A supremacia de Jesus Cristo

Marcos 4.41; 5.1-43

Introdução

“Certo chinês que se tinha convertido ao cristianismo, disse:
— Estava caído num poço, quase me afogando no lodo, clamando por alguém que me ajudasse. Nisto apareceu um ancião de aspecto venerável, que me olhou lá de cima, e me disse:
— Filho, este é um lugar mui desagradável.
— Sei que é. Não pode o Senhor ajudar-me a sair?
— Filho meu. Chamo-me Confúcio. Se houvesses lido minhas obras e seguido o que elas ensinam, nunca terias caído no poço. E com isto se foi.
Logo vi que chegava outro personagem; esta vez um homem que cruzava os braços e fechava os olhos. Parecia estar distante, mui distante. Era Buda, e me disse:
— Filho meu, fecha teus olhos e esquece-te de ti mesmo. Põe-te em estado de repouso. Não penses em nenhuma coisa desagradável. Assim poderás descansar como descanso eu.
— Sim, pai, o farei quando sair do poço. Mas quando? Buda, porém, se havia ido. Eu já estava desesperado quando se me apresentou ainda outra pessoa mui distinta. Levava, em seu rosto, os traços do sofrimento, e lhe falei:
— Pai, podes-me ajudar?
E então baixou-se até onde eu estava. Me tomou em seus braços, me suspendeu e me tirou do poço. Logo me deu de comer e me fez descansar. E quando eu já estava bem, disse-me:
— Não caias mais. Agora andaremos juntos.
Assim contava o chinês a história da compaixão do nosso Senhor Jesus Cristo.”
(Extraído)

Da mesma forma Jesus estendeu a mão aos três personagens desse capítulo, sem levar em conta o passado deles. Vejamos, então, alguns exemplos da indiscutível supremacia de Jesus Cristo.

“E eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos outros: Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem? (Mc 4.41)

1. SUPREMACIA EM LIBERTAR (Mc 5.1-20)

“Entrementes, chegaram à outra margem do mar, à terra dos gerasenos. Ao desembarcar, logo veio dos sepulcros, ao seu encontro, um homem possesso de espírito imundo, o qual vivia nos sepulcros, e nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo; porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram quebradas por ele, e os grilhões, despedaçados. E ninguém podia subjugá-lo. Andava sempre, de noite e de dia, clamando por entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com pedras. Quando, de longe, viu Jesus, correu e o adorou, exclamando com alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes! Porque Jesus lhe dissera: Espírito imundo, sai desse homem! E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos. E rogou-lhe encarecidamente que os não mandasse para fora do país.   Ora, pastava ali pelo monte uma grande manada de porcos. E os espíritos imundos rogaram a Jesus, dizendo: Manda-nos para os porcos, para que entremos neles.  Jesus o permitiu. Então, saindo os espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada, que era cerca de dois mil, precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, onde se afogaram. Os porqueiros fugiram e o anunciaram na cidade e pelos campos. Então, saiu o povo para ver o que sucedera. Indo ter com Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido, em perfeito juízo; e temeram. Os que haviam presenciado os fatos contaram-lhes o que acontecera ao endemoninhado e acerca dos porcos. E entraram a rogar-lhe que se retirasse da terra deles. Ao entrar Jesus no barco, suplicava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele. Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe: Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti.  Então, ele foi e começou a proclamar em Decápolis tudo o que Jesus lhe fizera; e todos se admiravam.” (Mc 5.1-20)

Temos aqui a clara descrição de um homem escravizado e dominado por Satanás.

Há, pelo menos quatro NÍVEIS ou ESTRATÉGIAS DE ATUAÇÃO DE SATANÁS na humanidade – os “4 C”:

1º) CONFUNDIR – Fundir juntamente, misturar a verdade de Deus com as suas mentiras. Ele é o pai da mentira! “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” (Jo 8.44)

Ele questiona e distorce a palavra de Deus, a verdade divina. Encobre as consequências e o juízo de Deus. Oferece ilusões.

2º) CONQUISTAR – Atrair, Seduzir, com o propósito de desviar do caminho da dignidade.

3º) CONTROLAR – Exercer o controle, dirigir, exercer o domínio completo.

É o controle por possessão exercido aqui sobre esse homem geraseno, por exemplo (Mc 5.2-4) e tantos outros casos relatados na história. Também tem acontecido investidas de  tentativas de controle da mente, quer por meditação transcendental, quer por narrativas insistentemente repetidas por determinados veículos de comunicação de massa.

4º) COMBATER – Pelejar, lutar contra.

