empenhava diuturnamente nessa lida, diante de tantas igrejas emergentes. Esse precisa ser um trabalho contínuo com vistas a construir alicerces inabaláveis de princípios e padrões morais e espirituais, na tentativa de prevenir a prática do pecado. A disciplina corretiva se impõe como necessária quando a prática do pecado é verificada. No ensino do Senhor Jesus Cristo em Mateus 18.15-20 ela pode e deve ser exercida de forma equilibrada e curativa, respeitando-se três estágios de poder de persuasão crescentes e progressivos: 1º)O ofendido e o ofensor; 2º)O ofendido e algumas testemunhas e o ofensor; 3º)a Igreja e o ofensor. A disciplina eclesiástica cirúrgica ablativa é o nível extremo e, portanto, a mais traumática e se impõe quando todas as tentativas anteriores não surtiram efeito e o infrator mantém-se impenitente. O termo “cirúrgico ablativo” se aplica pela similaridade figurada entre se extirpar do corpo humano um tumor e se desligar do corpo de Cristo, a Igreja, um membro que se recusa a arrepender-se e a deixar o pecado. A responsabilidade de julgar, disciplinar, cassar privilégios e excluir do rol de membros é prerrogativa da igreja ou de sua liderança formalmente constituída e por delegação desta, fundamentado nas Escrituras e na autoridade delegada pelo Senhor e cabeça da Igreja (Mt 18.17-20). É nesta linha que o apóstolo caminha (vv.3 e 4) antes de pronunciar a sua sentença.
A proposição do apóstolo no versículo 5 chega a ser chocante, pelo menos à primeira vista. Não se pode perder de vista que o pecado já se encarrega de cortar a comunhão do homem com Deus (Is 59.2). Separado de Deus o pecador está na esfera de ação e domínio de Satanás. Deus não tem compromisso com os ímpios, portanto, estes se tornam vulneráveis a ação de Satanás. Quando permitido por Deus, Satanás pode até causar destruição, mas seu poder é limitado à carne: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.” (Mt 10.28). Só Deus tem poder para salvar ou para fazer perecer o corpo e a alma: “Um só é Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e fazer perecer; …”(Tg 4.12). Só Deus conhece aqueles que são verdadeiramente seus filhos. Estes jamais se perderão eternamente. Podem até precisar passar por tribulações extremas e destruição do corpo para se voltarem para o Pai, tal qual experimentou o filho pródigo.
2.2 – A importância da disciplina (1Co 5.6-8)
a) A imoralidade e seu efeito contagioso
6 Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?
A argumentação do apóstolo é de fácil compreensão e de extrema relevância. Algumas pessoas, com suas práticas ilícitas e vidas pecaminosas, com sua carnalidade, têm o poder de afetar ou influenciar negativamente a igreja toda tal qual o faz o fermento na massa onde está inserido. Percebe-se que a preocupação do apóstolo não está centrada apenas no transgressor, mas no efeito nada desprezível da expansão do mal, quando a causa não é tratada. Fica fácil compreender isso quando se está diante de uma epidemia virótica cujo contágio se dá de pessoa a pessoa, pelo ar (o filme EBOLA é uma boa ilustração disso e, mais recentemente, a pandemia da Covid 19).
O pecado é uma espécie de vírus com altíssimo poder de contágio e de destruição. Se não for isolado e contido na esfera da igreja tem o poder de anulá-la ou de destruí-la. Aqueles que de alguma forma cultuavam o saber pareciam não entender algo tão óbvio: “Um pouco de fermento leveda toda a massa.” (comp. Gl 5.9).
O que é, e como atua o fermento?
“Os fermentos são ingredientes que dão volume, textura e maciez às preparações culinárias. Existem dois tipos de fermento, classificados segundo sua origem: fermento biológico, utilizado na fabricação de pães e pizzas e fermento químico ou em pó, indicado para bolos e biscoitos.
O fermento biológico é composto de microorganismos vivos[5] (saccharomyces cerevisae) que se reproduzem na presença de temperatura e do açúcar presente na massa. Este açúcar é o alimento do microorganismo, que se reproduz e libera o gás carbônico (CO2) necessário ao crescimento da massa.
O fermento químico é um composto de bicarbonato de sódio e um ácido que na presença de umidade e calor reagem e liberam gás carbônico. O gás carbônico (dióxido de carbono – CO2) liberado fica preso na massa formando bolhas. Com a temperatura do forno, as bolhas são expulsas para cima, levantando a massa, enquanto os outros ingredientes das receitas são assados. Como resultado, temos produtos fofos, macios e com volume.
