Introdução:
Enquanto os ofícios e encargos dizem respeito às atividades ou serviços desenvolvidos na igreja, os dons (naturais e espirituais) nos remetem à questão da capacitação ou habilidade ou qualificação para a realização desses serviços. Não se pode deixar de mencionar aqui a relevância, para a igreja, daqueles dons espirituais ou sobrenaturais concedidos aos crentes, pelo Espírito Santo, bem como a importância daqueles dons naturais ou talentos que cada crente possui. Ao considerarmos os apóstolos Pedro e Paulo, ambos homens de Deus e cheios do Espírito Santo, constatamos que o serviço desenvolvido por cada um deles foi, até certo ponto diferente: Pedro foi bastante usado por Deus na expansão do Evangelho, principalmente entre os judeus; enquanto Paulo, entre os gentios, sendo que coube, principalmente a Paulo, a sistematização e ensino da doutrina cristã. Certamente, porque os nossos talentos naturais e capacitações pessoais, quando submetidos a Deus, depositados ao pé da cruz de Cristo, podem e serão usados por ele.
Desenvolvimento:
1. DOM NATURAL ou TALENTO
Dom natural ou talento é a capacitação que nos permite usar, de forma excepcional, as competências que cada um de nós tem ou adquire ao longo da vida e, assim, gerar resultados diferenciados e significativos. Todos nascemos com competências, ou aptidões para certos tipos de trabalhos ou atividades. Precisamos identificá-las, desenvolvê-las e empregá-las, para o bem da família, da igreja e da sociedade.
2. DOM ESPIRITUAL ou SOBRENATURAL
“A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.” (1Co 12.1). Não há dúvida de que precisamos conhecer as doutrinas bíblicas, tais como: da Redenção, da forma de atuação do Espírito Santo na igreja, da atualidade dos dons espirituais e a da Escatologia Bíblica ou da Doutrina das Últimas Coisas, dentre outras. Então, comecemos por não confundir “FRUTO DO ESPÍRITO”, com seus “9 gomos” (Gl 5.22-23), que são manifestações do caráter do crente regenerado pelo Espírito, com os “DONS DO ESPÍRITO” que são capacitações do Espírito Santo para as realizações na igreja. Também é necessário distinguir “dom natural ou talento”, de “dom espiritual ou sobrenatural”, em que pese o valor e utilidade de ambos a serviço de Deus, na igreja e fora dela. Os salvos (nascidos de novo) recebem o dom, que é o próprio Espírito. Os carismas do Espírito são dados para habilitar o crente – aquele que tem o Espírito Santo – a servir a Deus de modo útil.
Podemos dizer que há cerca de 20 dons espirituais, os quais são mencionados nas Escrituras Sagradas em Romanos 12.6-8, 1Coríntios 12.8-10, 1Coríntios 12.28 e Efésios 4.11. Este assunto sempre foi e será importante e sensível para igreja. Há algumas décadas atrás agitou o mundo eclesiástico e dividiu algumas igrejas. Há igrejas ou denominações que supervalorizam os dons espirituais, enquanto outras têm medo de lidar com o assunto. Há, também, crentes fascinados por tudo o que diz respeito a poder sobrenatural, mas pouco se importam com o amor cristão e com o discipulado que paga o preço de um autêntico estilo de vida cristão. Os extremos são prejudiciais à igreja.
Independentemente se todos esses dons continuam, se alguns deles cessaram ou quase não se manifestam, atualmente (Continuísmo, Cessacionismo e Cessacionismo moderado), são estes os 20 dons mencionados no Novo Testamento:
2.1 Dons Ministeriais:
(Dons que concedem capacitação sobrenatural para o exercício dos ministérios.)
1º) O dom de APÓSTOLO (Ef 4.11a; 1Co 12.28a)
No sentido de apóstolo de Jesus ficou restrito aos doze (ou treze – Paulo 1Co 9.1), conforme credenciais do apostolado (2Co 12.12; At 1.21-22). No sentido da palavra (gr, apostolov ou apostolos) é um enviado, conhecido pela igreja de hoje como um missionário.