Quando lhe resistimos nas demais estratégias ou investidas só lhe resta o combate direto ou indireto. Não tem sido pouca a perseguição sofrida pelos cristãos desde o início da igreja.

Temos aqui neste primeiro caso O ENCONTRO DA FORÇA SATÂNICA COM O PODER DE JESUS. O endemoniado foi a Jesus por condução (inconsciente?). A onipotência de Cristo prevaleceu e aquele homem foi liberto e teve sua dignidade resgatada.

Quanto aos circunstantes e espectadores se mostraram indiferentes à verdade e egoístas.

Fica evidenciado nesse encontro:
JESUS – AQUELE QUE PREVALECE SOBRE O REINO DOS DEMÔNIOS!

2. SUPREMACIA EM CURAR (Mc 5.25-34)

“Aconteceu que certa mulher, que, havia doze anos, vinha sofrendo de uma hemorragia  e muito padecera à mão de vários médicos, tendo despendido tudo quanto possuía, sem, contudo, nada aproveitar, antes, pelo contrário, indo a pior, tendo ouvido a fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão, tocou-lhe a veste. Porque, dizia: Se eu apenas lhe tocar as vestes, ficarei curada. E logo se lhe estancou a hemorragia, e sentiu no corpo estar curada do seu flagelo. Jesus, reconhecendo imediatamente que dele saíra poder, virando-se no meio da multidão, perguntou: Quem me tocou nas vestes? Responderam-lhe seus discípulos: Vês que a multidão te aperta e dizes: Quem me tocou? Ele, porém, olhava ao redor para ver quem fizera isto. Então, a mulher, atemorizada e tremendo, cônscia do que nela se operara, veio, prostrou-se diante dele e declarou-lhe toda a verdade. E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal.” (Mc 5.25-34)

Temos aqui a história de vida de uma mulher desenganada.

Podemos enumerar pelo menos três ASPECTOS DO SOFRIMENTO:

1º) Físico
Aquela mulher padecia de uma hemorragia há doze anos. Seu corpo estava debilitado, provavelmente anêmico, fraco, e constantemente impuro segundo a lei judaica (Lv 15.25-27). Ela convivia com doze anos de dor, fraqueza e exaustão corporal, sem cura nem melhora — pelo contrário, “indo a pior”.

2º) Moral
Havia um sofrimento moral (social e religioso). Por causa da sua condição, era considerada ritualmente impura segundo a Lei mosaica. Isso a impedia de participar do culto, do convívio familiar e da vida comunitária. Os efeitos morais e sociais eram: a) Isolamento social e religioso; b) Estigma moral de “impureza”; c) Possível rejeição da família e da comunidade; c) Perda de dignidade, pois tocá-la ou ser tocado por ela tornava alguém “impuro”. Portanto, ela era vista como vergonhosa ou indigna, o que fere o senso de valor e honra pessoal — sofrimento moral.

3º) Psicológico.
Foram doze anos de tentativas frustradas (“sofrido muito com muitos médicos”). Ela gastou tudo o que tinha, ocasionando assim, desespero e sentimento de inutilidade.

Temos aqui O ENCONTRO DA DESILUSÃO COM A SOLUÇÃO. Ela foi a Jesus por conveniência pessoal. Aproxima-se de Jesus com medo e tremor, o que revela insegurança e culpa. Podemos enumerar aqui alguns aspectos emocionais e mentais envolvidos: a) Ansiedade, medo de ser descoberta, vergonha da condição; b) Esperança misturada com temor; c) Sentimento de desvalorização e fracasso.

A onisciência de Cristo se manifesta “Quem me tocou…”. Aquilo que parecia impossível, sem solução, foi resolvido pelo poder de Jesus. Sua saúde foi restaurada! Finalmente ela obteve alívio e paz após a cura (“Vai-te em paz”). A cura de Jesus abrange corpo e alma — restauração emocional, espiritual e social.

Os Circunstantes se mostraram curiosos e aproveitadores.

Fica evidenciado nesse encontro:
JESUS – AQUELE QUE PREVALECE SOBRE AS ENFERMIDADES!