Origem do Fermento (químico)
Por volta de 1800 descobriu-se que o bicarbonato de sódio produzia gás dióxido de carbono na presença de certos ácidos. As donas de casa da época descobriram que o bolo poderia crescer mais e ficar mais alto quando se utilizava o bicarbonato. Mas a utilização tinha os seus limitantes devido à tecnologia: o bicarbonato reagia muito rapidamente quando misturado à massa. Em 1835, o ´cremor de tártaro` foi misturado ao bicarbonato de sódio e o resultado foi surpreendente. Assim, foi criado o primeiro fermento. Por volta de 1850, o ácido utilizado passou a ser o “ácido fosfato monocálcico”. O poder do bicarbonato de sódio com este ácido melhorava o desempenho em cerca de 60%. O fermento químico passou, então, a ser utilizado cada vez mais.“[6]
“Em 1859, Louis Pasteur, o pai da microbiologia moderna, descobriu como o fermento funcionava. Alimentando-se de farinha de amido, o fermento produzia dióxido de carbono. Este gás expande o glúten na farinha e leva a massa de pão a expandir e crescer.”[7]
“A razão pela qual as pessoas geralmente preferem o fermento à levedura é porque esta demora muito, de 2 a 3 horas, para produzir as bolhas. O fermento em pó é instantâneo e você pode preparar uma massa de biscoito e comê-los depois de 15 minutos.”[8]
Considerando o fermento como algo mau, símbolo do pecado e da corrupção humana, podemos sugerir que o tempo de atuação do fermento biológico (antigo) está para o tempo de atuação do fermento químico (moderno), assim como a velocidade de propagação do pecado na antiguidade está para a velocidade de propagação do pecado hoje, que conta com todo o aparato tecnológico de transporte de pessoas e de ideias, cenas, imagens, comportamentos etc.
b) O preço da santidade já foi pago
7 Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado.
O que é esse “velho fermento”? Como o fermento é visto na Bíblia?
“Fermento – Massa velha de farinha que azedou e da qual se põe um pouquinho na massa do pão para fazê-la crescer. Simboliza o crescimento tanto do bem {Mt 13.33} como do mal {Gl 5.9}.”[9]
“O fermento era uma substância que se empregava para produzir a fermentação da massa e fazê-la crescer, Êxodo 12.15, 19; 13.7. Nos tempos das Escrituras, o fermento fazia-se com um pouco de massa velha e fermentada. O pão fermentado por esse processo, tinha sabor desagradável e mau cheiro. Para evitar estes defeitos empregavam a levedura. Toda a oferta que se fazia ao Senhor não devia levar fermento, Levítico 2.11. Quando a oferta era consumida pelo ofertante, poderia levar fermento, Levítico 7.13; 23.17. O motivo principal da proibição baseava-se em que o fermento é uma decomposição incipiente, e servia de símbolo para representar a corrupção moral. Também para simbolizar as doutrinas falsas, Mateus 16.11; Marcos 8.15, e a perversidade do coração, 1Coríntios 5.6-8. As influências boas ou más comparam-se aos efeitos do fermento. A lei cerimonial proibia o uso de pão levedado e tê-lo em suas casas durante a festa da Páscoa. A ausência do fermento simbolizava a santidade de vida que se requer no serviço de Deus; relembrava a pressa com que abandonaram a terra do Egito, a farinha que trouxeram amassada sem tempo para meter-lhe o fermento e a insipidez do pão, Êxodo 12.39; Deuteronômio 16.3; 1Coríntios 5.7,8.”[10]
Portanto, cada crente em particular e, a igreja como um todo, precisa ser como massa sem fermento, pura e sem mácula diante de Deus e dos homens.
c) Celebrando com santidade
8 Por isso, celebremos a festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade.
As três festas religiosas mais importantes de Israel eram: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos. A Páscoa era celebrada no 14º dia do mês de Nisã (março – abril), que é o primeiro mês do calendário religioso dos judeus, seguida da festa dos Pães Asmos (sem fermento) que acontecia do 15º ao 21º dia.
O velho fermento que deveria ser evitado nas ofertas ao Senhor, reaparece nos dias de Jesus na figura e doutrina dos fariseus, que travestidas de piedade e religiosidade não passavam de fermento da maldade e malícia. Além da falsa aparência que procuravam projetar, acrescente-se que, assim como o fermento, a doutrina corrompida dos fariseus, saduceus e herodianos, penetrava no meio do povo, levedando-o, isto é, fazendo crescer a corrupção religiosa em toda a massa humana (Lc 12.1; Mt 16.6; Mc 8.15). Portanto, o fermento que não é de pão, é a “doutrina” dos grupos mencionados por Jesus (Mt 16.12).
O cordeiro pascoal deveria ser comido com “pães asmos e ervas amargas”. O “pão asmo” era o pão sem fermento, simbolizando sinceridade e verdade.
Podemos resumir assim a figura do fermento:
a) No sentido bíblico geral: MAU
1º) PECADO – Ex.: imoralidade na igreja de Corinto.