2º) O dom de PROFETA (Ef 4.11b; 1Co 12.28b)
No sentido bíblico do AT (gr. profhthv ou prophetes) os profetas eram a boca de Deus aos homens para denunciar o pecado, advertir, anunciar o julgamento divino, a restauração futura e, finalmente, o julgamento dos povos usados como instrumento divino para aplicar o castigo a Israel. E, também, para exortar, consolar, ensinar e aconselhar, com toda a autoridade de quem representa e fala em nome de Deus ao povo. Este ministério findou com João Batista, conforme as palavras de Jesus em Mt 11.13. Mas, Jesus foi e é o ápice deste ministério: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.” (Hb 11.1-2). Portanto, em termos de igreja, os profetas de hoje são os pregadores da Palavra de Deus. “Mas o que profetiza fala aos homens, edificando, exortando e consolando.” (1Co 14.3)
3º) O dom de EVANGELISTA (Ef 4.11c)
O dom de evangelista se caracteriza pela capacitação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo para anunciar o evangelho; expor com clareza e persuasão o caminho da salvação em Jesus. Exemplo disso é o diácono Filipe, o evangelista (At 21.8). Não podemos perder de vista que todo o cristão é chamado a pregar o evangelho e não apenas os que recebem uma capacitação especial.
4º) O dom de PASTOR (Ef 4.11d)
O dom de pastor se caracteriza pela capacitação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo para “cuidar”, “apascentar” o rebanho de Deus. O dom de pastor não deve ser confundido com o ofício de pastor de uma igreja. Enquanto o dom de evangelista é usado para alcançar os não convertidos, o dom de pastor para cuidar dos convertidos.
5º) O dom de MESTRE (Ef 4.11; Rm12.7b; 1Co 12.28c)
O dom de mestre se caracteriza pela capacitação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo para “ensinar” a Palavra de Deus – a Bíblia – a Sã Doutrina. O mestre é aquele que conhece e pratica a Bíblia e é apto, hábil, para transmitir aos outros as verdades bíblicas.
2.2 Dons Operacionais:
(Dons que concedem capacitação sobrenatural para o funcionamento da Igreja.)
6º) O dom de PROFECIA (Rm 12.6; 1Co 12.10b)
O dom de profecia (gr, Propheteia) é a proclamação e exposição de algo novo e importante recebido de Deus, das Sagradas Escrituras, mediante o poder do Espírito Santo, para edificar, exortar e consolar um irmão ou a igreja (1Co 14.3).
7º) O dom de EXORTAÇÃO (Rm 12.8a)
O dom de exortação se caracteriza pela capacitação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo para convencer, persuadir, aconselhar, animar, encorajar alguém a seguir determinada conduta, principalmente os valores da vida cristã.
8º) O dom de GOVERNO (Rm 12.8c; 1Co 12.28g)
O dom de governo se caracteriza pela capacitação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo para presidir e liderar.
9º) O dom de MINISTÉRIO ou SERVIÇO (Rm 12.7a)
O dom de ministério ou serviço (gr, diakonia) se caracteriza pela capacitação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo para servir a igreja, os irmãos ou o próximo, nas múltiplas oportunidades e situações que se nos oferecem no cotidiano.
10º) O dom de MISERICÓRDIA (Rm 12.8d)
O dom de misericórdia se caracteriza pela capacitação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo para exercer misericórdia, aliviando a aflição e o sofrimento, perdoando os faltosos.
11º) O dom de SOCORROS (1Co 12.28f)
O dom de socorros se caracteriza pela capacitação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo para auxiliar, ajudar, suportar a carga de outros.
12º) O dom de CONTRIBUIR (Rm 12.8b)
O dom de contribuir se caracteriza pela capacitação sobrenatural concedida pelo Espírito Santo para dar, repartir, recursos financeiros e outras bênçãos recebidas de Deus. Vale lembrar que“Deus dá! O Diabo rouba! O homem retém!” (quanto ao homem, essa é a sua tendência).
2.3 Dons de Revelação:
(Dons que concedem capacitação sobrenatural para saber.)