3. SUPREMACIA EM RESSUSCITAR (Mc 5.21-24; 35-43)

“Tendo Jesus voltado no barco, para o outro lado, afluiu para ele grande multidão; e ele estava junto do mar. Eis que se chegou a ele um dos principais da sinagoga, chamado Jairo, e, vendo-o, prostrou-se a seus pés e insistentemente lhe suplicou: Minha filhinha está à morte; vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá. Jesus foi com ele. Grande multidão o seguia, comprimindo-o.” (Mc 5.21-24)

“Falava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre? Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente. Contudo, não permitiu que alguém o acompanhasse, senão Pedro e os irmãos Tiago e João. Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço, os que choravam e os que pranteavam muito. Ao entrar, lhes disse: Por que estais em alvoroço e chorais? A criança não está morta, mas dorme. E riam-se dele. Tendo ele, porém, mandado sair a todos, tomou o pai e a mãe da criança e os que vieram com ele e entrou onde ela estava. Tomando-a pela mão, disse: Talitá cumi!, que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te! Imediatamente, a menina se levantou e pôs-se a andar; pois tinha doze anos. Então, ficaram todos sobremaneira admirados. Mas Jesus ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e mandou que dessem de comer à menina.” (Mc 5.35-43)

Temos aqui o caso de uma menina agonizando que acabou indo a óbito. Ela era a filha única de um pai desesperado

Podemos considerar que há três TIPOS DE MORTE:

1º) Morte Física (separação entre corpo e alma)
“E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo,” (Hb 9.27)

✝️ Supremacia de Cristo:

a) Jesus morreu fisicamente, mas ressuscitou corporalmente provando seu poder sobre a morte física. “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem.” (1Co 15.20)

b) Ele ressuscitou outros mostrando autoridade sobre a morte dos corpos:
. O filho da viúva de Naim (Lc 7.11-17);
. A filha de Jairo (Mc 5.35-43);
. Lázaro (Jo 11.43-44).

    c) Ele promete ressurreição aos que creem: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá.” (Jo 11.25)

    Jesus venceu a morte física em si mesmo e provou o seu poder sobre a morte.

    2º) Morte Espiritual (separação entre homem e Deus pelo pecado)
    “e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos,” (Ef 2.5)

    ✝️ Supremacia de Cristo:

    a) Jesus é a própria vida espiritual: “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;” (Jo 14.6)

    b) Ele vivifica o espírito humano morto pelo pecado: “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão.” (Jo 5.25)

    c) Por sua morte e ressurreição, o crente é reconciliado com Deus, deixando o estado de morte espiritual: “E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos;” (Cl 2.13)

      Jesus vence a morte espiritual trazendo nova vida interior e comunhão com Deus ao regenerar o pecador.

      3º) Segunda morte ou Lago de Fogo (condenação eterna)
      “Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo.” (Ap 20.14)

      ✝️ Supremacia de Cristo:

      a) Cristo tem as chaves da morte e do inferno: “… estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do inferno.” (Ap 1.18)

      b) Quem crê em Jesus não sofrerá a segunda morte: “O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.” (Ap 2.11b)

      c) A obra de Cristo na cruz e sua vitória final eliminam o poder do inferno: “E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória.” (1Co 15.54)

      d) Na eternidade, não haverá mais morte: “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.” (Ap 21.4)

        Jesus tem autoridade para livrar seus redimidos da condenação eterna, anulando o poder da segunda morte.

        Temos aqui o ENCONTRO DA MORTE COM A VIDA. Jairo foi a Jesus por convicção naquele que é o doador da vida.

        Os Circunstantes se mostraram incrédulos e hipócritas.

        Fica evidenciado nesse encontro:
        JESUS – AQUELE QUE PREVALECE SOBRE A MORTE!

        Conclusão

        A síntese desses três encontros pode ser assim expressa:

        ⚠️De um lado: os três maiores inimigos do homem, consequência da queda, do pecado no mundo (Satanás, Doença e Morte).

        ✝️Do outro lado: o poder infinito, útil e ao dispor de todos aqueles que se chegam a Jesus Cristo com fé e singeleza de coração.

        Um homem, uma mulher e uma criança encontraram em Jesus a resposta a altura das suas necessidades. Qual é o teu problema? Você pode ainda não ter se dado conta, mas é – de Perdão, de Regeneração e de Comunhão com Deus. Desde há muito tempo pesa sobre a humanidade a triste sentença de Deus: “A alma que pecar esta morrerá”. Não foi a vida de Cristo, exemplar e cheia de manifestações de poder que resolveu o maior problema do ser humano, mas sim a sua morte (Hb 9.22). Sua vida autenticou sua divindade; sua morte abriu-nos caminho para Deus! A sua morte foi sem dúvida o maior milagre de todos, pois resolveu o maior problema de cada ser humano – a sua reconciliação com Deus, a sua salvação eterna!

        Soli Deo gloria!

        Autor: Paulo Raposo Correia

        Um servo de Deus empenhado em fazer a sua vontade.

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