2º) DOUTRINA FALSA – Ex.: Fariseus, Saduceus e Herodianos.
b) Na Parábola do Fermento (Mt 13.33)
Tratando-se do crescimento da igreja há duas linhas principais de interpretação:
Sentido MAU – Crescimento com impureza.
Sentido BOM – Crescimento fantástico:
a) Agente mudo, mas poderoso;
b) Agente interno e invisível;
c) Contágio espiritual.
3. O AFASTAMENTO DA IMORALIDADE
3.1 – A necessária separação dos impuros (1Co 5.9-13)
9 Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros;
10 refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo.
11 Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais.
12 Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro?13 Os de fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor.
O assunto da não associação com os impuros não era novidade para os seus leitores, pois em carta anterior, que não chegou até nós, já fora mencionado. Há dois conceitos estabelecidos aqui neste final de capítulo que precisam ser bem compreendidos pelos cristãos:
1º) Associação com os “impuros deste mundo”.
É preciso distinguir a associação aqui tratada daquela associação no sentido de se estabelecer formal e legalmente uma sociedade de direitos e deveres, privilégios e obrigações entre duas ou mais pessoas, ou mesmo de um vínculo mais forte, ainda que não formal ou legal. Para estes últimos, o apóstolo Paulo dá a sua recomendação em 2Coríntios 6.14-18, “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?…….”, que se aplica a relacionamentos conjugais, comerciais, eclesiásticos e interpessoais.
Aqui se trata de contato ou relacionamento social ou comercial com pessoas da sociedade secular onde vivemos, mesmo que impuras. Seria difícil para o cristão sobreviver sem poder manter contato com as pessoas não cristãs. Não podemos nos isolar do mundo. Precisamos comprar víveres, roupas, remédios, objetos etc.; frequentar escolas; trabalhar; usar hospitais; usar meios de transportes; etc. etc. enfim, conviver com pessoas impuras. Por outro lado, como poderíamos evangelizar tais pessoas se não pudéssemos ter contato com elas? Obviamente não faz sentido um cristão transacionar com pessoas ou instituições sabidamente ilegais.
“Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.” (1Co 15.33 ARA)
“Não se deixem enganar: as más companhias corrompem os bons costumes.” (1Co 15.33 NVI)
“Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” (Sl 1.1)
Não podemos deixar de mencionar o risco que corre aquele cristão que, desprezando o alerta bíblico, mantém muita proximidade com pessoas ímpias e de má reputação. Em vez de sal da terra e luz do mundo pode acabar sendo influenciado a viver uma vida distante dos padrões bíblicos e cristãos.
2º)Associação com os “impuros que se dizem irmãos”.
Alguns cristãos têm dificuldade para entender que, quando um membro de igreja cai, a situação é mais séria e grave do que quando o mesmo acontece com um não cristão. A máxima “a quem muito foi dado, muito será exigido” se aplica aqui. A iluminação espiritual recebida pelo cristão torna a cobrança muito maior. Tudo aquilo de errado que o ímpio faz enquanto está nas trevas lhe é perdoado quando ele se rende e confessa a Jesus como Senhor e Salvador. É claro que tal pessoa carregará na sua vida as consequências dos seus erros.
Você já parou para avaliar os tipos de “irmãos” mencionados, dos quais devemos manter distância: “…dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador…”. “Ou seja, é aquele que professa a fé cristã, mas tem comportamento imoral (“impuro”); ou tem afeição descabida pelas suas próprias posses materiais (“avarento”); ou o que distorce a religião verdadeira por sua prática ou ensinamentos (“idólatra”); ou o que tem o hábito de caluniar ou de espalhar boatos (“maldizente”); ou o que está sob o domínio de substâncias que impedem o comportamento racional (“beberrão”) – nas quais estão a bebida alcoólica e, certamente, as drogas – em vez de estar sob o controle do Espírito Santo; e, finalmente, o que demonstra ganância e não respeita a propriedade alheia (“roubador”)”. (Solano Portela)
Qual a razão ou as razões para essa proibição de associação com esses tais impuros de dentro da igreja? Evitar contaminar-se com o outro? Evitar ser considerado no mesmo estado que o outro? Evitar passar a impressão de que aprova o comportamento do outro? O mesmo apóstolo dá uma possível razão para essa atitude em 2Tessalonicenses 3.14: “Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado.” É provável que o objetivo prático de tal afastamento seja impactar o transgressor, de tal forma que envergonhado de seus pecados, caia em si, se arrependa, confesse e abandone os pecados e se volte para o Senhor.
Quer dizer que a orientação bíblica é de abandonar o “irmão” impuro à sua própria sorte? Absolutamente, não! Devemos, acima de tudo, amá-lo e orar por ele. Devemos exortá-lo a abandonar o pecado, demonstrando nossa tristeza com a atual situação.