13º) O dom da PALAVRA DE SABEDORIA (1Co 12.8a)
O dom da Palavra de Sabedoria (gr, Logos Sophia) se caracteriza pela comunicação de uma palavra (logos) de sabedoria a outros, revelada mediante a operação sobrenatural do Espírito Santo. Tal palavra aplica a sabedoria da Palavra de Deus ou a sabedoria do Espírito Santo a uma situação ou problema específicos.
14º) O dom da PALAVRA DE CONHECIMENTO (1Co 12.8b)
O dom da Palavra de Conhecimento (gr, Logos Gnôsis) se caracteriza pela comunicação de uma palavra (logos) a outros, mediante a operação sobrenatural do Espírito Santo, revelando conhecimento a respeito de pessoas, de fatos, de circunstâncias, ou de verdades bíblicas.
15º) O dom de DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS (1Co 12.10c)
O dom de discernimento de espíritos (gr, Diakriseis Pneumaton) é a capacidade sobrenatural, conferida pelo Espírito Santo, para identificar se determinada manifestação tem origem divina ou satânica ou humana.
2.4 Dons de Poder:
(Dons que concedem capacitação sobrenatural para agir.)
16º) O dom da FÉ (1Co 12.9a)
O dom da fé (gr, Pistis) se caracteriza por uma profunda e sobrenatural convicção e certeza, inoculadas pelo Espírito Santo, de algo a ser realizado que seja proveitoso para a igreja, para o reino de Deus ou para pessoas que Deus queira abençoar.
17º) Os dons de CURAR (1Co 12.9b; 1Co 12.28e)
Os dons de curar (gr, Carismata Iamaton) se caracterizam por um poder sobrenatural, outorgado pelo Espírito Santo, para o restabelecimento imediato da saúde de pessoas enfermas alcançadas pela misericórdia de Deus, para a glória de Deus, para testemunho do Evangelho e para bênção da Igreja de Cristo.
18º) O dom de OPERAÇÃO DE MILAGRES (1Co 12.10a; 1Co 12.28d)
O dom de operação de milagres (gr, Energemata Dynameon) é uma intervenção sobrenatural nas leis da natureza ou no mundo, mediante o poder do Espírito Santo.
2.5 Dons de Comunicação:
(Dons que concedem capacitação sobrenatural para se comunicar.)
19º) O dom de LÍNGUAS (1Co 12.10d; 1Co 12.28h)
O dom de variedade de línguas é a capacidade sobrenatural, conferida pelo Espírito Santo, para falar em outra língua desconhecida para quem fala.
20º) O dom de INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS (1Co 12.10e)
O dom de interpretação de línguas é a capacidade sobrenatural, conferida pelo Espírito Santo, para se interpretar outra língua, desconhecida para quem fala e para que a interpreta.
Conclusão:
A presença de sinais e prodígios não é garantia da manifestação do poder do Espírito Santo: “porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos.” (Mt 24.24). Por outro lado, a ausência de sinais também não é garantia de um status espiritual superior, de mais equilíbrio, de doutrina correta. Pode ser até um sintoma de apostasia, de vida em pecado e consequente afastamento de Deus. De fato, a questão é que a igreja não pode prescindir da ação e do poder do Espírito Santo!
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Síntese: Os 20 dons do Espírito Santo.pdf
Muito bem esquematizado. Parabéns!
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Bom dia Paulo. Estou desde 5.00 da manhã estudando este rico material de estudo, elaborado de forma excelente. Comecei com a mensagem que você me enviou via zap e fui buscando, buscando e encontrei maravilhas. Tentei enviar para o meu email, porque estou lendo no meu telefone, mas gostaria de imprimir todas as ricas lições e mandar encadernar este excelente material.MEUS PARABÉNS!
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Excelente conteúdo meu irmão!
Que o Senhor continue lhe instruindo e capacitando através do poder do Espírito Santo para que esse estudo possa edificar os santos e a Igreja.
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Parabéns pelo artigo.
Outro dia também achei um artigo na mesma linha aqui
https://deuspai.com.br/espirito-santo.html
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