Vale lembrar também outra situação de afastamento orientada pelo apóstolo João, estando em foco um suposto irmão na fé ou mesmo pessoa que professa uma fé não fundamentada na bíblia: “Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas.” (2Jo 1.10)
O apóstolo conclui de forma clara e objetiva. Os de fora da igreja não são de nossa responsabilidade e sim de Deus, ou melhor, deles para com Deus, pois haverão de prestar contas a ele de sua rebeldia e rejeição ao Salvador. Quanto aos de dentro da igreja cabe a esta tomar as devidas providências. A omissão só piora as coisas, que já não estão boas. Se assim é, então Paulo pronuncia a sentença para o caso do incesto: “Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor.”
Conclusão
3 Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição;
4 que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra,
5 não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus;
6 e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador,
7 porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação. (1Ts 4.3-7)
Vivemos num tempo marcado por muita permissividade, tolerância e relativização da moral e dos princípios e valores cristãos. A enorme produção de conteúdo midiático imoral e sua ampla e jamais vista facilidade de divulgação, seja pela internet, redes sociais ou tantos outros veículos de propagação são um verdadeiro desafio ao cristão. Torna-se mandatório firmar-se em Cristo e na sua Palavra para resistir e não ser arrastado por essa onda de devassidão que varre o planeta. Por sua vez, as lideranças das igrejas precisarão estar cada vez mais atentas, agindo preventivamente para fortalecer a fé dos seus membros e não se comportando como os de Corinto que faziam “vista grossa” para a imoralidade explícita no seu arraial.
A imoralidade precisa ser combatida, pois destrói a vida da própria pessoa, corta a comunhão com Deus, afeta toda a igreja comprometendo o seu testemunho e reputação!
Que Deus nos ajude!
Bibliografia
1. Bíblia Sagrada (SBB – Versão Revista e Atualizada).
2. Bíblia Online – SBB.
3. Revista ANDAI NO ESPÍRITO (Ed. Didaquê).
4. Internet.
[1] Na versão ARA, o termo grego “porneia” e suas declinações também são traduzidos por: “relações sexuais ilícitas” (Mt 19.9); “impureza” (1Co 6.13); “prostituição”, às vezes com o sentido de prostituição espiritual ou infidelidade a Deus ou idolatria (Gl 5.19; 1Ts 4.3; Ap 19.2); “impudicícia” (Ef 5.3).
[2] Incesto: Incesto é a relação sexual ou marital entre parentes próximos ou alguma forma de restrição sexual dentro de determinada sociedade. A procriação entre parentes próximos (inbreeding) tende a aumentar o número de homozigotos de determinada população, reduzindo, portanto, a variabilidade genética da mesma. Em todas as sociedades o casamento é regulado por regras de endogamia e de exogamia. As primeiras se referem aos casamentos dentro do grupo, e a segunda, fora do grupo. O conceito de dentro e fora é bastante variável: em alguns casos, estende-se o grupo apenas no âmbito da família consanguínea, em outros a todo um clã ou grupo linguístico. O incesto se inscreve entre as práticas endogâmicas, ou seja, é o casamento (ou prática do sexo, o que às vezes implica no mesmo) que acontece dentro do grupo. As relações entre primos, na maioria dos países, não são consideradas incesto, já que é permitido o casamento entre eles. (Wikipédia)
[3] Parentes Próximos: Além de parentes por nascimento, podem ser considerados parentes aqueles que se unem ao grupo familiar por adoção ou casamento.
[4] CIRURGIA ABLATIVA: Tipo de cirurgia em que se remove parte, ou todo, do órgão afetado pelo câncer.
[5] Inofensivos à saúde.
[6] Internet: site Dona Benta (2009).
[7] Internet (2009).
[8] Internet (2009).
[9] SBB – Bíblia Online.
[10] Davis, John D. – Dicionário da Bíblia – JUERP.
Apêndice
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO (Lei 10.406, de 10/01/2002)
LIVRO IV
Do Direito de Família
TÍTULO I
Do Direito Pessoal
SUBTÍTULO I
Do Casamento
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
…………………………..
CAPÍTULO II
Da Capacidade PARA O CASAMENTO
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Parágrafo único.
Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631.
Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização.(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)(Vigência)
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.
Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 13.811, de 2019).
CAPÍTULO III
Dos Impedimentos
Art. 1.521. Não podem casar:
I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II – os afins em linha reta;
III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V – o adotado com o filho do adotante;
VI – as pessoas casadas;
VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único.
Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.
CAPÍTULO IV
Das causas suspensivas
Art. 1.523. Não devem casar:
I – o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II – a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III – o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
IV – o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único.
É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins.

